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Dono da UTC diz que pagou propina para não perder contratos

Ricardo Pessoa disse a deputados que pagou propina por medo de perder contratos na Petrobras e comprometer a sua empresa


	UTC Engenharia atua em refinaria
 (Divulgação)

UTC Engenharia atua em refinaria (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2015 às 22h45.

Mesmo depondo amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, que lhe dava o direito de ficar calado, hoje (15), na audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, disse aos deputados que pagou propina por medo de perder contratos na estatal e comprometer a sua empresa. “Denunciar as vantagens indevidas poderia ser danoso à empresa. Cedi aos pedidos e paguei para manter o direito de a minha empresa existir”, disse.

O empresário leu, no inicio dos trabalhos da comissão, um documento em que afirma ter emagrecido 15 quilos desde a prisão e que a UTC diminuiu de tamanho com as investigações da Operação Lava Jato.

A empresa que tinha 30 mil empregados e um faturamento de R$ 5 bilhões antes da Operação Lava Jato, hoje tem a metade disso. Segundo ele, as pessoas que trabalham na empreiteira não tem responsabilidade sobre os atos cometidos por ele. 

Ricardo Pessoa, no entanto, ficou calado diante das perguntas dos deputados. “Tenho o direito de permanecer calado diante da CPI e tudo o que tinha a dizer está nos anexos dos depoimentos à Justiça Federal”, disse. O presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), indagou-lhe então se ele falaria em uma sessão reservada e teve como reposta que permaneceria em silêncio. 

O deputado André Moura (PSC-SE), um dos relatores adjuntos da CPI, perguntou a Pessoa se ele confirmava que repassou dinheiro para o ex-ministro José Dirceu ou fez doações a Lula e a Dilma em 2010. Mais uma vez Pessoa disse que permaneceria em silêncio. 

Durante o depoimento do dono da UTC, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) anunciou o seu desligamento da CPI da Petrobras. Antes ele indagou Ricardo Pessoa sobre o que havia levado a “fazer acusações contra ele. Outra vez Pessoa não respondeu. Delgado já anunciara, em junho, que deixaria a CPI quando o nome dele e de outros 17 políticos teriam sido relacionados pelo empresário em depoimentos sobre doações irregulares de campanha. 

De acordo com matéria publicada na revista Veja, Ricardo Pessoa teria dito, em delação premiada, que doou R$ 150 mil a Júlio Delgado em 2010. Diante da denúncia, o deputado aguardou o depoimento de hoje para confrontar o dono da UTC, mas, como não obteve resposta, preferiu deixar a CPI.

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