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Erros técnicos e de pilotagem causaram queda do Air France

"Se a tripulação tivesse compreendido bem a situação, poderia ter recuperado a trajetória", afirmou em entrevista coletiva Alain Bouillard

Destroços do avião da Air France: a companhia elogiou o "trabalho minucioso" do BEA e ressaltou que a tripulação estava formada segundo a regulamentação (AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de julho de 2012 às 20h42.

Le Bourget - Uma soma de erros técnicos ligados à medição da velocidade do voo 447 da Air France , que fazia a toda Rio de Janeiro-Paris, confundiu a tripulação, que fez um diagnóstico incorreto e seguiu um protocolo inadequado que provocou a queda do avião, causando a morte de seus 228 ocupantes.

Esta é a principal conclusão do relatório final da análise técnica, apresentada nesta quinta-feira na cidade de Le Bourget, nos arredores da capital francesa, cinco dias antes que da divulgação do resultado da investigação judicial sobre a suposta responsabilidade por homicídio involuntário da companhia aérea Air France e da Airbus, fabricante da aeronave A330.

"Se a tripulação tivesse compreendido bem a situação, poderia ter recuperado a trajetória", afirmou em entrevista coletiva Alain Bouillard, diretor das pesquisas realizadas pelo Escritório de Investigação e Análise francês (BEA) sobre o acidente ocorrido na madrugada de 1º de junho de 2009.

Naquela noite, depois de o avião ter decolado no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, o comandante e os dois copilotos decidiram desviar ligeiramente a trajetória prevista para fugir de uma zona de tempestade.

Depois, em um ponto sem comunicação com terra sobre o oceano Atlântico, a cerca de 1.296 quilômetros de Recife, a aeronave caiu nas águas do Atlântico, causando a morte de 216 passageiros de 32 nacionalidades (em sua maioria brasileiros), nove aeromoças, o comandante e os dois copilotos.

O primeiro dos erros registrados foi o das sondas Pitot fabricadas pela empresa francesa Thales, que apresentaram uma "incoerência temporária entre as velocidades analisadas" porque cristais de gelo as tinham obstruído. Foi o início do acidente, segundo o relatório.


O avião da Air France ganhou então altitude, até chegar a 31 mil pés, o que provocou o desligamento do piloto automático e o acionamento do alarme enquanto um dos copilotos tinha o controle do avião, já que o comandante estava em seu intervalo de descanso.

Aquilo provocou um "efeito surpresa" na tripulação, que reagiu com "ações inapropriadas sobre os comandos que desestabilizaram a trajetória" de voo, ao invés de controlá-la.

Os analistas explicaram que, nos momentos iniciais de incerteza, os pilotos tomaram "ações bruscas e excessivas", mas ainda não se sabe por que insistiram nelas, ignorando o alarme que indicava que o avião tinha entrado em fase de queda livre a partir de uma altitude de 38 mil pés e a uma velocidade de 11 mil pés por minuto.

Apesar das "fortes vibrações" e do alarme, a tripulação nunca entendeu que o aparelho estava em queda livre, por isso elevaram o bico do avião em demasia, desobedecendo os protocolos.

Talvez, se após o desligamento do mecanismo automático de voo a trajetória tivesse sido mantida, a tragédia teria sido evitada, segundo os técnicos.

Embora seja "muito difícil de estabelecer", em casos similares, após a perda do piloto automático, a tripulação não fez nada e os aviões não se acidentaram, acrescentaram.

Os responsáveis pela investigação passaram uma série de recomendações à comunidade aeronáutica, como corrigir os "pontos mortos" de comunicação em certas etapas de voo, melhorar o realismo dos simuladores de treino e treinar adequadamente os pilotos na para enfrentar esse tipo de circunstância.


"A dupla falha do procedimento de resposta mostra os limites do modelo atual de segurança", afirmou o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec.

A conclusão do BEA é que desde que o avião saiu da trajetória normal, a tripulação perdeu a noção da situação e se equivocou em suas decisões. A partir daí, a catástrofe era inevitável.

No momento da queda livre em grande velocidade, só uma pilotagem similar ao de um especialista em aviões de combate poderia ter evitado a situação, mas nunca um aviador civil.

As famílias das vítimas, que desconfiam da investigação do organismo francês, pois acreditam que sua prioridade é isentar de culpa a Air France e a Airbus, criticaram o fato de a aeronave ter obtido as certificações oficiais e o de a tripulação não estar suficientemente treinada para situações extremas.

A Airbus informou em comunicado que tomará "todas as medidas necessárias que permitirão contribuir para o esforço coletivo em favor da otimização da segurança aérea", e acrescentou que já começou a trabalhar "para reforçar as exigências relativas às sondas Pitot".

A companhia aérea Air France, por sua vez, elogiou o "trabalho minucioso" do BEA e ressaltou que a tripulação estava formada segundo a regulamentação e que o aparelho funcionou com base na certidão.

"Nenhuma recomendação se dirige particularmente à Air France", mas "ao conjunto da comunidade aeronáutica", acrescentou o porta-voz da companhia aérea, que destacou que seu objetivo é fazer com "que a segurança seja melhor amanhã do que ontem".

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Le Bourget - Uma soma de erros técnicos ligados à medição da velocidade do voo 447 da Air France , que fazia a toda Rio de Janeiro-Paris, confundiu a tripulação, que fez um diagnóstico incorreto e seguiu um protocolo inadequado que provocou a queda do avião, causando a morte de seus 228 ocupantes.

Esta é a principal conclusão do relatório final da análise técnica, apresentada nesta quinta-feira na cidade de Le Bourget, nos arredores da capital francesa, cinco dias antes que da divulgação do resultado da investigação judicial sobre a suposta responsabilidade por homicídio involuntário da companhia aérea Air France e da Airbus, fabricante da aeronave A330.

"Se a tripulação tivesse compreendido bem a situação, poderia ter recuperado a trajetória", afirmou em entrevista coletiva Alain Bouillard, diretor das pesquisas realizadas pelo Escritório de Investigação e Análise francês (BEA) sobre o acidente ocorrido na madrugada de 1º de junho de 2009.

Naquela noite, depois de o avião ter decolado no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, o comandante e os dois copilotos decidiram desviar ligeiramente a trajetória prevista para fugir de uma zona de tempestade.

Depois, em um ponto sem comunicação com terra sobre o oceano Atlântico, a cerca de 1.296 quilômetros de Recife, a aeronave caiu nas águas do Atlântico, causando a morte de 216 passageiros de 32 nacionalidades (em sua maioria brasileiros), nove aeromoças, o comandante e os dois copilotos.

O primeiro dos erros registrados foi o das sondas Pitot fabricadas pela empresa francesa Thales, que apresentaram uma "incoerência temporária entre as velocidades analisadas" porque cristais de gelo as tinham obstruído. Foi o início do acidente, segundo o relatório.


O avião da Air France ganhou então altitude, até chegar a 31 mil pés, o que provocou o desligamento do piloto automático e o acionamento do alarme enquanto um dos copilotos tinha o controle do avião, já que o comandante estava em seu intervalo de descanso.

Aquilo provocou um "efeito surpresa" na tripulação, que reagiu com "ações inapropriadas sobre os comandos que desestabilizaram a trajetória" de voo, ao invés de controlá-la.

Os analistas explicaram que, nos momentos iniciais de incerteza, os pilotos tomaram "ações bruscas e excessivas", mas ainda não se sabe por que insistiram nelas, ignorando o alarme que indicava que o avião tinha entrado em fase de queda livre a partir de uma altitude de 38 mil pés e a uma velocidade de 11 mil pés por minuto.

Apesar das "fortes vibrações" e do alarme, a tripulação nunca entendeu que o aparelho estava em queda livre, por isso elevaram o bico do avião em demasia, desobedecendo os protocolos.

Talvez, se após o desligamento do mecanismo automático de voo a trajetória tivesse sido mantida, a tragédia teria sido evitada, segundo os técnicos.

Embora seja "muito difícil de estabelecer", em casos similares, após a perda do piloto automático, a tripulação não fez nada e os aviões não se acidentaram, acrescentaram.

Os responsáveis pela investigação passaram uma série de recomendações à comunidade aeronáutica, como corrigir os "pontos mortos" de comunicação em certas etapas de voo, melhorar o realismo dos simuladores de treino e treinar adequadamente os pilotos na para enfrentar esse tipo de circunstância.


"A dupla falha do procedimento de resposta mostra os limites do modelo atual de segurança", afirmou o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec.

A conclusão do BEA é que desde que o avião saiu da trajetória normal, a tripulação perdeu a noção da situação e se equivocou em suas decisões. A partir daí, a catástrofe era inevitável.

No momento da queda livre em grande velocidade, só uma pilotagem similar ao de um especialista em aviões de combate poderia ter evitado a situação, mas nunca um aviador civil.

As famílias das vítimas, que desconfiam da investigação do organismo francês, pois acreditam que sua prioridade é isentar de culpa a Air France e a Airbus, criticaram o fato de a aeronave ter obtido as certificações oficiais e o de a tripulação não estar suficientemente treinada para situações extremas.

A Airbus informou em comunicado que tomará "todas as medidas necessárias que permitirão contribuir para o esforço coletivo em favor da otimização da segurança aérea", e acrescentou que já começou a trabalhar "para reforçar as exigências relativas às sondas Pitot".

A companhia aérea Air France, por sua vez, elogiou o "trabalho minucioso" do BEA e ressaltou que a tripulação estava formada segundo a regulamentação e que o aparelho funcionou com base na certidão.

"Nenhuma recomendação se dirige particularmente à Air France", mas "ao conjunto da comunidade aeronáutica", acrescentou o porta-voz da companhia aérea, que destacou que seu objetivo é fazer com "que a segurança seja melhor amanhã do que ontem".

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