Carli Filho: "Eu sou culpado, mas nunca tive a intenção de matar ninguém. Eu errei, eu bebi, eu dirigi" (Marcelo Elias/Gazeta do Povo/VEJA)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de fevereiro de 2018 às 15h33.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2018 às 15h36.
Curitiba - O ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho admitiu a culpa pela morte de dois jovens no acidente provocado por ele em maio de 2009. Durante o seu depoimento no primeiro dia de julgamento em Curitiba, em que ele responde por homicídio com dolo eventual, ele disse estar arrependido e chegou a pedir desculpas para as mães das duas vítimas.
"Eu sou culpado, mas nunca tive a intenção de matar ninguém. Eu errei, eu bebi, eu dirigi. Eu sei que nunca tive a oportunidade de pedir desculpas para a dona Christiane e para a dona Vera, quero pedir desculpas. Quero do fundo do meu coração", disse Carli no encerramento do primeiro dia do júri, na noite de terça-feira, 27.
O julgamento ocorre após nove anos, uma vez que a defesa do ex-deputado chegou a apresentar 33 recursos, o último deles ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, na tentativa de tirar o júri de Curitiba. Carli Filho está sendo julgado por ter provocado a morte de Gilmar Rafael Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos, na noite de 7 de maio de 2009, em um acidente de trânsito no bairro Mossunguê, em Curitiba. O ex-deputado estava dirigindo embriagado e a 173 km/hm, de acordo com a acusação.
O julgamento recomeçou na manhã desta quarta-feira, 28, com a exposição do promotor Marcelo Balzer, que levantou a questão da ausência da imagens dos radares por onde passou o carro de Carli Filho, na noite do acidente. Balzer lembrou que Carli não poderia estar dirigindo, uma vez que estava com a carteira cassada. Mas, segundo o promotor, ele o fez com a certeza da impunidade, uma vez que mesmo alertado pelo amigo e pelo garçom, insistiu em dirigir.
Um dos pontos ressaltados pelo promotor foi a tentativa da defesa de tentar inverter a culpabilidade pelo acidente, de que os jovens teriam cruzado a preferencial. "Se não bastasse a dor do luto, a família precisa conviver com a revolta", disse Balzer.
O próprio Carli Filho desconstruiu a tese da sua defesa ao declarar em seu depoimento, no primeiro dia: "Eu quero dizer aqui para quem vai me julgar, para quem está me ouvindo, que eu sou culpado. Eu assumo minha parcela de culpa em tudo o que aconteceu. Mas eu jamais tive a intenção de matar alguém naquela noite", afirmou no plenário do tribunal.
O júri é formado por cinco mulheres e dois homens. A expectativa é de que a decisão seja anunciada ainda nesta quarta-feira. A pena de Carli pode ser até de 20 anos de prisão, no entanto, mesmo que seja condenado, ele não deverá ir imediatamente para a cadeia, porque poderá recorrer à segunda instância em liberdade.