Escândalo de Havelange e Teixeira teve sócios de Rosell
Associados do catalão foram intermediários no maior escândalo de corrupção na Fifa, segundo documentos e registros oficiais
Da Redação
Publicado em 15 de outubro de 2013 às 10h32.
Zurique - Documentos e registros oficiais de empresas revelam que associados de Sandro Rosell foram intermediários no maior escândalo de corrupção na Fifa , com o pagamento de propinas a Ricardo Teixeira e João Havelange pela empresa de marketing ISL.
Rosell foi até mesmo um dos diretores da ISL Espanha, subsidiária da empresa acusada na Suíça de ter sido usada como um banco paralelo dos cartolas brasileiros na Fifa. Foi ainda uma empresa ligada a um sócio de Rosell que pagou a indenização que Teixeira e Havelange tiveram de acertar para encerrar o caso.
Há pouco mais de um mês, o Estado revelou que parte do dinheiro de amistosos do Brasil ia justamente para contas de empresas de Rosell. Novos documentos, porém, revelam que a relação entre Teixeira e Rosell data de muitos anos e que associados ao cartola catalão estiveram implicado em vários outros negócios envolvendo o brasileiro.
O principal caso envolve a criação de um verdadeiro esquema de corrupção dentro da Fifa que acabou gerando as renúncias de Teixeira e mesmo de João Havelange. Segundo a Justiça suíça, ambos fraudaram a entidade máxima do futebol em R$ 40 milhões entre 1992 e 2000 da ISL, a empresa que vendia direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006.
O caso foi mantido em sigilo por dois anos e os cartolas brasileiros pagaram uma multa de US$ 2,45 milhões como devolução dos recursos e como forma de encerrar o caso de forma amistosa com a Fifa. O acordo mantinha seus nomes em sigilo em troca do dinheiro.
Na época, Teixeira foi buscar quem realmente entendia do assunto para lhe defender. O cartola brasileiro contratou o advogado Antenor Madruga para o representar. Madruga, até 2007, havia sido um dos membros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e coordenador da Estratégia Nacional para Combater Corrupção e Lavagem de Dinheiro.
Mas o sigilo não durou e recursos nos tribunais em Lausanne conseguiram a liberação da documentação. Havelange foi obrigado a renunciar do cargo de presidente de honra da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional. Já Teixeira deixou a CBF, a Fifa e foi viver em Miami.
Mas os documentos mantinham ainda em sigilo nomes de outros envolvidos. Segundo os documentos oficiais da Justiça, a pessoa identificada como P5 prestou depoimento na época e indicou que "ele conduziu as transações em nome de Ricardo Terra Teixeira".
US$ 2,4 milhões saíram de um banco de Zurique para a conta 400428 em nome de Ricardo Teixeira em Andorra. De acordo com o documento, "P5 então sacou os pagamentos em dinheiro líquido e os pagou em contas de Ricardo Terra Teixeira".
Dados obtidos pela reportagem revelam agora que a empresa que fez a gestão para a devolução do dinheiro na forma de multas foi a Bon Us SL. A empresa foi quem depositou os US$ 2,5 milhões do acerto entre Teixeira, Havelange e a Fifa.
O dinheiro foi para a conta de Peter Nobel, o advogado pessoal de Joseph Blatter, presidente da Fifa, quem repassou o dinheiro à instituição. Quatro dias depois, mais US$ 100 mil foram repassado de um banco em Andorra para Nobel, supostamente como honorários de advogados.
O presidente da Bon Us não é declarado em documentos oficiais. Mas ela é acionista da sociedade CO-INVEST SP. Z O.O. registrada na Polônia e que tem como um de seus sócios Joan Besoli, sócio por sua vez de Rosell. A trama de relacionamentos não acaba por ai. Besoli também foi o sócio de Rosell na empresa Comptages SL, o escritório que questionou o pedido de Teixeira para ser residente de Andorra.
Besoli é ainda conselheiro de finanças Sant Julia de Loria, uma das cidades de Andorra e, coincidentemente, a mesma na qual Teixeira registrou uma de suas residências, em Xalet Can Xiripa, Aixuverri.
ISL - Mas o envolvimento de Rosell com as empresas ligadas ao escândalo da Fifa não termina com Besoli. Dados oficiais obtidos pela reportagem revelam que o cartola foi um dos dirigentes da ISL, em seu contrato na Espanha. Sua participação teria sido encerrada no dia 13 de maio de 2010, antes de assumir o Barça.
A ISL foi considerada pela Justiça na Suíça como um verdadeiro banco paralelo da Fifa, por onde pagamentos ilegais, corrupção e compra de favores eram financiados. Um dos homens citados nos documentos suíços é Jean Marie Weber. Nos registros na Espanha, ele aparece como sendo vice-presidente da ISL Espanha a partir de 21 de setembro de 1999.
Num documento oficial da Comissão de Ética da Fifa de 29 de abril de 2013, Weber é citado como tendo uma acusação contra ele por corrupção nos tribunais de Zug, na Suíça.
Um ano depois, quem chega à presidência da ISL Espanha é Alejandro Torrado Andreu, outro empresário que por anos trabalhou com Rosell e foi seu sócio. Durante o tempo em que Weber e Rosell fizeram parte da ISL Espanha, a companhia fechou um acordo com a Federação Espanhola de Futebol e com a Associação de Futebol da Argentina liderada por Julio Grondona.
A reportagem tentou falar com Besoli e deixou recados tanto em seu partido político como na sede de sua administração de Finanças de Sant Julia, sem sucesso.
Zurique - Documentos e registros oficiais de empresas revelam que associados de Sandro Rosell foram intermediários no maior escândalo de corrupção na Fifa , com o pagamento de propinas a Ricardo Teixeira e João Havelange pela empresa de marketing ISL.
Rosell foi até mesmo um dos diretores da ISL Espanha, subsidiária da empresa acusada na Suíça de ter sido usada como um banco paralelo dos cartolas brasileiros na Fifa. Foi ainda uma empresa ligada a um sócio de Rosell que pagou a indenização que Teixeira e Havelange tiveram de acertar para encerrar o caso.
Há pouco mais de um mês, o Estado revelou que parte do dinheiro de amistosos do Brasil ia justamente para contas de empresas de Rosell. Novos documentos, porém, revelam que a relação entre Teixeira e Rosell data de muitos anos e que associados ao cartola catalão estiveram implicado em vários outros negócios envolvendo o brasileiro.
O principal caso envolve a criação de um verdadeiro esquema de corrupção dentro da Fifa que acabou gerando as renúncias de Teixeira e mesmo de João Havelange. Segundo a Justiça suíça, ambos fraudaram a entidade máxima do futebol em R$ 40 milhões entre 1992 e 2000 da ISL, a empresa que vendia direitos de transmissão para a Copa de 2002 e 2006.
O caso foi mantido em sigilo por dois anos e os cartolas brasileiros pagaram uma multa de US$ 2,45 milhões como devolução dos recursos e como forma de encerrar o caso de forma amistosa com a Fifa. O acordo mantinha seus nomes em sigilo em troca do dinheiro.
Na época, Teixeira foi buscar quem realmente entendia do assunto para lhe defender. O cartola brasileiro contratou o advogado Antenor Madruga para o representar. Madruga, até 2007, havia sido um dos membros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e coordenador da Estratégia Nacional para Combater Corrupção e Lavagem de Dinheiro.
Mas o sigilo não durou e recursos nos tribunais em Lausanne conseguiram a liberação da documentação. Havelange foi obrigado a renunciar do cargo de presidente de honra da Fifa e do Comitê Olímpico Internacional. Já Teixeira deixou a CBF, a Fifa e foi viver em Miami.
Mas os documentos mantinham ainda em sigilo nomes de outros envolvidos. Segundo os documentos oficiais da Justiça, a pessoa identificada como P5 prestou depoimento na época e indicou que "ele conduziu as transações em nome de Ricardo Terra Teixeira".
US$ 2,4 milhões saíram de um banco de Zurique para a conta 400428 em nome de Ricardo Teixeira em Andorra. De acordo com o documento, "P5 então sacou os pagamentos em dinheiro líquido e os pagou em contas de Ricardo Terra Teixeira".
Dados obtidos pela reportagem revelam agora que a empresa que fez a gestão para a devolução do dinheiro na forma de multas foi a Bon Us SL. A empresa foi quem depositou os US$ 2,5 milhões do acerto entre Teixeira, Havelange e a Fifa.
O dinheiro foi para a conta de Peter Nobel, o advogado pessoal de Joseph Blatter, presidente da Fifa, quem repassou o dinheiro à instituição. Quatro dias depois, mais US$ 100 mil foram repassado de um banco em Andorra para Nobel, supostamente como honorários de advogados.
O presidente da Bon Us não é declarado em documentos oficiais. Mas ela é acionista da sociedade CO-INVEST SP. Z O.O. registrada na Polônia e que tem como um de seus sócios Joan Besoli, sócio por sua vez de Rosell. A trama de relacionamentos não acaba por ai. Besoli também foi o sócio de Rosell na empresa Comptages SL, o escritório que questionou o pedido de Teixeira para ser residente de Andorra.
Besoli é ainda conselheiro de finanças Sant Julia de Loria, uma das cidades de Andorra e, coincidentemente, a mesma na qual Teixeira registrou uma de suas residências, em Xalet Can Xiripa, Aixuverri.
ISL - Mas o envolvimento de Rosell com as empresas ligadas ao escândalo da Fifa não termina com Besoli. Dados oficiais obtidos pela reportagem revelam que o cartola foi um dos dirigentes da ISL, em seu contrato na Espanha. Sua participação teria sido encerrada no dia 13 de maio de 2010, antes de assumir o Barça.
A ISL foi considerada pela Justiça na Suíça como um verdadeiro banco paralelo da Fifa, por onde pagamentos ilegais, corrupção e compra de favores eram financiados. Um dos homens citados nos documentos suíços é Jean Marie Weber. Nos registros na Espanha, ele aparece como sendo vice-presidente da ISL Espanha a partir de 21 de setembro de 1999.
Num documento oficial da Comissão de Ética da Fifa de 29 de abril de 2013, Weber é citado como tendo uma acusação contra ele por corrupção nos tribunais de Zug, na Suíça.
Um ano depois, quem chega à presidência da ISL Espanha é Alejandro Torrado Andreu, outro empresário que por anos trabalhou com Rosell e foi seu sócio. Durante o tempo em que Weber e Rosell fizeram parte da ISL Espanha, a companhia fechou um acordo com a Federação Espanhola de Futebol e com a Associação de Futebol da Argentina liderada por Julio Grondona.
A reportagem tentou falar com Besoli e deixou recados tanto em seu partido político como na sede de sua administração de Finanças de Sant Julia, sem sucesso.