Estados apuram benefícios fiscais concedidos à JBS
O movimento pode ganhar abrangência nacional após os executivos terem admitido o pagamento de propina em troca de favores relacionados ao ICMS
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de maio de 2017 às 09h27.
Última atualização em 31 de maio de 2017 às 09h29.
Autoridades de pelo menos seis Estados - São Paulo, Minas Gerais Goiás, Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul - estão passando um pente-fino sobre os incentivos fiscais concedidos à JBS .
Conforme levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, em três deles, o valor fiscal discutido já soma R$ 3,3 bilhões, considerando apenas dados abertos.
Esse, no entanto, é um movimento que pode ganhar abrangência nacional após os executivos terem admitido o pagamento de propina a governadores, em troca de favores relacionados ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Mesmo que os processos se arrastem na Justiça, o impacto no balanço da empresa tende a ser rápido, uma vez que tributaristas desconfiam que o valor provisionado para perdas tributárias pode estar subestimado.
No formulário de referência de 2016, a JBS afirma ter 1,3 mil processos administrativos e judiciais de natureza tributária. O provisionamento citado é de cerca de R$ 115 milhões para suportar o pagamento de possíveis perdas desses processos.
Independentemente dos processos para cobrar impostos, os Estados podem acabar já com os benefícios fiscais. O que terá impacto imediato sobre as finanças do grupo no dia a dia.
Ação
Isso já aconteceu, por exemplo, em Mato Grosso, onde está a maior operação nacional no negócio de bovinos. No Estado, foi ajuizada, em 2014, uma ação de improbidade administrativa por suposta concessão indevida de créditos de ICMS à JBS no valor de R$ 73,6 milhões.
A condenação da companhia foi de ressarcimento do dano causado ao erário, além do pagamento de multa civil de R$ 735,6 mil, ou 1% dos danos materiais supostamente arcados por Mato Grosso. A companhia recorre da decisão.
Em Goiás, uma promotora instaurou inquérito civil público para apurar a aprovação de uma lei que supostamente beneficiou indevidamente a JBS. Consta do inquérito que a JBS devia cerca de R$ 1,3 bilhão ao Estado, mas teve sua dívida reduzida para R$ 320 milhões.
Do grupo J&F, a dívida com o fisco paulista inclui R$ 646,095 milhões, em valores atuais, da Bertin, empresa que foi incorporada pela JBS. Mais R$ 21,699 milhões da Seara e outros R$ 175,163 milhões no CNPJ da JBS. O passivo pode ser ainda maior, uma vez que podem existir processos em julgamento.
A JBS não respondeu ao questionamento sobre os montantes das dívidas da empresa referente ao ICMS e outros detalhes. Por telefone, sua assessoria de comunicação disse apenas que as informações são aquelas já publicadas em seus relatórios financeiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.