Marina Silva e Eduardo Campos: presidente não teria dito nada na reulião sobre a união dos dois políticos (José Cruz/ABr)
Da Redação
Publicado em 7 de outubro de 2013 às 22h13.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff pediu a avaliação dos líderes aliados da Câmara nesta segunda-feira sobre o anúncio da aliança entre a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, para disputar as eleições presidenciais do ano que vem, mas depois de ouvi-los não emitiu opinião, segundo relatos de deputados.
No sábado, Marina e Campos anunciaram uma aliança que surpreendeu o meio político e obrigou os tradicionais adversários na disputa presidencial, PT e PSDB, a revisar estratégias.
Antes da chegada de Dilma à reunião, que serviu para negociar a aprovação da Medida Provisória que cria o programa Mais Médicos na Câmara, os líderes já estavam debatendo o tema e a presidente abriu o encontro no Palácio do Planalto pedindo a avaliação dos deputados.
"(Os líderes) externaram opiniões com muito consenso e sintonia, de que o quadro no momento favorece a presidenta. (Por causa da) redução do número de candidaturas", contou aos jornalistas o líder do PT, José Guimarães (CE), ao sair do encontro.
"Ela não falou, mas nós falamos no bate-papo preliminar. Não comentou mas ouviu", disse Guimarães.
Segundo o vice-líder do PDT, Marcos Rogério (RO), a presidente não verbalizou, porém ele sentiu que "ela não quis diminuir a figura pública da Marina", disse o parlamentar a jornalistas, evitando dar detalhes do encontro.
Aliados do governo avaliam que a união entre Marina e Campos ainda terá que ser testada nos próximos meses antes de ter seu sucesso declarado, mas admitiram que ela traz novos riscos para a reeleição de Dilma.
Guimarães afirmou que essa nova configuração política para as eleições deve ser tratada com serenidade, "sem ficar batendo boca".
Segundo ele, no caso de Eduardo Campos, o governo deve ter um cuidado adicional, porque ele deixou a base aliada há pouco tempo e pode voltar a integrar a coalizão de Dilma.
"Houve essa separação e eu serei o primeiro a defender que em 2014 o Eduardo volte para o palanque da Dilma. Tem que ser tratado assim, no mínimo se tiver segundo turno nós vamos precisar dele no segundo turno. As coisas têm que ser colocadas nesses termos", disse Guimarães.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), disse que poucos aliados analisaram a situação e que, pessoalmente, acredita que a aliança entre os dois não dará certo. "Ela deu uma estrada para ele caminhar. Não sei se ele conseguirá seguir essa estrada", declarou.
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse que não cabe ao governo comentar o novo cenário eleitoral, mas que respeita os postulantes ao cargo de presidente.
"Nós do governo trabalhamos. A avaliação e o que vai acontecer eleitoralmente é uma tarefa dos partidos. Não tratamos desse assunto e obviamente temos respeito por todos os candidatos e partidos que vão participar", disse a jornalistas.
Após a reunião com os deputados, Dilma também se encontrou com os líderes aliados do Senado, mas, segundo relato do líder do governo na Casa, Eduardo Braga (PMDB-AM), o novo cenário eleitoral não foi tratado. Os senadores, no entanto, discutiram a necessidade de aprovar um projeto de lei que iniba a criação de partidos e o troca-troca de parlamentares entre as legendas.
Segundo ele, a presidente concordou com a necessidade de uma legislação que restrinja a criação de legendas. "Nós precisamos acabar com esse balcão de negócios", disse Braga.