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Em viagem à Europa, Araújo reforça relações com a extrema-direita

Nesta semana, chanceler foi à Itália e, nesta quinta-feira, viaja para Polônia e Hungria, países cujos governos têm afinidade ideológica com Bolsonaro

Ernesto Araújo: um mês antes da visita do Ministro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, viajou para a Hungria (Adriano Machado/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2019 às 06h21.

Última atualização em 9 de maio de 2019 às 07h45.

Enquanto cresce disputa entre os seguidores do escritor Olavo de Carvalho e a ala militar do governo dentro do Itamaraty, o ministro de Relações Exteriores Ernesto de Araújo está fora do país em viagem de aproximação com países alinhados ideologicamente com o presidente Jair Bolsonaro. Na segunda-feira, 6, o chanceler encontrou políticos do movimento de extrema-direita 5 Estrelas na Itália e, nesta quinta-feira, 9, segue para Budapeste, na Hungria, de onde partirá para Varsóvia, na Polônia.

O governo do presidente Jair Bolsonaro se esforça para consolidar a relação com os países do grupo de extrema-direita idealizado por Steve Bannon, antigo assessor do presidente norte-americano Donald Trump. No mês passado, o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, visitou também Itália e Hungria com a missão de “reforçar a cruzada contra o socialismo no mundo”.

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Pelo Twitter, depois da viagem, o filho do presidente disse ter aprendido com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, que esteve no Brasil para a posse de Bolsonaro, sobre cultura e “trato com a imprensa sem politicamente correto”. O problema é que Orbán lida com a imprensa de modo repressivo e inconsistente com os direitos humanos. Sob sua liderança, a Hungria sofreu um grave declínio nas liber­dades de expressão e de imprensa.

Para além do caráter ideológico, a viagem de Araújo tem como objetivo oficial incentivar a exportação brasileira de aviões da Embraer e materiais de defesa para países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que têm um compromisso de adquirir no mínimo 2% do Produto Interno Bruto (PIB), até o ano de 2024, em equipamentos de defesa. A Hungria ainda precisa alcançar esse patamar, e a Polônia, que já o atinge, quer ir além.

Parte da missão do ministro de Relações Exteriores brasileiro será organizar uma viagem de Bolsonaro ao país para os próximos meses. O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento húngaro, o deputado Szolt Németh, que recepcionou Eduardo Bolsonaro em abril, confirmou a ida do presidente brasileiro ao país durante o verão europeu, que vai de junho a setembro.

Em meio a essa agenda internacional de direita do governo, a situação de Araújo no Brasil piorou. Na segunda-feira, 6, dois nomes indicados pelo ministro para a diretoria da Agência de Promoção à Exportação (Apex), Letícia Catelani e Márcio Coimbra, foram demitidos pelo presidente Sérgio Segóvia, ligado aos militares. Pelo Twitter, Catelani disse ter sido pressionada pelo governo para manter “contratos espúrios” e, por ter negado, teria sido demitida. Na terça, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) solicitou que ela se apresente à Câmara para justificar suas alegações.

Assim que voltar da Polônia na sexta-feira, 10, Araújo terá que colocar as questões externas de lado momentaneamente para tentar resolver os conflitos dentro de sua pasta. Para a sorte do chanceler, graças aos Bolsonaro, o alinhamento com os governos de ultra-direita está bem encaminhado.

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