Excluir alimento da inflação não reduzirá juros, diz pesquisador da FGV
Embora considere válida a discussão, o professor Armando Castelar lembra que esses preços são voláteis, ou seja, do mesmo jeito que sobem, eles descem
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2010 às 11h54.
São Paulo - A ideia do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, de criar um índice de inflação sem os preços voláteis de alimentos e combustíveis é valida do ponto de vista técnico. Porém, a simples adoção desse núcleo como meta de inflação não garante juros menores, pois nem sempre ele será menor do que o índice cheio.
A avaliação é do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Armando Castelar, que participou nesta sexta-feira (26) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.
“A ideia básica é que a alta (no preço dos alimentos) seja revertida, ou seja, do mesmo jeito que ela é maior agora, ela será menor amanhã. Expurgar ou não esses preços não é uma coisa que vá ter impacto na taxa de juros no médio prazo. Se a tendência fosse de um aumento continuado (do preço dos alimentos), não faria sentido expurgar, pois você estaria subestimando a verdadeira inflação”, diz Castelar
O debate ressurge no Brasil num momento em que os preços dos alimentos estão elevados, ou seja, a diferença entre o núcleo (sem alimentação e combustível) e o índice cheio é grande. Porém, quando esses preços caem, essa diferença fica insignificante.
O professor lembra que os Estados Unidos usam o núcleo como referência, mas não há meta de inflação. Na Inglaterra e na União Europeia, onde tem meta, usa-se o índice cheio.
“O índice cheio para a população é muito mais transparente e o Banco Central do Brasil já acompanha os núcleos”, salienta Castelar.
Na entrevista (clique na imagem ao lado para ouvir o programa “Momento da Economia”) , o pesquisador do Ibre avalia se o Brasil já tem maturidade suficiente para buscar uma meta de inflação menor e comenta o nível de indexação da economia.