Veja como se prevenir da dengue em 2024 (Joao Paulo Burini/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 17 de fevereiro de 2024 às 18h07.
Vivendo uma intensa epidemia de dengue, neste sábado, 17, a Prefeitura de Belo Horizonte (MG) decretou estado de emergência em saúde pública. A capital mineira tem mais de 4 mil casos positivos da doença registrados desde o início do ano, e ainda mais de 21 mil em investigação. Quatro pessoas morreram e cinco óbitos estão em investigação.
O Brasil tem enfrentado um surto de casos de dengue desde o começo de 2024. Só neste ano, foram 94 mortes causadas pelo vírus e há mais 381 óbitos em investigação, segundo o Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Entre janeiro e fevereiro, o País já registrou 512 mil infectados pela doença em todo o território nacional.
Em nota, o prefeito Fuad Norman (PSD) afirmou que agentes de saúde poderão entrar à força em imóveis públicos e privados sem uso para fiscalizar se há focos de água parada, que servem como criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
"Seguindo um fluxo de atuação já estabelecido, a entrada forçada será realizada após três tentativas de vistoria em dias e horários distintos. Não sendo possível a visita, um relatório com a situação de risco para arboviroses será encaminhado aos órgãos responsáveis pela fiscalização para tomar as medidas cabíveis", diz nota da prefeitura, assinada pelo prefeito Fuad Noman (PSD).
Em caso de resistência para fiscalização em imóveis habitados, a medida também autoriza a entrada à força.
Dados do Ministério da Saúde mostram que o estado mineiro tem 1 em cada 3 casos prováveis de dengue, quando comparado ao resto do Brasil. De janeiro para cá, foram registrados mais de 192 mil casos em Minas Gerais, sendo 555,5 mil em todo o país. Em segundo lugar aparece São Paulo, com pouco mais de 90 mil casos.
A dengue pode apresentar quadro subclínico, ou seja, a pessoa tem a doença e não sente nada, até quadros gravíssimos que precisam de abordagem imediata; mas o quadro da dengue clássico é dado por febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor muscular generalizada, vômitos e diarreia.
O primeiro passo, quando tiver um dos sintomas, é buscar o diagnóstico médico, afirma a médica infectologista e epidemiologista Luana Araújo, que reforça que há muitos sintomas que podem ser confundidos com outras doenças como malária na região Norte, Covid, influenza e leptospirose. “É interessante que todos tenham acesso para o diagnóstico inicial para depois ser acompanhado com o tratamento ambulatorial correto até o fim da doença.
Outro alerta importante é se atentar aos sintomas mais graves que podem ser dor abdominal intensa, vômitos recorrentes, diminuição de volume urinário, sangramento pelas fezes ou vômitos. “Nestes casos é obrigatório a ida ao médico, porque será necessário alguma intervenção, como hidratação endovenosa”, afirma Araújo.
Tratamento da dengue não tem um antiviral específico, ele é majoritariamente de suporte, controla dor e demais sintomas do paciente, afirma Araújo. “Majoritariamente é uma questão de reposição hídrica, porque o paciente perde muito líquido”, diz a médica, que reforça que devemos ter cuidado com pseudo-tratamentos que estão sendo divulgados na internet hoje como ivermectina e outras drogas que não foram aprovadas no combate à dengue.
Uso de mosquiteiros e telas podem ser usados também, principalmente para a população que não pode receber o uso de repelentes, como bebês abaixo de 3 meses. “Os repelentes que temos no Brasil são eficazes contra o mosquito da dengue, e quanto mais concentrados estão no corpo mais tempo eles duram, por isso sugerimos aplicar mais de uma vez ao dia, de acordo com as indicações do produto e do limite de idade”, afirma Araújo.
Além da vacina contra a dengue para cidadãos entre 10 e 14 anos e do uso do repelente, outra medida importante no Brasil é a eliminação dos focos, afirma Croda, que reforça que terrenos baldios e casas abandonadas podem se tornar mega reservatórios, o que requer intervenção do poder público para eliminar esses focos da doença.
“O mais importante é que a população se mobilize para eliminar os focos de água parada dentro de casa ou na região onde mora, e essa ação tem que ser feita toda semana, porque o ciclo de vida do mosquito dura de 7 a 10 dias", diz o infectologista.
O Brasil já está aplicando doses de vacina contra a dengue, mas nessa primeira etapa, somente para crianças, que são consideradas grupo de risco. O estado de Goiás iniciou nesta quinta-feira, 15, a vacinação contra a dengue de crianças com 10 e 11 anos.
Mais de 151 mil doses foram distribuídas para 51 cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde. De acordo com o governo de Goiás, a expectativa é que outros municípios recebam o imunizante com a chegada de novas remessas ao país.