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Dilma sofre impeachment em favela do Rio de Janeiro

O Congresso não se mexeu para declarar o impeachment de Dilma, mas em uma favela que leva o seu nome ela já foi deposta, enquanto a inflação atinge os pobres

Morador de comunidade mostra placa de homenagem à Dilma: "acabou a associação. Acabou. Acabou Dilma Rousseff”, diz líder da comunidade (Eduardo Zappia/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2015 às 17h32.

Rio de Janeiro - O Congresso brasileiro não se mexeu para declarar o impeachment da presidente Dilma Rousseff , que está sob ataque , mas em uma favela que leva seu nome ela já foi deposta.

Como a inflação mais acelerada em mais de uma década atinge mais os pobres do que os ricos, no mês passado um líder da Comunidade Dilma Rousseff arrancou a placa em homenagem à presidente da entrada da favela, situada ao lado de uma rodovia no Rio de Janeiro.

“Colocamos a placa quando Dilma foi eleita, achando que ia valer alguma coisa, mas não aconteceu absolutamente nada”, disse Marilene Silva Souza, 40, que vende biscoitos e garrafas de água na estrada.

“Estamos comendo restos. Se você quiser comer um pouco melhor, tem que pagar um absurdo”.

Desde que o segundo mandato de Dilma começou, em janeiro, o governo aumentou os preços regulados pelo governo, o que, junto com o aumento do custo dos alimentos, ajudou a impulsionar a inflação para quase o dobro da meta oficial. O resultado é um aperto para os pobres, que formam a base do Partido dos Trabalhadores de Dilma Rousseff e se voltaram contra ela em maior número do que a população que goza de melhores condições de vida.

“A inflação é, por natureza, um imposto regressivo e os preços aumentaram mais rapidamente na cesta de bens e serviços consumidos pelos pobres”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs Group Inc., em uma entrevista por telefone. “Eles estão sendo duplamente atingidos”.

A assessoria de imprensa da Presidência não fez nenhum comentário sobre o impacto da inflação na popularidade do governo entre os brasileiros de baixa renda.

Índice de referência

A inflação do Brasil, medida pelo índice de referência IPCA, acelerou para 8,89 por cento nos 12 meses até junho, segundo dados publicados nesta quarta-feira.

O IPCA mede o aumento dos preços para as famílias que ganham até 40 salários mínimos, atualmente R$ 31.520 (cerca de US$ 9.800) por mês.

Desde março, os preços dos bens que têm um peso maior para as famílias de baixa renda, como cebola, carne e eletricidade, estão ultrapassando o indicador principal.

O índice INPC, que calcula a inflação para as famílias que ganham até cinco salários mínimos, aumentou 9,31 por cento em junho e avançou 10,72 por cento no Rio de Janeiro.

Na Comunidade Dilma Rousseff, o chão está cheio de lixo queimado e pedaços de tijolos. A placa em homenagem a Dilma está jogada ali desde 26 de junho, dia em que a revista Veja publicou uma matéria sobre supostas doações ilegais feitas à campanha de reeleição da presidente em 2014 e reinflamou os pedidos de impeachment.

“Eu tirei a placa com raiva, com tristeza, com desgosto, e aborrecido”, disse o pastor Vagner Gonzaga, líder da comunidade, em uma entrevista em sua igreja. “Eu disse: ‘Isso acaba aqui’. Acabou a associação. Acabou. Acabou Dilma Rousseff”.

Tarifa de eletricidade

O custo da eletricidade, medido conforme o índice INPC, aumentou 41.5 por cento nos seis primeiros meses do ano. A tarifa dos ônibus urbanos subiu mais de 12,5 por cento, o feijão, até 24,5 por cento, e os ovos, 13,3 por cento.

Os preços da cebola e do tomate dispararam 151 por cento e 59,1 por cento, respectivamente.

Desde dezembro, a aprovação do governo Dilma caiu 31 pontos porcentuais, para 10 por cento entre os que ganham o equivalente a cinco salários mínimos ou menos, de acordo com o Ibope.

A taxa de aprovação do governo é de 9 por cento, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Ibope entre os dias 18 a 21 de junho, com uma margem de erro de mais ou menos dois pontos porcentuais. A taxa é pior que a do governo de Fernando Collor, que renunciou em 1992 em meio a um processo de impeachment.

Se dependesse do pastor Gonzaga, ele faria o impeachment de Dilma “urgentemente”.

“Agora eu sou anti-Dilma, anti-Lula”, disse Gonzaga, referindo-se ao antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, cujo governo tinha uma taxa de aprovação de 80 por cento no fim do segundo mandato. “Eu acreditei que esse governo era para os pobres”.

São Paulo - Estão programadas para este final de semana dezenas de manifestações contrárias ao governo. Entre os manifestantes que marcham contra o governo de Dilma Rousseff , estão aqueles que pedem pelo impeachment da presidente. O afastamento da presidente, no entanto, não é unanimidade nem mesmo entre os políticos de oposição. Aécio Neves (PSDB), por exemplo, que tem feito forte oposição ao governo petista desde o final das eleições, já disse que é contra o impeachment. Marina Silva, adversária de Dilma nas eleições do ano passado, também concorda que esta não é a solução para os problemas do país.  Há também quem já esteja se movimentando para instaurar um processo de impeachment contra a presidente. É o caso de Paulinho da Força, do Solidariedade, e Jair Bolsonaro, do PP.  Veja nas frases a seguir o que personalidades da política falaram sobre o tema.
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  • 13. Veja agora a entrevista completa com o jurista Ives Gandra sobre impeachment

    13 /13(REUTERS/Ueslei Marcelino)

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