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Evento para Bolsonaro em Miami tem mesas vazias e menos de 100 empresários

O presidente negou que haja uma crise com a reação dos mercados ao preço do petróleo e disse que "muita coisa é fantasia", ao falar sobre coronavírus

Jair Bolsonaro: presidente está em viagem aos Estados Unidos (Marco Bello/Reuters)

Jair Bolsonaro: presidente está em viagem aos Estados Unidos (Marco Bello/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de março de 2020 às 14h45.

O último evento do presidente da República, Jair Bolsonaro, na visita a Miami, nos Estados Unidos, estava marcado para começar às 9h30 (de Brasília) desta terça-feira, 10. Às 9h40, seis das 25 mesas reservadas a empresários e investidores ainda estavam completamente vazias.

Ao chegar, o presidente fez um discurso para menos de 100 convidados, no qual negou que haja uma crise com a reação dos mercados à queda violenta no preço dos barris de petróleo e disse que "muita coisa é fantasia", ao falar sobre coronavírus.

Alguns integrantes da comitiva presidencial sentaram nas mesas ao fundo, ainda vazias, quando Bolsonaro começou a discursar.

A conferência desta terça-feira foi organizada pelo empresário Alvaro Garnero que, junto com o pai, articulam o apoio ao presidente nos Estados Unidos desde antes da eleição.

A plateia tinha analistas de investimentos, o ex-lutador de UFC Vitor Belfort, o ex-piloto Emerson Fittipaldi, e alguns empresários que já haviam comparecido no dia anterior, em evento com o presidente organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex.

Fittipaldi e Belfort também já haviam encontrado Bolsonaro nos eventos prévios realizados desde domingo.

Analistas presentes na reunião com empresários comentavam nos bastidores que não encontraram nomes do alto escalão de grandes empresas entre os convidados.

A agenda da visita à Miami foi confirmada de última hora, mas já havia sido ensaiada pelo Planalto desde o ano passado. Bolsonaro teve o voto de 90% dos eleitores brasileiros na Flórida no segundo turno das eleições de 2018.

Quilombolas

No evento, o presidente afirmou que não irá demarcar mais terras quilombolas no país, apesar dos 900 pedidos que existem hoje prontos para serem assinados, assim como não ampliará as demarcações de terras indígenas.

Segundo o presidente, as demarcações de terras quilombolas foram uma invenção de governos de esquerda para "atrapalhar o Brasil".

"Os governos de esquerda descobriram outras formas de atrapalhar o Brasil, com comunidades quilombolas. Com todo respeito que temos àqueles que vieram para o Brasil e foram escravizados, abominamos a escravidão, graças a Deus não existe mais no Brasil. Mas essas demarcações de terras quilombolas, têm 900 na minha frente para serem demarcadas, não pode ocorrer. Somos um só povo, uma só raça", afirmou.

O Brasil tem hoje 206 terras quilombolas tituladas pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), responsável pelas demarcações, e 977 processos de demarcação estão abertos apenas na região Nordeste.

Bolsonaro voltou a dizer que existe uma "indústria de demarcações" no Brasil e que não irá mais fazer demarcações também de terras indígenas.

"Nossa Amazônia sofreu de 1992 para cá uma verdadeira indústria da demarcação de terras indígenas. Hoje em dia o Brasil tem 14% de seu território demarcado em terras indígenas. Ninguém tem isso no mundo", discursou. "Alguns países da Europa queriam que chegasse a ser 22%. Isso não será realizado, o Brasil mudou, a Amazônia é nossa e vamos lutar por ela."

O que chama de excesso de áreas indígenas é uma das críticas constantes do presidente à situação da Amazônia. Recentemente, o governo enviou ao Congresso um projeto que abre as terras indígenas para exploração comercial de mineração, energia, petróleo e agricultura e pecuária.

Bolsonaro defende que há "milhares de riquezas" sob o solo nessas regiões e isso precisa ser explorado.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

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