Ex-procurador rebate Janot e afirma que não agiu por "ganância"
Declaração rebate o ex-procurador-geral da República que afirmou que Miller "já não estava mais na equipe quando fez as besteiras que fez"
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de novembro de 2017 às 08h54.
Brasília - Na mira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, o ex-procurador da República Marcello Miller disse que "não recebeu remuneração da J&F por nenhuma atividade" relativa à empresa e que não agiu por ganância.
A manifestação é uma reação à entrevista do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot ao jornal O Estado de S. Paulo, na qual ele disse que Miller "já não estava mais na equipe quando fez as besteiras que fez" e que avalia que o ex-colega agiu "por uma ganância".
"Nada fiz por ganância: nem ir para a advocacia privada, nem preparar seu exercício em favor da J&F, depois de pedir exoneração do MPF", rebateu Miller. Para ele, Janot poderia "se lembrar" que ele é um cidadão e que "tem direitos".
"Suposições vazias e adjetivações sem substância não contribuem para uma discussão sóbria", disse Miller. "Trata-se de questões relevantes para a vida de um cidadão que - abstraída sua condição de ex-membro do MPF, muito tendo dado de si à instituição - tem direitos. Quem exerceu por quatro anos o cargo de procurador-geral da República poderia lembrar-se disso", afirmou.
Segundo Miller é, "no mínimo, escassez de análise" o fato de Janot ter "reduzido à ganância o desejo de participar do que seria um dos maiores projetos de remediação de empresas jamais empreendidos". O Grupo J&F firmou o maior acordo de leniência do mundo, em valores absolutos. Miller disse que o dinheiro que recebeu na advocacia privada foi "estritamente" previsto em contrato, "sem nenhum acréscimo em razão de cliente algum".
O ex-procurador está no centro da crise que atingiu a Procuradoria-Geral da República, suspeito de atuar nos dois lados do balcão e orientar a J&F quando ainda era do MPF.
Esta é a primeira resposta direta de Miller a uma menção a seu nome. Desde que o imbróglio envolvendo a delação da J&F veio à tona, ele se manifestou em um artigo e por meio de seus advogados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.