Homem fuma cachimbo: quantas vidas estamos perdendo atrás das grades sem que elas possam se desenvolver livremente? (ckellyphoto/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2016 às 18h41.
"Quando você tem contato com a planta, é muito difícil você ser contra".
A fala é de Gregório Duvivier, ator e escritor que decidiu não viver mais fingindo não ser usuário de maconha.
Em entrevista ao HuffPost Brasil, ele fala como tudo muda quando os estereótipos vão embora e fica o que a maconha é: uma planta. Ele cultiva dois pés em sua casa, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.
O próprio Gregório não nega: ele não é preso muito por conta da cor de sua pele e outro tanto por não ser pobre ou morador de periferia. Na visão dele, na prática, a droga serve como prerrogativa para prisões arbitrárias ou para criminalizar a pobreza.
Na mesma linha de Gregório seguem outros dois entrevistados do vídeo aí de cima. "63% das mulheres encarceradas estão lá por conta do tráfico de drogas", conta a jornalista e ativista Gabriela Moncau, do Coletivo DAR e uma das organizadoras da Marcha da Maconha.
E quantas vidas estamos perdendo atrás das grades sem que elas possam se desenvolver livremente? Nas contas de Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça e membro da Open Society Foundations (OSF), muitas: "100 mil pessoas hoje estão presas no Brasil injustamente por causa da política de drogas", Pedro Abramovay.
E ele segue: "Quem é rico é considerado usuário de drogas e não acontece nada com essa pessoa. Mas quem é pobre, com a mesma quantidade, na mesma circunstância, é considerado traficante".
Há, porém, ainda muita desinformação quando o assunto são os usos terapêuticos e medicinais da droga. É preciso grifar aqui: por mais que não seja tão danosa quanto a cocaína ou o álcool podem ser, a maconha ainda precisa ser estudada com mais calma.
"É claro que os médicos não vão prescrever uma substância sem ter noção da relação custo-benefício", afirma o Dr. Valentim Gentil, professor-titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicinal da USP.
Para Gentil, é preciso muito cuidado para não transformarmos a maconha na salvadora e grande esperança sem medir os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos.
Ainda há muito a aprender, diz ele.
A medicina, as pesquisas e o tempo vão dizer com maior precisão o quanto as substâncias e componentes da maconha podem ser prejudiciais a quem faz consumo delas.
O que não dá mais é saber que tanta gente sofre por causa de uma... planta.