Dilma Rousseff durante discurso em visita ao Chile: presidente se reuniu com a diretoria da companhia aérea Latam e da gigante papeleira CMPC (REUTERS/Rodrigo Garrido)
Da Redação
Publicado em 27 de fevereiro de 2016 às 21h57.
O Brasil precisa estar unido para implementar ajustes com sucesso e convencer os investidores de que está preparado para superar a "forte" crise econômica atual - declarou a presidente Dilma Rousseff, em Santiago, neste sábado, garantindo que tem o apoio de seu partido (PT).
Para retomar o crescimento depois de um 2015 com contração de 3,8%, o Brasil "não pode se mostrar sistematicamente desunido", defendeu.
Segundo ela, o país precisa encarar as "necessárias medidas (...) em meio à forte crise, pela qual estamos passando" e mostrar aos empresários que o país "tem sólidas estruturas".
Para recuperar o grau de investimento, afirmou, o governo precisa estabilizar a situação fiscal, um passo necessário "para que se crie um ambiente favorável para os investimentos (..) para que a inflação esteja controlada e que permita que haja um horizonte de expectativas positivas".
"Nós queremos voltar a crescer e, para voltar a crescer, é importante ter investimentos do setor privado e também do setor público", acrescentou.
Em seu segundo e último dia de visita ao Chile, a presidente justificou sua ausência da reunião do PT, neste sábado, diante da importância de fomentar investimentos estrangeiros - especialmente de empresas chilenas -, minimizando o mal-estar causado na base do partido por sua ausência.
"Tenho um problema de distância" para comparecer, brincou Dilma, na saída da reunião com empresários chilenos e antes de um almoço com a presidente chilena, Michelle Bachelet.
"Preciso da ajuda de todos os partidos da minha base - PT principalmente, que é o partido ao qual eu pertenço", frisou.
"Sempre pedirei o apoio (ao meu partido) e conto com o apoio deles", garantiu Dilma.
Reconquistar a confiança de investidores
Hoje, ela se reuniu com a diretoria da companhia aérea Latam e da gigante papeleira CMPC, em uma agenda marcadamente comercial para fortalecer a cooperação regional e amenizar a crise econômica enfrentada no Brasil.
Depois da reunião, o secretário-geral da CMPC, Gonzalo García Balmaceda, comentou que a pauta do encontro incluiu o desenvolvimento de futuros investimentos e "as dificuldades que se apresentam para poder continuar investindo na nossa área", de produção de celulose, entre elas as limitações para a compra de terra em vigor para empresas estrangeiras no país vizinho.
García Balmaceda celebrou a boa disposição de Dilma e enfatizou que está feliz com a presença de sua empresa no Brasil.
"Fomos muito bem acolhidos. Chegamos em 2009, estamos presentes em vários estados e, obviamente, nossa intenção é continuar investindo no Brasil", relatou.
A CMPC tem investidos no Brasil mais de cinco bilhões de dólares.
Já o ministro brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, assinalou que as reuniões de Dilma com um representante da Latam e com García Balmaceda buscam "manter a confiança dos maiores investidores chilenos no Brasil".
Sobre a limitação de compra de terras por parte de empresas estrangeiras, Monteiro destacou que é preciso buscar uma fórmula que avalie esses casos de investimento sem afetar a soberania do país.
Na sexta-feira, depois de um encontro com Bachelet, no intuito de aprofundar a cooperação regional, Dilma se reuniu com representantes de cerca de 20 empresas brasileiras com presença no Chile. O objetivo era ouvir os problemas que enfrentam em um contexto regional adverso.
Depois da reunião, os empresários consideraram o resultado promissor.
Nas últimas horas de sua visita, Dilma almoçou com sua colega chilena e com a secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), Alicia Bárcena. Antes do retorno ao Brasil, a presidente se reúne com vários economistas na sede da Cepal.
Programada em tempo recorde, a visita de Dilma acontece no momento em que a chefe de Estado enfrenta novas turbulências pelos inúmeros casos de corrupção que mancham sua presidência, com um pedido de processo de impeachment que ameaça a continuidade de seu poder.