Antonio Palocci: o ex-ministro exerceu mandato de deputado federal pelo PT entre 1999 e 2011 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de abril de 2017 às 16h41.
Última atualização em 20 de abril de 2017 às 16h42.
São Paulo - O ex-assessor de Antonio Palocci, Branislav Kontik, o Brani, revelou nesta quinta-feira, 20, ao juiz federal Sérgio Moro que o ex-ministro dos governos Lula e Dilma recebeu o empreiteiro Marcelo Odebrecht na Câmara dos Deputados.
Palocci exerceu mandato de deputado federal pelo PT entre 1999 e 2011.
Réu em ação penal ao lado de Palocci sobre propinas milionárias da Odebrecht destinadas ao PT - pelo menos R$ 128 milhões, indica planilha da empreiteira - Brani disse que Palocci se encontrou também com Alexandrino Alencar, outro executivo do Grupo ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Marcelo Odebrecht foi preso em junho de 2015 na Lava Jato.
Para escapar da prisão ele fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.
O empreiteiro delator revelou uma longa rotina de malfeitos patrocinados por sua Odebrecht - outros 76 executivos do grupo seguiram o mesmo caminho do antigo líder.
Brani foi braço direito de Palocci na Câmara e depois na Casa Civil e, mais tarde, na empresa de consultoria Projeto - por meio da qual o ex-ministro fechou contratos milionários com empresas e bancos.
Moro seguiu com o interrogatório.
"O sr. Antonio Palocci teve contatos com executivos ou agentes do Grupo Odebrecht?"
"Sim."
"Esses contatos eram frequentes?"
"Não eram muito frequentes, mas existiam."
"Esses contatos se deram no período em que ele exercia mandato parlamentar?"
"Sim, no período sim."
"Período em que era chefe da Casa Civil?"
"Desconheço."
"E depois que passou a exercer atividades privadas?"
"Também teve alguns contatos."
"O sr. Antonio Palocci efetivamente se encontrava com executivos do grupo Odebrecht?", insistiu Moro.
"Sim, alguns encontros", respondeu o ex-braço direito de Palocci.
"Que executivos, por exemplo?"
"Sr. Alexandrino e o sr. Marcelo."
"Mais alguém?"
"Talvez o sr. Emílio (Odebrecht)".
"Esses encontros ocorreram no período do mandato parlamentar (de Palocci) se davam onde?"
"Olha, ou no escritório em São Paulo ou talvez, raras vezes, na própria Câmara."
"O sr. Marcelo Odebrecht foi alguma vez ao escritório (da Projeto, em São Paulo)?", insistiu o juiz.
"Sim."
"Mais de uma vez?"
"Mais de uma vez."
"E o sr. não participou dos encontros?"
"Nunca participei das reuniões."
O juiz Moro, então, exibiu ao réu um e-mail entre ele e Marcelo Odebrecht. O empreiteiro queria se reunir com Palocci e perguntou a Brani se "o chefe vai estar em São Paulo na sexta ou na segunda".
"O sr. se recorda desse e-mail?", questionou o juiz.
"Não me recordo, já são 6, 7 anos passados."
"Se recorda se efetivamente eles se encontraram?"
"Era comum ele (Odebrecht) ou a secretária entrar em contato."
Brani disse que "não tem conhecimento" de negociação por contribuições financeiras entre Palocci e o empresário.
Também afirmou que nunca transportou dinheiro em espécie.