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Esquerda se solidariza com José Dirceu

O PCdoB, por exemplo, qualificou como "vergonhosa" a condenação do ex-ministro por corrupção ativa

José Dirceu: personalidades da cultura que militam no campo socialista também expressaram solidariedade a Dirceu, como fez o escritor Fernando Morais (Victor Soares/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2012 às 13h34.

Brasília - A esquerda se solidarizou nesta quarta-feira com o ex-ministro José Dirceu , um dos homens mais poderosos no primeiro mandado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na terça-feira foi condenado por corrupção ativa pelo Superior Tribunal Federal.

"É de extrema gravidade o que ocorreu na terça-feira, 9 de outubro, que passa à história do Brasil como o dia da vergonha nacional", afirmou o secretário de Comunicação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), José Reinaldo Carvalho, em uma nota publicada no Portal Vermelho.

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Dirceu, um dos líderes mais importantes da esquerda, foi ministro da Presidência durante o primeiro mandato de Lula e nesta terça-feira, o Supremo o responsabilizou por uma rede que subornou deputados de quatro partidos entre 2002 e 2005.

Junto com Dirceu, foram condenados por corrupção ativa o ex-presidente do PT, José Genoíno, atual assessor do Ministério de Defesa, e o antigo tesoureiro dessa formação, Delúbio Soares.

Carvalho respaldou a tese do PT, partido que pertencem Lula, Dirceu e a presidente, Dilma Rousseff, e afirmou que a acusação contra o ex-ministro foi "improcedente, baseada em mentiras e em declarações de efeito".

Dessa maneira, segundo o dirigente do PCdoB, foram dados a uma "imprensa furibunda os elementos de agitação política e alimentaram os sonhos de uma oposição fracassada e sem bandeiras".

O PT ainda não se pronunciou oficialmente, mas deve fazer isso nesta quarta, após uma reunião de sua direção nacional que foi convocada na sede do partido, em São Paulo.

No entanto, vários de seus dirigentes reagiram contra o Supremo e, embora dissessem "respeitar" a sentença, a qualificaram de "política" e "injusta".


O chefe do grupo parlamentar do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto, afirmou que se trata de "uma tremenda injustiça", mas apontou que "neste momento de tristeza", não cabe outra atitude ao partido senão "respeitar" a decisão.

Lula ainda não fez nenhum comentário público sobre a decisão judicial que condena quem foi sua "mão direita" na época do escândalo, mas a imprensa local sustenta que teve reuniões privadas com vários dirigentes do PT, onde qualificou a condenação de "hipócrita".

Os meios de imprensa também sustentam que Lula pediu ao PT "para passar à ofensiva" e a defender as conquistas sociais de seu governo, assim como a tese que durante sua gestão, a corrupção foi enfrentada como "nunca havia sido feito no país".

Personalidades da cultura que militam no campo socialista também expressaram solidariedade a Dirceu, como fez o escritor Fernando Morais, que há meses trabalha em um livro sobre a vida do ex-ministro.

"É uma injustiça", declarou Morais, que considerou que "Dirceu não foi julgado, e sim o primeiro trabalhador que chegou à Presidência do Brasil e seu governo", em uma clara alusão a Lula.

A oposição, por sua parte, reagiu de forma morna, embora contundente, em alguns casos.

O chefe do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Álvaro Dias, disse que a condenação de Dirceu "deixa uma mancha indelével na história do PT, que terá que conviver com esse escândalo para sempre".

José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, que disputará o segundo turno das eleições com Fernando Haddad, do PT, levou o assunto ao campo eleitoral e declarou que seu adversário "afirma que Dirceu era um anjo", que o assunto foi "uma invenção" e que "não houve nada do que o Supremo está julgando".

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