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Engarrafamento menor em SP não é motivo para comemorar

Crise tirou carros das ruas: os engarrafamentos em São Paulo, o polo financeiro do país, diminuíram entre às 17 e às 20 horas.


	Crise tirou carros das ruas: os engarrafamentos em São Paulo, o polo financeiro do país, diminuíram entre às 17 e às 20 horas
 (Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas)

Crise tirou carros das ruas: os engarrafamentos em São Paulo, o polo financeiro do país, diminuíram entre às 17 e às 20 horas (Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 10h58.

A pior recessão do Brasil em 25 anos eliminou empregos e levou a um aumento das falências corporativas. Mas existe uma vítima que não deixará saudade: o trânsito na hora do rush.

Os engarrafamentos em São Paulo, o polo financeiro do país, diminuíram entre às 17 e às 20 horas. Os congestionamentos noturnos, que chegaram em uma média a 171 quilômetros no ano passado – quase oito vezes a extensão de Manhattan --, caíram até 28% em 2015, segundo a CET.

Embora isso represente um alívio para qualquer um que já tenha sofrido em um congestionamento serpenteando por essa metrópole de 19 milhões de pessoas, a principal causa por trás da melhoria não é motivo para celebrar.

As recessões consecutivas esperadas para este ano e para o próximo estão empurrando o Brasil para um ciclo vicioso de perdas de emprego e cortes nos gastos de consumo.

Com o aumento do desemprego – que atingiu 7,6% em setembro, nível mais alto desde 2009 -- , os shoppings estão mais vazios e menos pessoas estão comendo fora, dizem associações empresariais.

“A atividade econômica e a renda estão encolhendo, por isso o fluxo de veículos nas grandes cidades vem sendo afetado”, disse Clemens Nunes, professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV.

“Isso está reduzindo o trânsito de caminhões entre fabricantes, distribuidores e lojistas. Há menos demanda por serviços, o que reduz as idas aos shoppings, salões de beleza, pet shops e restaurantes”.

Ações da prefeitura

A queda no tráfego coincide com uma série de programas implementados pela prefeitura para diminuir os congestionamentos, incluindo mais faixas exclusivas de ônibus, aplicação mais rigorosa dos limites de velocidade para reduzir acidentes e zonas apenas para bicicletas.

Apesar de essas medidas terem contribuído parcialmente para o declínio, a recessão é o maior motivo, disse Nunes, que estuda a economia de São Paulo. A economia do Brasil, a maior da América Latina, deverá sofrer uma retração de 3,5% neste ano e de 2,3% em 2016, segundo uma pesquisa do banco central.

O número de clientes que frequentam os restaurantes de São Paulo -- maior fator gerador de empregos em um estado que responde por quase um terço do produto interno bruto do Brasil - - caiu 4% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, disse a associação brasileira de bares e restaurantes, a Abrasel. O declínio se aplica sobre a queda de 8% registrada no segundo trimestre.

Enquanto isso, as vendas do varejo no estado de São Paulo caíram pelo oitavo mês seguido em setembro, segundo o IBGE. Em todo o país, as vendas de carros diminuíram quase pela metade e fábricas foram fechadas, disse a Anfavea. Até mesmo o tráfego aéreo diminuiu. A Anac reporta que o número de viajantes entre o Rio de Janeiro e São Paulo, uma das rotas aéreas mais movimentadas do mundo, sofreu um declínio de 17% nos três primeiros trimestres deste ano.

Ônibus mais cheios

Tudo isso faz com que as ruas da cidade mais populosa da América do Sul pareçam um pouco menos lotadas atualmente. Haverá algum lugar que pareça mais cheio? Sim, os ônibus municipais.

Cinquenta e nove% dos usuários de ônibus disseram em uma pesquisa realizada em setembro que esse meio de transporte parece mais cheio do que há um ano, segundo uma pesquisa da Ibope Inteligência. No ano passado, apenas um terço dos participantes pensava assim.

“Fica muito lotado” durante os horários de pico, especialmente se os ônibus estiverem atrasados, disse Cibele Sayuri, uma estudante universitária de 20 anos, em pé em um ônibus municipal, imprensada entre outras pessoas. “Nós ainda temos trânsito, mas não como antes”.

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