Exército responde com lei do silêncio a pedidos do MP
Quando o assunto é investigações sobre Ditadura Militar, general do Exército impôs lei do silêncio aos seus quarteis. Entenda
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2014 às 14h54.
São Paulo - Enquanto o Ministério Público trabalha para esclarecer os crimes cometidos durante o regime militar (1964-1988), no Exército reina a lei do silêncio. Ou pelo menos é isso que um general impôs a seus quartéis.
Segundo o Procurador da República Sérgio Suiama, do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ), o silêncio tem sido resposta constante aos seus pedidos ao Exército .
O motivo seria uma determinação do comandante do Exército, general Enzo Peri, para que todos os posicionamentos sobre a Ditadura Militar fossem concentrados em seu gabinete.
"Quando você pede qualquer documento para o Exército, ele apresenta uma resposta padrão de que a solicitação deve ser feita ao comando geral do Exército pelo Procurador Geral da República", diz Suiama.
Ele conta que, durante uma das investigações sobre crimes cometidos na ditadura , pediu ao Hospital Central do Exército o prontuário de Raul Amarao, que morreu nas dependências do hospital, após ser preso, em 1971. Recebeu a mesma resposta, de que o pedido deveria ser feito ao comando geral.
"Quando insisti dizendo que o diretor do hospital poderia responder por desobediência ao se negar a fornecer informações para uma investigação, recebi um ofício datado em que o general Enzo Peri determinava quequalquer solicitação sobre o assunto fosse respondida exclusivamente por seu gabinete", conta.
A decisão se refere a todos os pedidos feitos por todas as esferas do poder executivo, pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública e missivistas que tenham relação ao período entre 1964 e 1985. Veja o documento ao final.
O procurador afirmou que está pedindo à Procuradoria Geral da República para que entre com uma representação contra o comandante Enzo Peri.
"Por que o comando geral do Exército, em pleno período democrático, revoga o direito à informação? É lamentável que um orgão que deveria estar comprometido em esclarecer estes casos o mais rápido possível fique impondo obstáculos à Justiça", diz Suiama.