O doleiro Alberto Youssef é escoltado por policial federal (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2015 às 20h50.
São Paulo - O doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, afirma que o esquema de corrupção e propinas na Petrobras é resultado de "uma verdadeira criminalidade de Estado".
Nos autos da ação penal sobre superfaturamento nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a defesa do doleiro sustenta, em alegações finais, que a organização criminosa "usou a estrutura do próprio Estado para corromper e intimidar".
Youssef, segundo investigado da Lava Jato que fez delação premiada, refuta o papel de líder da trama que abalou a estatal petrolífera e revelou a formação de cartel de empreiteiras e repasses de dinheiro ilícito para políticos - pelo menos 50 deputados, senadores, governadores e ex-parlamentares são investigados.
No documento de 23 páginas entregue em março à Justiça Federal no Paraná, base da Lava Jato, o doleiro pede absolvição ou perdão judicial. Na pior das hipóteses uma pena branda, alternativamente, "reconhecida a participação de menor importância e após reconhecida a colaboração".
A Refinaria do Nordeste (Rnest) é um capítulo emblemático do escândalo Petrobras. A obra, orçada inicialmente em R$ 4 bilhões, já consumiu mais de R$ 27 bilhões.
Além de Youssef, são formalmente acusados neste processo o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e outros sete investigados.
Por meio de seus defensores, Youssef aponta que o caso Petrobras foi desencadeado por um "aparato organizado de poder, composto de um grande número de pessoas que atuaram de uma forma organizada e estruturada em favor de um plano definido cujo desenvolvimento tinha como fim principal a manutenção do poder em mãos de um grupo político, sustentado pelos partidos políticos PT, PMDB e PP".
A defesa cravou que Youssef não integrava o comando da organização.
"Os depoimentos das testemunhas e dos colaboradores foram enfáticos em salientar que Youssef era o que Julio Camargo classificou de um mero 'leva e traz', que só ingressava no enredo fático dos crimes após já sacramentada a negociata entre corruptores e corrompidos."