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Dilma aciona governos e nega crise institucional

Dilma telefonou para governadores e prefeitos, na tentativa de construir um pacto para estancar o clima de insegurança nas ruas


	Dilma Rousseff: a presidente afirmou não haver risco de deterioração do quadro institucional brasileiro
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Dilma Rousseff: a presidente afirmou não haver risco de deterioração do quadro institucional brasileiro (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2013 às 08h55.

Brasília - Menos de 24 horas depois dos protestos em 13 capitais que levaram às ruas 1 milhão de pessoas, a presidente Dilma Rousseff montou uma estratégia para sair do cerco político. Além de comandar uma reunião com ministros, no Palácio do Planalto, para avaliar o impacto das manifestações no País, Dilma telefonou para governadores e prefeitos, na tentativa de construir um pacto para estancar o clima de insegurança nas ruas, e negou a existência de "crise institucional" no País.

Ministros não esconderam da presidente a preocupação de que protestos despolitizados comecem a ameaçar as instituições. No encontro, todos mostraram perplexidade com as cenas de vandalismo verificadas no dia anterior, com saques de lojas, incêndios, agressões a ativistas e depredações de ministérios e do Banco Central, mesmo após a redução das tarifas de transporte no País.

Segundo relatos de dois ministros presentes ao encontro no Planalto, Dilma afirmou não haver risco de deterioração do quadro institucional brasileiro, embora tenha considerado os protestos um sinal de que o governo precisa agir e não ficar a reboque das manifestações.


Um ministro que participou da reunião reconheceu que se trata de um "momento de alerta". Mas afirmou que, dentro do governo, "há consciência de que tem de haver uma resposta, que não cabe só ao Executivo, mas também ao Legislativo e ao Judiciário".

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Até a semana passada, Dilma resistia a fazer um pronunciamento em rede nacional, mas mudou de ideia na quinta-feira, 20, quando a multidão nas ruas protestou "contra tudo o que está aí". O marqueteiro João Santana e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disseram a Dilma que, se ela não transmitisse uma mensagem de otimismo, o governo poderia sofrer mais desgaste, passando a impressão de isolamento.

"Eu mesmo pedi à presidente que convocasse uma reunião com governadores e prefeitos o quanto antes porque, a partir de agora, precisamos repartir tarefas", afirmou o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que recebeu um telefonema de Dilma na quinta-feira.

"Há, por parte de todos nós, um sentimento de perplexidade e a preocupação sobre o que fazer para que esse momento lindo não se desfigure nem vire baderna", admitiu Cid. "Então, temos de aproveitar a riqueza desse instante para definir a matriz de responsabilidade de cada um sobre assuntos como transporte, saúde, educação e segurança pública. Se somos capazes de fazer a Copa e estádios maravilhosos, por que não podemos melhorar a saúde, a educação e a vida das pessoas?"

O governador defendeu a convocação de plebiscitos sobre temas polêmicos, como a maioridade penal, a construção de obras caras - como o trem-bala ligando São Paulo ao Rio - e a redução do poder de investigação do Ministério Público, assunto da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 37. "Vou dizer isso a Dilma", contou Cid.

Lula ajudou Dilma na tarefa de conversar com governadores e prefeitos. Na quinta-feira, ele ligou para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato do PSB à sucessão de Dilma. Ameaçando sair da base para concorrer ao Planalto, Campos traçou um cenário pessimista para a economia ao ex-presidente. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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