Empresários sugerem fim de estímulos fiscais
Pesquisa feita em 26 países mostra que 35% dos empresários brasileiros acreditam que governo deve retirar os estímulos
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.
São Paulo - Pesquisa internacional da consultoria KPMG revela que 41% dos empresários brasileiros acreditam que o pacote de estímulo do governo Lula, principalmente na área fiscal, foi um dos principais fatores de sucesso no combate à crise financeira internacional.
Agora, mais confiantes de que os piores efeitos da crise já foram superados, 35% desses executivos defendem a retirada dos estímulos fiscais, para que a economia funcione normalmente.
De acordo com o estudo - realizado com 538 executivos de 26 países, incluindo o Brasil -, apesar de Irlanda, Rússia, China, Índia e Hong Kong preferirem esperar mais tempo antes de abrir mão desses benefícios, a estratégia também é apoiada por empresários norte-americanos, canadenses e australianos, e é apontada como forma de reduzir o débito público.
Segundo a pesquisa, grande parte dos empresários no mundo está preocupada com o patamar atingido pela dívida pública. Para 70% do empresariado mundial, o corte nos gastos públicos é a primeira opção para enfrentar o problema. Esse porcentual aumenta para 77% entre os europeus, mas cai para 54% na região da Ásia-Pacífico e 69%, nas Américas. No Brasil, o porcentual é de 90%, sendo que a folha de pagamento do funcionalismo público é a principal sugestão para eventuais cortes.
"Em 2010, a dívida pública do Brasil pode chegar a 44% do PIB, o que representa um aumento de 14% em relação aos níveis de endividamento de 2008. No entanto, esse número é mais favorável quando comparado às principais economias do mundo. Os empresários, por sua vez, estão confiantes, pois nossa economia está cada vez mais forte e estável, mas de acordo com o levantamento, ficou claro que as empresas brasileiras gostariam de ver melhorias no planejamento para diminuir esse débito", afirma Roberto Haddad, sócio da KPMG no Brasil.
Na maioria dos países, os empresários apoiam investimentos públicos na área de infraestrutura. Globalmente, apenas 24% indicaram sua redução como uma opção para administrar a dívida, e no Brasil, esse número cai para 6%. Apenas Japão e Hong Kong, que demonstraram opiniões divididas, e a China, com 61%, desejam corte nesses gastos.
A alternativa menos popular entre os executivos foi o aumento da tributação, com apenas 1% de adesão em todo mundo. Segundo o relatório, é consenso que o imposto de renda sobre pessoas físicas e jurídicas e o imposto de consumo devem continuar no patamar atual, com algumas variações para menos. A exceção seria se o aumento de impostos fosse destinado exclusivamente para a amortização da dívida, com 19% de apoio.
Os países mais propensos a aumento de impostos, segundo a pesquisa, são Reino Unido (65%) e Japão (60%). Os menos favoráveis são os Países Baixos, Itália, Polônia, Rússia e Eslováquia. No entanto, o levantamento enfatiza que os governos serão obrigados a promover aumento de impostos, a não ser que aceitem o nível atual de endividamento e trabalhem apenas para honrar os pagamentos de juros.
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