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Deputado do PSDB entra com representação pedindo expulsão de Aécio

Endereçado ao presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, pedido é assinado por deputado Wherles da Rocha (AC) sob alegação de quebra de decoro parlamentar

Aécio Neves: segunda fase da Operação Ross, da PF, cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família do tucano (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de dezembro de 2018 às 16h43.

Brasília - A pressão para que o senador Aécio Neves (MG), eleito deputado federal, saia do PSDB cresceu nesta quinta-feira, 20, após a segunda fase da Operação Ross, da Polícia Federa l (PF), que cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à família do tucano. A primeira representação pedindo a expulsão de Aécio do PSDB foi protocolada nesta quinta na Executiva Nacional do partido e deverá seguir para o Conselho de Ética.

Endereçada ao presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, a representação é assinada pelo deputado Wherles Fernandes da Rocha (AC), sob alegação de quebra de decoro parlamentar por parte do senador. O documento foi redigido antes mesmo da operação deflagrada nesta quinta.

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"Nós temos de preservar o PSDB, que está pagando uma conta muito alta por causa do desgaste do Aécio", disse Rocha à reportagem. "Queremos que o partido se posicione: ou Aécio sai ou vamos ter uma debandada no PSDB. Mas achamos que quem tem de sair é ele, e não nós."

A Operação Ross investiga denúncia de que a JBS teria pago propina de 128 milhões de reais a Aécio e a seus aliados, de 2014 a 2017, tendo parte desse valor servido para alimentar a compra de apoio político na campanha eleitoral de quatro anos atrás. Delações do empresário Joesley Batista e de outros executivos do grupo J&F também indicaram o pagamento de uma "mesada" de 50 mil reais ao senador.

"As gravações são mais do que cristalinas e mostram a quebra do decoro. Não estou nem me prendendo à questão criminal", argumentou Rocha. Oficial da Polícia Militar, o deputado foi eleito vice-governador do Acre no primeiro turno da eleição, em outubro.

Na representação a que a reportagem teve acesso, com 31 itens, Rocha afirma que, após Aécio ter sido obrigado a se licenciar da presidência do PSDB, em 2017 - na esteira do escândalo envolvendo a gravação de uma conversa na qual o senador pede 2 milhões de reais a Joesley -, houve perseguição àqueles que pediram o seu afastamento.

O deputado lembrou, por exemplo, que, "em pleno exercício de sua 'licença'", Aécio destituiu o Diretório do PSDB no Acre. À Executiva do partido, Rocha disse, porém, que o pedido de expulsão de Aécio nada tem a ver com esse episódio. "Durante todo escândalo envolvendo seu nome, o senador não se importou com a história do partido, levando-o de roldão, na esteira das gravações e filmagens de recebimento de recursos de origem ilícita", escreveu o deputado na representação.

"Nosso PSDB é um corpo orgânico, cada um de nós é apenas uma célula dentro desse universo e, infelizmente, quando uma célula está doente, ela deve ser removida, sob pena de colocar em risco a própria existência do organismo."

Escolhido recentemente para a presidência do Conselho de Ética do PSDB, o deputado Samuel Moreira (SP) garantiu que nada será engavetado sob sua gestão. "Todas as representações que chegarem ao Conselho de Ética terão prosseguimento. Nada ficará parado. Tudo terá começo, meio e fim", afirmou ele. "As instâncias partidárias têm de funcionar e decidir. O Conselho de Ética vai emitir um parecer, seja ele favorável ou não."

Aécio nega todas as acusações e tem chamado os delatores de "criminosos confessos". Em seu último discurso como senador, no dia 12, o tucano disse que estava vivendo dias "extremamente difíceis" e admitiu ter cometido um "erro" ao aceitar ajuda de Joesley. Na sua versão, houve ali uma "história armada" para incriminá-lo. "Mas eu não perco a minha fé", afirmou Aécio, em discurso na tribuna.

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