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Drama dos imigrantes venezuelanos aumenta no norte do Brasil

Segundo estimativas oficiais, apenas por Roraima passaram 30 mil imigrantes venezuelanos desde 2016, quando a crise enfrentada pela Venezuela forçou êxodo.

Roraima: falta de infraestrutura para atender a chegada de venezuelanos tem provocado problemas em Roraima desde 2016 (Tiago Orihuela/Prefeitura Boa Vista/Divulgação)
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EFE

Publicado em 5 de novembro de 2017 às 10h02.

Boa Vista (Roraima) - Milhares de venezuelanos deixam o país em busca de uma nova vida no Brasil, especialmente no estado de Roraima , que pediu ajuda ao governo do presidente Michel Temer para lidar com o fluxo de pedidos de refúgio no último ano.

Segundo estimativas oficiais, apenas pelo estado passaram 30 mil imigrantes venezuelanos desde 2016, quando a crise enfrentada pela Venezuela forçou o êxodo dessas pessoas.

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Entre janeiro e setembro, as solicitações de refúgio feitas às autoridades locais chegam a 12.193, um número cinco vezes maior ao total do triênio 2014-2016.

Fontes oficiais apontam que a maior parte dos pedidos é aprovada e que quase a metade deles foi autorizada entre julho e setembro, coincidindo com o período de instalação da Assembleia Constituinte convocada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

A falta de infraestrutura para atender a chegada de venezuelanos tem provocado problemas em Roraima desde 2016.

Nesta semana, a Polícia Militar retirou à força cerca de 400 imigrantes venezuelanos que viviam há seis meses em um acampamento improvisado nos arredores do Terminal Internacional de Transportes de Boa Vista, capital do estado, e os levou para um ginásio transformado em albergue.

"Essas pessoas estavam em situação de vulnerabilidade e algumas crianças, segundo denúncias que recebemos, estavam sendo exploradas", afirmou à Agência Efe o coronel da Defesa Civil de Roraima, Doriedson Ribeiro.

"Agora eles receberão atendimento em saúde, as crianças serão levadas à escola e os adultos encaminhados ao mercado de trabalho", completou o coronel.

José Ramírez Contreras, um jardineiro que chegou a Roraima vindo de San Cristóbal, no estado venezuelano de Táchira, afirma que o novo alojamento é mais "cômodo" que o acampamento de rua.

"A alimentação é boa: com café da manhã, lanche e jantar. A situação na Venezuela estava brava. Não há comida nem emprego", afirmou.

Uma das responsáveis pela alimentação no albergue, Deyanira Sotillo destaca o trabalho comunitário e as melhores condições de saúde que tem agora.

No entanto, a complexa situação fez com que o Ministério Público e ONGs se mobilizassem com ações judiciais e com ações nas redes sociais para pedir uma maior atenção aos imigrantes por parte do governo federal.

Segundo o Ministério Público, o despejo dos imigrantes foi uma "ação pela força" da PM. E o ginásio para onde os venezuelanos foram levados não conta com a infraestrutura necessária para recebê-los.

De acordo com a Polícia Federal, a maioria dos venezuelanos que chega a Roraima vem de Caracas e 58% deles são homens com idades entre 22 e 25 anos.

A maior parte desse grupo de homens jovens são estudantes (17,93%), seguidos pelos formados em economia (7,83%), engenharia (6,21%) e medicina (4,83%). No entanto, por causa da pouca oferta de trabalho na região, passaram a ocupar empregos que exigem menos qualificação ou informais.

Muitos, inclusive, trabalham como vendedores ambulantes ou se oferecem para limpar vidros dos carros em semáforos.

Segundo o Ministério do Trabalho, durante os sete primeiros meses do ano foram expedidas 3 mil autorizações de trabalho formal para venezuelanos, um número muito superior às 1.331 do ano passado.

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