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Eduardo Ramos à Veja: Exército não dará golpe, mas protesto "estica corda"

Para um dos principais ministros do governo, comparações do presidente com Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista, é passar do ponto

Luiz Eduardo Ramos: "O próprio presidente nunca pregou o golpe" (Adriano Machado/Reuters)

Luiz Eduardo Ramos: "O próprio presidente nunca pregou o golpe" (Adriano Machado/Reuters)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 12 de junho de 2020 às 09h03.

Última atualização em 12 de junho de 2020 às 10h23.

Em entrevista à revista Veja, o chefe da Secretaria de Governo do presidente Jair Bolsonaro, Luiz Eduardo Ramos, disse que foi disfarçado a uma manifestação contra o governo e que é "ultrajante dizer que o Exército vai dar golpe". Para ele, protestos exageram nas críticas e "esticam a corda".

Eduardo Ramos é um dos principais ministros de Bolsonaro e tem o poder da articulação política nas mãos, além de respeito dentro da área militar. Apesar de negar qualquer movimentação de autoritarismo no governo, o ministro pede que os manifestantes não acirrem os ânimos. Para ele, comparações do presidente com Adolf Hitler, líder da Alemanha nazista, é passar do ponto.

"O Hitler exterminou 6 milhões de judeus. Fora as outras desgraças. Comparar o presidente a Hitler é passar do ponto, e muito. Não contribui com nada para serenar os ânimos. Também não é plausível achar que um julgamento casuístico pode tirar um presidente que foi eleito com 57 milhões de votos."

Na entrevista, Luiz Eduardo Ramos se posiciona contra a uma cassação da chapa presidencial pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não vê um impeachment ter força no Congresso.

Para ele, não há risco de ruptura democrática: "O próprio presidente nunca pregou o golpe". No entanto, Bolsonaro participou em várias semanas de manifestações que pedem fechamento do Congresso e do STF.

O presidente também costuma louvar o período da ditadura militar e já citou mais uma vez o artigo 142 da Constituição, levantado com frequência por seus apoiadores como brecha para uma intervenção militar, tese rejeitada por juristas.

"O Rodrigo Maia (presidente da Câmara) já disse que não tem nenhuma ideia de pôr para votar os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Se o Congresso, que historicamente já fez dois impeachments, da Dilma e do Collor, não cogita essa possibilidade, é o TSE que vai julgar a chapa irregular? Não é uma hipótese plausível."

Eduardo Ramos também revelou que foi disfarçado a uma manifestação contrária ao Governo em Brasília. Segundo ele, apesar de vestirem pretos, as pessoa "pareciam petistas". Para Ramos, a roupa preta desperta atenção e lembra autoritarismo e o movimento "Black Block".

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