O deputado Eduardo Cunha é líder do PMDB na Câmara (Gustavo Lima/Câmara)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2013 às 13h59.
São Paulo – Investigados pela Polícia Civil fluminense por um esquema milionário de sonegação fiscal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o filho do ministro de Minas e Energia senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA) e o empresário Ricardo Magro foram alertados sobre os grampos telefônicos da investigação pelo procurador-geral do Ministério Público do Rio à época, Cláudio Lopes. A informação é da própria Polícia Civil do Rio e foi publicada em reportagem da Revista Veja desta semana.
A revista teve acesso a um relatório secreto de 35 páginas escrito pela Polícia Civil em 2009, logo depois da interrupção das investigações devido ao vazamento sobre os grampos. De acordo com o documento, durante oito meses a polícia seguiu, filmou e grampeou os dois políticos, o empresário e outras dez pessoas ligadas a eles, flagrando conversas comprometedoras e encontros em viagens e shows que evidenciam o elo entre Cunha, Lobão Filho e Magro.
Porém, diz a revista, subitamente os suspeitos pararam de se falar ao telefone, e as investigações não tinham mais como avançar. Ainda de acordo com o relatório citado por Veja, em setembro de 2009 o então procurador-geral do MP do Rio pediu ao promotor David Francisco de Faria, no comando da Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal, que lhe entregasse os autos do inquérito ainda em curso. Pouco tempo depois de receber a papelada, Cláudio Lopes ligou de seu celular para Eduardo Cunha.
A ligação não foi gravada, mas ficou registrada na conta de celular do procurador-geral, diz a reportagem. Mais tarde, Cunha seria visto entrando na sala do procurador e, em seguida, ligou para Magro sugerindo que os dois se comunicassem por MSN. A revista diz que, de acordo com o relatório da Polícia, Cunha teve acesso aos autos do inquérito e soube da interceptação telefônica. Ricardo Magro é dono da Refinaria de Manguinhos, na Zona Norte carioca, e já se envolveu em outros escândalos.
Segundo a Veja, Magro, Cunha e Lobão Filho juram inocência. Lopes, cujo mandato terminou em 2012, também, mas não explica o que falou a Cunha em seu gabinete. O procurador-geral da República pode agora processar o ex-procurador-geral do MP do Rio por vazamento de informação sigilosa. Um inquérito sobre o grupo está sob análise do Supremo Tribunal Federal.