‘Dia do Orgulho Hétero parece brincadeira’, diz associação de gays
Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais diz que proposta do vereador Carlos Apolinário foi ‘de péssimo gosto’
Da Redação
Publicado em 6 de agosto de 2011 às 08h00.
São Paulo – A aprovação da proposta do vereador Carlos Apolinário (DEM-SP) de criar em São Paulo o Dia do Orgulho Gay provocou reações da comunidade homossexual em todo o país. A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) enviou manifestações de repudio ao projeto, que pode virar lei se for sancionado pelo prefeito Gilberto Kassab.
Toni Reis, presidente nacional da ABGLT, enviou uma mensagem a Apolinário manifestando repúdio ao projeto que, nas palavras do vereador, tem como objetivo “estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”.
Na mensagem, Reis diz que é favorável às pessoas terem orgulho, mas não quando esta palavras carrega conceitos como “empáfia e soberba”. Ele diz ao vereador que deseja a paz, e não a guerra entre dois grupos. “Nunca vi um heterossexual ser morto por sua opção. Mas já temos muitos assassinatos e espancamentos registrados, em que a agressão foi motivada pelo fato da vítima ser gay”, diz.
Veja abaixo entrevista com Toni Reis, presidente nacional da ABGLT.
EXAME.com - Como o senhor vê a proposta do vereador Carlos Apolinário de criar o Dia do Orgulho Hétero em São Paulo?
Toni Reis - A Câmara de Vereadores deveria ter discussões de um nível um pouco mais elevado. Deveriam primar por uma prática constitucional melhor. Achei de péssimo gosto, falta do que fazer. Todo mundo deve ter orgulho de ser o que é, mas comparando apenas consigo mesmo. Quando comparo com o outro a coisa complica. A proposta do vereador Carlos Apolinário chega a parecer brincadeira. Não vai acrescentar nada.
EXAME.com - Em entrevista, o vereador afirmou que não condena os gays, mas é contra excessos e privilégios concedidos a eles. O que o senhor pensa disso?
Toni Reis - Quais são os excessos de que ele fala? Não queremos nem menos, nem mais. Nossa proposta é ‘faça amor, não guerra’. Não é discurso de miss, mas queremos paz e harmonia no mundo. Não queremos que todos sejam da mesma cor. Cada um deve ter a sua, convivendo em harmonia. Não estamos atrás de privilégios, aposentadoria integral ou cargos no Dnit por sermos homossexuais. E assim como ele eu não gosto de excessos e defendo também os bons costumes.
Não queremos fazer guerrinha, afronta, ou dividir a sociedade em dois grupos. Somos brasileiros e deveríamos ter respeito. Eu também não aceito certas condutas, mas respeito. Por exemplo, no caso da religião. Tem certos rituais que não são para mim, mas eu não condeno. Não desejo mal para ninguém e quero que ele nos respeite.
EXAME.com - O que o senhor achou das manifestações contra ele após a aprovação da proposta na Câmara? (O vereador Carlos Apolinário teve o site hackeado nesta sexta-feira, e afirmou ter recebido diversos e-mails com xingamentos)
Toni Reis - Sou solidário ao vereador, neste caso. O site dele foi hackeado. Estamos em um estado de direito, deveríamos discutir no mundo das ideias. Eu, enquanto um gay católico, sou solidário a um hétero evangélico. Esta história de hacker não é legal. Temos que respeitar.
EXAME.com - Há algum comportamento dos homossexuais que o senhor condena?
Depende. Acho legal ir às paradas gays, mostrar o corpo sem problema algum, mas sem excessos. Nenhum extremismo é legal, não vale para ninguém.
EXAME.com - E o que o senhor pensa de manifestações polêmicas como as do deputado Jair Bolsonaro?
Toni Reis - Não gosto quando se incentiva violência. Mas eu desconfio muito de homofóbicos. Lembro de casos de três políticos dos mais homofóbicos nos Estados Unidos, e quando foram ver, eram tremendas ‘bichonas’. Quem tem a sexualidade bem resolvida respeita o outro. Cheguei a brincar com o deputado Bolsonaro. Perguntei para ele ‘Bolsonaro, será que não tem um probleminha com você? Não tem uma bichona aí dentro querendo sair do armário?’ Fora das câmeras, ele é bem tranquilo, dá para conversar. Mas ele gosta de se exceder, causar polêmica. Temos que nos respeitar.
EXAME.com - O senhor acha que o projeto do vereador Apolinário tem chances de ser aprovado? Como a comunidade GLBT vai receber isto caso seja?
Toni Reis - A política não é uma ciência exata. O Kassab (prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab) demonstrou que respeita a diversidade humana. Pedimos que ele vete o projeto. Se ele aprovar, não vamos gostar, vamos panfletar, mas fazer o que, é a democracia. Mas isso só acirra os ânimos e não constrói nada melhor.
São Paulo – A aprovação da proposta do vereador Carlos Apolinário (DEM-SP) de criar em São Paulo o Dia do Orgulho Gay provocou reações da comunidade homossexual em todo o país. A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) enviou manifestações de repudio ao projeto, que pode virar lei se for sancionado pelo prefeito Gilberto Kassab.
Toni Reis, presidente nacional da ABGLT, enviou uma mensagem a Apolinário manifestando repúdio ao projeto que, nas palavras do vereador, tem como objetivo “estimular a população a resguardar a moral e os bons costumes”.
Na mensagem, Reis diz que é favorável às pessoas terem orgulho, mas não quando esta palavras carrega conceitos como “empáfia e soberba”. Ele diz ao vereador que deseja a paz, e não a guerra entre dois grupos. “Nunca vi um heterossexual ser morto por sua opção. Mas já temos muitos assassinatos e espancamentos registrados, em que a agressão foi motivada pelo fato da vítima ser gay”, diz.
Veja abaixo entrevista com Toni Reis, presidente nacional da ABGLT.
EXAME.com - Como o senhor vê a proposta do vereador Carlos Apolinário de criar o Dia do Orgulho Hétero em São Paulo?
Toni Reis - A Câmara de Vereadores deveria ter discussões de um nível um pouco mais elevado. Deveriam primar por uma prática constitucional melhor. Achei de péssimo gosto, falta do que fazer. Todo mundo deve ter orgulho de ser o que é, mas comparando apenas consigo mesmo. Quando comparo com o outro a coisa complica. A proposta do vereador Carlos Apolinário chega a parecer brincadeira. Não vai acrescentar nada.
EXAME.com - Em entrevista, o vereador afirmou que não condena os gays, mas é contra excessos e privilégios concedidos a eles. O que o senhor pensa disso?
Toni Reis - Quais são os excessos de que ele fala? Não queremos nem menos, nem mais. Nossa proposta é ‘faça amor, não guerra’. Não é discurso de miss, mas queremos paz e harmonia no mundo. Não queremos que todos sejam da mesma cor. Cada um deve ter a sua, convivendo em harmonia. Não estamos atrás de privilégios, aposentadoria integral ou cargos no Dnit por sermos homossexuais. E assim como ele eu não gosto de excessos e defendo também os bons costumes.
Não queremos fazer guerrinha, afronta, ou dividir a sociedade em dois grupos. Somos brasileiros e deveríamos ter respeito. Eu também não aceito certas condutas, mas respeito. Por exemplo, no caso da religião. Tem certos rituais que não são para mim, mas eu não condeno. Não desejo mal para ninguém e quero que ele nos respeite.
EXAME.com - O que o senhor achou das manifestações contra ele após a aprovação da proposta na Câmara? (O vereador Carlos Apolinário teve o site hackeado nesta sexta-feira, e afirmou ter recebido diversos e-mails com xingamentos)
Toni Reis - Sou solidário ao vereador, neste caso. O site dele foi hackeado. Estamos em um estado de direito, deveríamos discutir no mundo das ideias. Eu, enquanto um gay católico, sou solidário a um hétero evangélico. Esta história de hacker não é legal. Temos que respeitar.
EXAME.com - Há algum comportamento dos homossexuais que o senhor condena?
Depende. Acho legal ir às paradas gays, mostrar o corpo sem problema algum, mas sem excessos. Nenhum extremismo é legal, não vale para ninguém.
EXAME.com - E o que o senhor pensa de manifestações polêmicas como as do deputado Jair Bolsonaro?
Toni Reis - Não gosto quando se incentiva violência. Mas eu desconfio muito de homofóbicos. Lembro de casos de três políticos dos mais homofóbicos nos Estados Unidos, e quando foram ver, eram tremendas ‘bichonas’. Quem tem a sexualidade bem resolvida respeita o outro. Cheguei a brincar com o deputado Bolsonaro. Perguntei para ele ‘Bolsonaro, será que não tem um probleminha com você? Não tem uma bichona aí dentro querendo sair do armário?’ Fora das câmeras, ele é bem tranquilo, dá para conversar. Mas ele gosta de se exceder, causar polêmica. Temos que nos respeitar.
EXAME.com - O senhor acha que o projeto do vereador Apolinário tem chances de ser aprovado? Como a comunidade GLBT vai receber isto caso seja?
Toni Reis - A política não é uma ciência exata. O Kassab (prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab) demonstrou que respeita a diversidade humana. Pedimos que ele vete o projeto. Se ele aprovar, não vamos gostar, vamos panfletar, mas fazer o que, é a democracia. Mas isso só acirra os ânimos e não constrói nada melhor.