EUA terão que reforçar presença na África
Obama nega uma nova Guerra Fria em relação ao continente africano, mas analistas consideram que sua visita é uma resposta à do presidente chinês Xi Jinping
Da Redação
Publicado em 2 de julho de 2013 às 16h44.
Washington - Os Estados Unidos têm um longo caminho a percorrer na África para renovar sua cooperação com um continente em pleno desenvolvimento e fazer frente à crescente influência chinesa, apesar do simbolismo e da importância histórica da viagem de Barack Obama, dizem analistas.
Apesar de Obama negar a existência de uma nova Guerra Fria em relação ao continente africano, inúmeros analistas consideraram nesta terça-feira que sua visita era uma resposta à do presidente chinês Xi Jinping em março.
"Esta visita se insere em um contexto de uma concorrência estratégica entre os Estados Unidos e a China", declarou à AFP o analista sul-africano Aubrey Matshiqi, da Fundação Helen Suzman.
Segundo este especialista, "Washington compreendeu perfeitamente que os países que não aproveitam as novas oportunidades africanas (...) ficarão para trás".
Obama, cujo pai era queniano, só tinha feito uma visita à África desde sua eleição em 2008, durante uma breve escala em Gana. Desta vez, passou uma semana entre Senegal, África do Sul e Tanzânia.
De acordo com o editorial do jornal Le Pays de Burkina Fasso, esta "ofensiva" foi "ditada pela vantagem obtida pela China no comércio e, sobretudo, em setores tão importantes como as minas e a energia".
A China, cujo crescimento se baseia em uma indústria que consume muita energia, assinou vários contratos com os países africanos e suas trocas comerciais superaram 200 bilhões de dólares no ano passado.
Embora tenha sido considerado positivo o interesse que os países emergentes têm no continente africano, Obama lamentou a natureza dos contratos. "A África se encontra, com frequência na posição de um simples exportador de matérias primas, sem valor agregado", disse.
Depois de afirmar que seu país não necessitava da energia africana, Obama prometeu relações de igual para igual, "baseadas no comércio e na associação".
Além de anunciar um plano de 7 bilhões de dólares de cinco anos, destinado a "duplicar o acesso à eletricidade na África subsaariana", o presidente norte-americano convidou os dirigentes africanos a uma cúpula em Washington em 2014, a primeira deste tipo.
A China organiza reuniões similares há dez anos.
"Obama e os outros presidentes norte-americanos não decidem onde as empresas norte-americanas investirão", minimizou o sul-africano Steve Friedman, chefe do Centro para a Democracia, no jornal The New Age, com a manchete "a visita de Obama não é um remédio milagroso".
Os africanos apreciaram que o primeiro presidente negro dos Estados Unidos encontrou o tom adequado para se referir a Nelson Mandela, hospitalizado em estado crítico, a poucos dias de completar 95 anos.
"Ao dizer que Nelson Mandela e a luta de nosso povo o inspiraram e inspiraram o mundo, mostrou que nosso país continua sendo um símbolo de esperança e tenacidade", disse Jackson Mthembu, porta-voz do partido no poder na África do Sul, o Congresso Nacional Africano.
"Obama criticou os dirigentes africanos que não se colocam a serviço de seu povo", mas quer "deter quem fala dos direitos humanos, como Edward Snowden", acusado de espionagem por suas revelações sobre os programas norte-americanos de vigilância das telecomunicações, afirmou Leroy Sikakane, um sul-africano de 25 anos que assistiu a chegada do avião presidencial na sexta-feira.
Sikakane explicou que seu amor por Obama "está baseado simplesmente no fato de que é um presidente negro. Nossa pele é da mesma cor", explicou.
As reticências do presidente norte-americano em visitar o Quênia, cujo presidente é acusado de crimes de guerra, ou a Nigéria, onde a corrupção é endêmica, também geraram críticas nesses países.
Washington - Os Estados Unidos têm um longo caminho a percorrer na África para renovar sua cooperação com um continente em pleno desenvolvimento e fazer frente à crescente influência chinesa, apesar do simbolismo e da importância histórica da viagem de Barack Obama, dizem analistas.
Apesar de Obama negar a existência de uma nova Guerra Fria em relação ao continente africano, inúmeros analistas consideraram nesta terça-feira que sua visita era uma resposta à do presidente chinês Xi Jinping em março.
"Esta visita se insere em um contexto de uma concorrência estratégica entre os Estados Unidos e a China", declarou à AFP o analista sul-africano Aubrey Matshiqi, da Fundação Helen Suzman.
Segundo este especialista, "Washington compreendeu perfeitamente que os países que não aproveitam as novas oportunidades africanas (...) ficarão para trás".
Obama, cujo pai era queniano, só tinha feito uma visita à África desde sua eleição em 2008, durante uma breve escala em Gana. Desta vez, passou uma semana entre Senegal, África do Sul e Tanzânia.
De acordo com o editorial do jornal Le Pays de Burkina Fasso, esta "ofensiva" foi "ditada pela vantagem obtida pela China no comércio e, sobretudo, em setores tão importantes como as minas e a energia".
A China, cujo crescimento se baseia em uma indústria que consume muita energia, assinou vários contratos com os países africanos e suas trocas comerciais superaram 200 bilhões de dólares no ano passado.
Embora tenha sido considerado positivo o interesse que os países emergentes têm no continente africano, Obama lamentou a natureza dos contratos. "A África se encontra, com frequência na posição de um simples exportador de matérias primas, sem valor agregado", disse.
Depois de afirmar que seu país não necessitava da energia africana, Obama prometeu relações de igual para igual, "baseadas no comércio e na associação".
Além de anunciar um plano de 7 bilhões de dólares de cinco anos, destinado a "duplicar o acesso à eletricidade na África subsaariana", o presidente norte-americano convidou os dirigentes africanos a uma cúpula em Washington em 2014, a primeira deste tipo.
A China organiza reuniões similares há dez anos.
"Obama e os outros presidentes norte-americanos não decidem onde as empresas norte-americanas investirão", minimizou o sul-africano Steve Friedman, chefe do Centro para a Democracia, no jornal The New Age, com a manchete "a visita de Obama não é um remédio milagroso".
Os africanos apreciaram que o primeiro presidente negro dos Estados Unidos encontrou o tom adequado para se referir a Nelson Mandela, hospitalizado em estado crítico, a poucos dias de completar 95 anos.
"Ao dizer que Nelson Mandela e a luta de nosso povo o inspiraram e inspiraram o mundo, mostrou que nosso país continua sendo um símbolo de esperança e tenacidade", disse Jackson Mthembu, porta-voz do partido no poder na África do Sul, o Congresso Nacional Africano.
"Obama criticou os dirigentes africanos que não se colocam a serviço de seu povo", mas quer "deter quem fala dos direitos humanos, como Edward Snowden", acusado de espionagem por suas revelações sobre os programas norte-americanos de vigilância das telecomunicações, afirmou Leroy Sikakane, um sul-africano de 25 anos que assistiu a chegada do avião presidencial na sexta-feira.
Sikakane explicou que seu amor por Obama "está baseado simplesmente no fato de que é um presidente negro. Nossa pele é da mesma cor", explicou.
As reticências do presidente norte-americano em visitar o Quênia, cujo presidente é acusado de crimes de guerra, ou a Nigéria, onde a corrupção é endêmica, também geraram críticas nesses países.