Doria entra com queixa-crime contra Ciro Gomes
O prefeito acusa Ciro Gomes de calúnia, difamação e injúria
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de julho de 2017 às 13h55.
São Paulo - Após o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), entrar com uma queixa-crime contra Ciro Gomes (PDT) por calúnia, difamação e injúria, o ex-ministro voltou a chamar o tucano de "farsante" nesta quarta-feira, 20. Na representação criminal, distribuída no Foro Central Criminal Barra Funda no último dia 18, o advogado do prefeito afirma que Ciro chamou Doria três vezes de "farsante" e disse que "é notória" a intenção do ex-ministro em "macular a honra objetiva de João Doria". Os dois são cotados para candidatos à Presidência da República em 2018.
"Esse João Doria é isso mesmo, farsante, que todo mundo vai ver rapidamente. Ele quer aparecer. Muito melhor colocar uma melancia no pescoço", disse Ciro, em um vídeo gravado pela TV do Diário do Nordeste e divulgado nas redes sociais do ex-ministro.
Ciro chegou a comparar Doria ao deputado cassado Eduardo Cunha e o presidente Michel Temer, ambos do PMDB. "Ele (Doria) apenas vai entrar numa fila que tem Eduardo Cunha, que já está na cadeia, que eu denunciei quando ninguém sabia quem ele era. O Michel Temer que também me processou e todo mundo está vendo quem é agora", afirmou Ciro na gravação.
À reportagem, um dos advogados de Doria, Fernando José da Costa, criticou a declaração de Ciro Gomes. "Ele só corrobora o seu 'animus' de caluniar, difamar e injuriar a honra do prefeito", disse. "É muito importante que se diga que a honra é o bem mais precioso do homem honesto."
A peça processual com mais de 20 páginas, assinada por Costa e pela advogada Daniele dos Santos Fernandes, cita uma palestra de Ciro na Universidade de São Paulo (USP) e algumas reportagens - uma delas do jornal O Estado de S. Paulo, em que o ex-ministro disse preferir "mil vezes um cara como Bolsonaro do que um farsante como Doria".
A defesa, que chamou as declarações do ex-ministro de "inverdades", também cita reportagem do jornal Folha de S.Paulo, na qual Ciro fala que Doria, quando presidente da Embratur, "saiu debaixo de muitas irregularidades no Tribunal de Contas da União", além de dizer que oatual prefeito de São Paulo foi criticado por estimular o turismo sexual, afirmação que os advogados chamam de "delirante".
Em um trecho da queixa-crime, os advogados afirmam que os comentários "extrapolam 'em muito' o seu direito à liberdade de expressão e manifestação do pensamento". A defesa citou o casamento de "quase trinta anos" de Doria, bem como seus filhos e seu cargo como prefeito, para justificar que o tucano "tem todos os aspectos de sua vida atrelados à reputação".
Ciro é descrito como alguém que "sempre foi conhecido por expor inadvertidamente suas opiniões acerca de pessoas públicas e, geralmente, seus adversários políticos". Os advogados falam, ainda, em uma "sanha" contra Doria por parte do ex-ministro.
Os advogados argumentam, ainda, que as penas para crimes contra a honra "são aumentadas em um terço quando a ofensa for praticada na presença de várias pessoas ou por meio que facilite sua divulgação."
A indisposição com Ciro não é a primeira do tucano com um potencial presidenciável. Crítico assumido do PT, Doria comemorou a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que a "justiça foi feita". No dia seguinte, chamou o petista de "mentiroso".
O ex-presidente também já deu declarações atacando o prefeito. "Um coxinha ganhou as eleições em São Paulo se fazendo passar por 'João Trabalhador'", disse Lula em maio deste ano.