Brasil

Dengue já atinge 604 das 645 cidades de São Paulo

Segundo o Ministério da Saúde, estado já registrou 35 mortes pela doença de janeiro ao dia 7 deste mês


	Mosquito da dengue: Estado já registrou 35 mortes pela doença desde o início do ano até o dia 7 de março, segundo o Ministério da Saúde
 (Joao Paulo Burini/Getty Images)

Mosquito da dengue: Estado já registrou 35 mortes pela doença desde o início do ano até o dia 7 de março, segundo o Ministério da Saúde (Joao Paulo Burini/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de março de 2015 às 10h54.

Sorocaba e Araçatuba - A dengue já atinge mais de 90% das cidades paulistas, conforme dados do Ministério da Saúde.

Dos 645 municípios, 604 já registraram ao menos um caso com diagnóstico da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS) neste ano. Foram 123.738 notificações, ou 281 para cada 100 mil habitantes - acima de 300, configura-se epidemia.

Sorocaba, Marília, Catanduva, Rio Claro e Guararapes, por exemplo, estão entre as cidades com as maiores ocorrências da doença.

De acordo com o governo federal, o Estado já registrou 35 mortes entre janeiro e o dia 7 deste mês, ante nove no mesmo período de 2014.

A Secretaria Estadual da Saúde, por sua vez, informou que, em janeiro e fevereiro, foram confirmados 38.714 casos e 32 mortes. A pasta só considera as ocorrências confirmadas por exames.

A doença se espalha por todas as regiões. Sorocaba, de 630 mil habitantes, tem o maior número de casos confirmados. Foram 12.780 infectados, com 12 óbitos - cinco já detectados pelo Instituto Adolfo Lutz.

Não é difícil encontrar famílias devastadas pelo mal, como a da diarista Tereza Lopes, de 49 anos, do bairro Aparecidinha.

O pai, Joaquim Lopes, de 76, morreu no fim do mês passado. A doença foi diagnosticada logo no início, mas a causa não foi confirmada. "Não saíram os exames, mas pouco importa."

Segundo ela, o pai tinha boa saúde. "A gente esperava que ele vivesse muito, quem poderia imaginar que um mosquito fosse acabar com a vida dele?" Ela, um filho e a netinha de 2 anos também pegaram dengue.

A doença também derrubou a corretora de seguros Adelina Casari de Oliveira, de 56 anos. "Nunca imaginei que passaria por momentos tão difíceis. Tinha febre, tremores, dor no corpo todo. Nesse estado, tive de esperar quatro horas na fila do UPH", disse, referindo-se à Unidade Pré-Hospitalar da Zona Leste, para onde são encaminhados os casos suspeitos.

Ela ainda não tem certeza se teve dengue. "Sei pelos sintomas, pois não foi feito nem exame."

De acordo com o secretário Francisco Fernandes, os números vão aumentar até a 16.ª semana, podendo chegar a 45 mil até junho na cidade. A média tem sido de 700 casos por dia. "Estamos vivendo estabilidade no número de casos, mas não há queda."

Depois de instalar um centro de monitoramento - uma unidade improvisada em um galpão - para acelerar o atendimento, a prefeitura destinou mais 15 leitos na Santa Casa para casos graves. Na quinta, 25 pessoas estavam internadas com suspeita de dengue hemorrágica.

Mais casos

Entre as regiões norte e noroeste do Estado estão as maiores concentrações da dengue. Em Catanduva, o número de mortes confirmadas subiu de 6 para 15. Há ainda outros 19 óbitos em investigação e 7.649 casos confirmados - a cidade tem 118,2 mil habitantes.

Para os moradores, como a empresária Ivana Sahão, que perdeu o tio no dia 8 de janeiro, o número é maior. "Naquele mesmo dia morreram outras quatro pessoas e as mortes nem foram contabilizadas. Eles (autoridades) não querem revelar o número correto para não mostrar que é mais grave."

Parentes reclamam também da falta de indicação correta da causa da morte. "Na certidão de óbito do meu tio consta que ele morreu de doença cardíaca", disse Ivana.

Daniele dos Santos, irmã de Joyce Fernanda, que morreu na quarta-feira, também se queixa. "Os médicos disseram que ela estava com dengue, mas na certidão está causa desconhecida."

Uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) foi aberta na Câmara Municipal para apurar as denúncias. A prefeitura nega que haja mais casos do que os anunciados e informou que a definição da causa da morte compete aos serviços de saúde.

Estrutura

Em Marília, no centro-oeste, com 7.240 casos, seis mortes confirmadas e oito sob investigação, a prefeitura montou mais uma tenda para atender os pacientes. Depois de advertidos, os moradores que mantêm criadouros do mosquito estão sendo multados.

Limeira, na região de Campinas, contabilizava na quinta-feira 11.153 casos notificados - e 3.905 confirmados. Seis mortes estão sob investigação, além de duas já confirmadas.

Itapira, com 72,5 mil habitantes, também na região de Campinas, teve mais uma morte suspeita, elevando para dez o total de casos - oito confirmados.

A cidade tem 3.125 casos positivos de dengue, mas a prefeitura informa que o número vem caindo. O elevado número de mortes assusta.

A comerciante Thaís Delgado pensou em tirar os dois filhos da escola. "Eles estão indo com repelente, mas reduzi as atividades externas." De acordo com a prefeitura, as mortes aconteceram principalmente entre pessoas idosas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasDengueDoençasEpidemiasMetrópoles globaissao-paulo

Mais de Brasil

Ao vivo: Lula faz pronunciamento sobre balanço de 2024

Vai chover no Natal? Defesa Civil de SP cria alerta para o feriado; veja previsão

Acidente em MG: Motorista de carreta envolvida em tragédia se entrega após passar dois dias foragido

Quem é o pastor indígena que foi preso na fronteira com a Argentina