DEM deve ser primeiro grande partido a formalizar apoio a Bolsonaro
Hoje, a bancada do partido ouviu de Bolsonaro o pedido de apoio e deverá formalizar o aval um mês antes da eleição na Câmara dos Deputados
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 15h46.
Última atualização em 12 de dezembro de 2018 às 15h51.
Com três ministros escalados para o futuro governo, o DEM — partido do presidente da Câmara , Rodrigo Maia (RJ) — está a um passo de integrar a base aliada da administração de Jair Bolsonaro no Congresso.
Em reunião nesta quarta-feira (12) com o presidente eleito, a bancada do DEM ouviu de Bolsonaro o pedido de apoio e deverá formalizar o aval durante encontro da Executiva Nacional, em janeiro de 2019.
Candidato a novo mandato à frente da Câmara, Maia não compareceu à conversa desta quarta, na sede do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) — onde fica a equipe de transição —, mas a cúpula do partido espera que, ao indicar a adesão a Bolsonaro, obtenha ao menos a neutralidade do governo na disputa da Câmara.
No início desta semana, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, disse que o PSL não apoiará a recondução de Maia.
Deputados do partido têm manifestado simpatia por candidaturas que vão de João Campos (PRB-GO) a Alceu Moreira (MDB-RS), passando por Capitão Augusto (PR-SP).
Bolsonaro disse, na reunião com o DEM, que pediu ao PSL a isenção na disputa da Câmara, "em nome da governabilidade".
O presidente eleito escolheu três integrantes do DEM para o primeiro escalão - os deputados Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, Tereza Cristina, que ocupará a Agricultura e Luiz Mandetta para a Saúde.
"As coisas estão caminhando para o apoio ao governo. O espírito de todos é de colaboração", afirmou o presidente do DEM, ACM Neto, que é prefeito de Salvador (BA).
"Estamos vivendo um momento extremamente desafiador e a tendência é caminharmos juntos", completou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), eleito governador de Goiás. Para o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), o DEM "tem todos os motivos, ideologicamente" para se aliar ao governo Bolsonaro.
ACM Neto disse que Maia não compareceu ao encontro desta quarta porque tem um "papel institucional" a cumprir e negou que declarações de Eduardo Bolsonaro sobre ele tenham azedado as relações.
Nos bastidores, no entanto, sabe-se que Maia montou uma estratégia para se reeleger e tenta formar um bloco que isole o PSL na repartição de poder na Câmara, caso a equipe de Bolsonaro interfira na eleição, marcada para fevereiro de 2019.
"Achamos que quanto mais distante o governo estiver dessa eleição, melhor", comentou o presidente do DEM.
Previdência
A importância da reforma da Previdência também entrou na reunião dos deputados com Bolsonaro, mas o presidente eleito não detalhou os seus planos.
"A gente tem que esperar o governo definir o que ele tem de proposta para ver se flexibiliza alguma coisa", disse Sóstenes.
"Eu acho que até o próprio governo assume que ainda não está totalmente desenhado o modelo de reforma deles. Ou se está, eles não querem, por enquanto, expor. Estão discutindo, estão aprimorando."