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Em dez anos, haverá mais motocicletas do que carros

Pesquisa do Ipea mostra que demanda por transporte público caiu 30% na última década

Trânsito no Rio: mudança é apoiada no crédito farto e nos altos preços das passagens de transporte público (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2011 às 21h30.

Rio - Em dez anos, haverá mais motocicletas nas vias brasileiras do que carros. É o que aponta o estudo "A mobilidade Urbana no Brasil", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje. A pesquisa mostra que a demanda por transporte público caiu 30% na última década. No mesmo período, a compra de carros cresceu em media 9% ao ano e a de motos, 19%. A previsão é de que a partir de 2012 a aquisição de motocicletas será maior do que a de automóveis.

"Em uma década seremos um país sobre duas rodas. Estamos seguindo um modelo asiático. Lá, as motos entopem as ruas. Isso é efeito de um transporte público ruim, pouco atrativo. A forma que o cidadão encontra para deixar o transporte público é ir para a motocicleta. Moto polui muito mais do que carro. Se comparar com transporte público, polui 40 vezes mais", afirma Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, coordenador do trabalho.

Ele alerta ainda para o fato de a moto matar muito mais do que o carro. Em 1997, houve 12.500 mortes de pedestres, 973 de motociclistas e 3.900 de pessoas em carros. Em 2007, depois que 7,6 milhões de motos entraram em trânsito, o número de mortes de motociclistas passou para 8.118, o de pedestres caiu para 9.657 e o de pessoas em carros, subiu para 8.273.

Carvalho cita o exemplo do Rio de Janeiro para mostrar as transformação das viagens urbanas no País. Em 1950, os bondes respondiam pela maioria dos deslocamentos (649 milhões de viagens por ano), seguidos de ônibus (216 milhões), trens (208 milhões) e carros (20 mil). Em 2005, automóveis fizeram 1,6 bilhão de deslocamentos urbanos e os ônibus, 1,5 bilhão. Trens e metrôs responderam por 259 milhões de viagens.

Financiamento

Segundo o pesquisador, esse fenômeno se explica, em parte, pelo crédito farto e longos prazos de financiamento de carros e motocicletas - no caso de motos, o valor da prestação se aproxima ao gasto mensal com a tarifa de transporte público. O alto custo das passagens também influenciou a mudança do comportamento - desde 1995, as tarifas dos ônibus urbanos aumentaram cerca de 60% acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

O crescimento do transporte individual tem forte impacto no trânsito. Em 1992, o tempo médio de deslocamento casa-trabalho do brasileiro era de 37,9 minutos. Em 2008, passou para 40, 3. E 19% das pessoas perdem mais de duas horas diárias nesse trajeto. "Se não houve políticas de melhorar no transporte público, como políticas efetivas para baratear tarifas do transporte público, investimentos em infraestrutura, a situação só vai se deteriorar, com aumento de acidentes, de congestionamento e da poluição. Vai chegar a um ponto em que as cidades se tornarão inviáveis", afirma Carvalho.

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Rio - Em dez anos, haverá mais motocicletas nas vias brasileiras do que carros. É o que aponta o estudo "A mobilidade Urbana no Brasil", do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje. A pesquisa mostra que a demanda por transporte público caiu 30% na última década. No mesmo período, a compra de carros cresceu em media 9% ao ano e a de motos, 19%. A previsão é de que a partir de 2012 a aquisição de motocicletas será maior do que a de automóveis.

"Em uma década seremos um país sobre duas rodas. Estamos seguindo um modelo asiático. Lá, as motos entopem as ruas. Isso é efeito de um transporte público ruim, pouco atrativo. A forma que o cidadão encontra para deixar o transporte público é ir para a motocicleta. Moto polui muito mais do que carro. Se comparar com transporte público, polui 40 vezes mais", afirma Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, coordenador do trabalho.

Ele alerta ainda para o fato de a moto matar muito mais do que o carro. Em 1997, houve 12.500 mortes de pedestres, 973 de motociclistas e 3.900 de pessoas em carros. Em 2007, depois que 7,6 milhões de motos entraram em trânsito, o número de mortes de motociclistas passou para 8.118, o de pedestres caiu para 9.657 e o de pessoas em carros, subiu para 8.273.

Carvalho cita o exemplo do Rio de Janeiro para mostrar as transformação das viagens urbanas no País. Em 1950, os bondes respondiam pela maioria dos deslocamentos (649 milhões de viagens por ano), seguidos de ônibus (216 milhões), trens (208 milhões) e carros (20 mil). Em 2005, automóveis fizeram 1,6 bilhão de deslocamentos urbanos e os ônibus, 1,5 bilhão. Trens e metrôs responderam por 259 milhões de viagens.

Financiamento

Segundo o pesquisador, esse fenômeno se explica, em parte, pelo crédito farto e longos prazos de financiamento de carros e motocicletas - no caso de motos, o valor da prestação se aproxima ao gasto mensal com a tarifa de transporte público. O alto custo das passagens também influenciou a mudança do comportamento - desde 1995, as tarifas dos ônibus urbanos aumentaram cerca de 60% acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

O crescimento do transporte individual tem forte impacto no trânsito. Em 1992, o tempo médio de deslocamento casa-trabalho do brasileiro era de 37,9 minutos. Em 2008, passou para 40, 3. E 19% das pessoas perdem mais de duas horas diárias nesse trajeto. "Se não houve políticas de melhorar no transporte público, como políticas efetivas para baratear tarifas do transporte público, investimentos em infraestrutura, a situação só vai se deteriorar, com aumento de acidentes, de congestionamento e da poluição. Vai chegar a um ponto em que as cidades se tornarão inviáveis", afirma Carvalho.

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