Polícia Federal durante operação: em julho, um laudo contábil-financeiro elaborado por peritos criminais da Polícia Federal revelou que entre 2003 e 2014 foram movimentados R$ 220 milhões, em valores brutos, em contas de Mário Góes (Marcello Casal Jr./ABr)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2015 às 16h37.
São Paulo e Curitiba - O lobista Mário Góes, um dos delatores da Operação Lava Jato, entregou à Justiça Federal documentos que podem corroborar as declarações feitas em seu acordo de colaboração premiada. Mário Góes é apontado como operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobras, cota do PT na estatal.
O executivo anexou aos autos do processo que responde por corrupção e lavagem de dinheiro o cartão de abertura da offshore Maranelle Investments S.A., titular da conta Maranelle Investments S.A. mantida junto da Lombard Odier, Suíça.
Ele também entregou à Lava Jato detalhamento de movimentação da conta no período de 9 de dezembro de 2011 a 25 de novembro de 2014 e um contrato entre Zagope Angola - Construções e Engenharia S.A. e Phad Corporation.
Em julho, um laudo contábil-financeiro elaborado por peritos criminais da Polícia Federal revelou que entre 2003 e 2014 foram movimentados R$ 220 milhões, em valores brutos, em contas de Mário Góes.
Os peritos indicaram que a movimentação financeira nas contas do operador de propinas e das empresas ligadas a ele (Riomarine Oil e Gás Engenharia e Empreendimentos LTDA e Mago Consultoria S/C LTDA), se acentuou a partir do biênio 2008/2009.
Investigadores da Lava Jato suspeitam que a Riomarine é uma empresa de fachada, usada para 'esquentar' dinheiro de propina em contratos frios de consultoria.
Os novos documentos agora entregues pelo próprio Mário Góes podem ajudar os investigadores da Lava Jato a descobrir os beneficiários de propinas e da lavagem de dinheiro desviado da Petrobras.
A conta Maranelle, controlada por Mário Góes, era uma das que ele utilizava para recebimento de propinas no exterior.
Em delação premiada, o lobista confirmou que usou suas empresas, a RioMarine e a Phad Corporation, para repasse de propina e lavagem de dinheiro da empreiteira Andrade Gutierrez.
Ele decidiu contar o que sabe sobre o esquema de corrupção na estatal em troca de benefícios, como redução de pena. Mário Góes foi preso em 5 de fevereiro deste ano e teve a preventiva transformada em regime domiciliar após firmar o acordo de delação.
Um relatório de Análise de Material de Informática, subscrito por peritos da Polícia Federal em 19 de julho, aponta 'indícios de pagamento de vantagens ilícitas a Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras) junto a Phad Corporation pela Zagope Angola Engenharia e Construção, empresa ligada a Andrade Gutierrez'. Barusco é um dos delatores do esquema de corrupção e propina instalado na estatal e desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato.