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Brasil deve reduzir gastos para enfrentar guerra cambial

Economistas defendem aperto fiscal e queda na taxa de juros para manter o país competitivo

O ex-ministro Delfim Netto defendeu o ajuste fiscal para o governo (Carol do Valle /VEJA)

O ex-ministro Delfim Netto defendeu o ajuste fiscal para o governo (Carol do Valle /VEJA)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2010 às 17h14.

São Paulo - O Brasil deve seguir uma metodologia própria para se desvencilhar dos efeitos negativos da guerra cambial.

Essa foi a posição defendida hoje (17) por economistas brasileiros, reunidos na sede da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) para analisar as consequências da última reunião do G-20 (grupo das maiores economias mundiais, incluindo os países emergentes) e do anúncio do governo dos Estados Unidos de inundar a economia com US$ 600 bilhões adicionais.

No debate, as opiniões convergiram para a tese de que o Brasil precisa de um aperto fiscal para forçar a queda da taxa de juros e evitar a entrada excessiva de capital especulativo.

Antonio Delfim Netto, economista e ex-ministro da Fazenda, acredita que, para manter-se competitivo no cenário mundial, o Brasil “não tem outra saída” se não baixar a taxa real de juros para o mesmo nível das nações mais desenvolvidas.

Na avaliação dele, a presidenta eleita, Dilma Rousseff, deveria adotar uma política fiscal mais sólida para que o Banco Central tenha “musculatura para reduzir os juros”. Ele espera que Dilma faça uma gestão mais equilibrada e com menos interferência das entidades sindicais e dos movimentos sociais.

Ao comentar as declarações feitas hoje pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que não seriam adotadas novas medidas de controle cambial, Delfim Netto disse que o ministro está esperando o resultado das ações já tomadas. Segundo o economista, eram as medidas que poderiam ser adotadas com os instrumentos que o governo dispõe.

Também presente ao encontro, o economista Paulo Rabello de Castro argumentou que a guerra cambial “não se resolve só com o controle da quantidade de dólares que entram no mercado”. Para ele, a taxa de juros no país continua excessivamente elevada, embora reconheça atuação do Banco Central em reduzir essa taxa nos últimos anos.

Na opinião de Rabello, o novo governo precisa preparar o Brasil para enfrentar novas turbulências internacionais e, para isso, faz coro com os que defendem a necessidade de corte nos gastos públicos e na carga tributária.

Com a mesma linha de raciocínio, o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), afirmou que a guerra cambial “tornou-se um instrumento de ampliação da competitividade”. Explicou que os países estão se utilizando dela como forma de compensar as desvantagens em um mundo ainda em recessão decorrente da crise financeira internacional de 2008.

“O nível de atividade ainda está muito baixo”, disse o professor, observando que essa estratégia tem sido empregada como forma de proteção da produção interna contra os importados.

Em defesa da queda na taxa real de juros, Lacerda disse que o nível atual estimula o ingresso de capital de curto prazo, que entra no país “para aproveitar o diferencial entre a taxa de câmbio e a de juro e obter lucros rápidos. O capital que interessa ao Brasil é o de longo prazo, tanto por meio de financiamento quanto de investimento direto que vem para alavancar o crescimento da economia brasileira”.

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