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Delator diz não lembrar de ter falado a doleiro sobre Cunha

Youssef, pelo contrário, declarou hoje que Eduardo Cunha era um dos "destinatários finais" de uma propina de R$ 4 milhões em contratos da Petrobrás


	Investigadores da Lava Jato têm elementos para acreditar que documentos foram feitos a pedido de Eduardo Cunha
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Investigadores da Lava Jato têm elementos para acreditar que documentos foram feitos a pedido de Eduardo Cunha (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2015 às 21h08.

Curitiba e São Paulo - O executivo Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou à Justiça Federal no Paraná em depoimento nesta quarta feira, 13, que 'não se recorda' de ter falado ao doleiro Alberto Youssef sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ).

Youssef, peça central da Lava Jato, também nesta quarta, 13, declarou ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações sobre propinas e corrupção na Petrobrás, que Eduardo Cunha era um dos 'destinatários finais' de uma propina de cerca de R$ 4 milhões em contratos de navios-sonda da Petrobrás, sob investigação.

O doleiro reafirmou sua versão de que Cunha foi o mentor de requerimentos feitos na Câmara para pressionar a empresa Mitsui, que não estaria pagando a propina em 2011.

O doleiro disse que foi procurado pelo executivo Julio Camargo após estes requerimentos.

"Fui chamado em 2011 pelo Julio Camargo no seu escritório, onde ele se encontrava muito preocupado e me relatou que o Fernando Soares (suposto lobista do PMDB na Petrobrás), através do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), havia pedido alguns requerimentos de informações referentes aos contratos da Mitsui, da Toyo e do próprio Julio Camargo, através de outros deputados".

"O senhor citou os requerimentos quando esteve com Youssef?", questionou o juiz. "Não sei lhe precisar", respondeu Julio Camargo. Depois, ele voltou a dizer que "não se recorda" de ter dito ao doleiro sobre os requerimentos.

Em junho de 2011 foram apresentados ao governo dois requerimentos da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, feitos por uma ex-deputada do PMDB, pedindo informações e providências sobre os contratos das empresas Toyo e Mitsui e sobre as representações feitas pelo lobista Julio Camargo na Petrobrás .

Os investigadores da Lava Jato têm elementos para acreditar que os documentos foram feitos atendendo pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para pressionar o pagamento da propina atrasada.

O parlamentar, alvo de inquérito no âmbito do Supremo Tribunal Federal, nega. "É óbvio que não recebi (propina)."

Segundo afirma o doleiro, Camargo o procurou em 2011 para trazer dinheiro que ele tinha oculto fora do país para pagamento de propina a Fernando Baiano, após os pedidos de apuração da Câmara, e que tinham como destino Eduardo Cunha.

Foi o doleiro que providenciou a internalização de pelo menos US$ 4 milhões de Julio Camargo. Essa quantia teria servido para pagar Fernando Baiano.

Camargo afirmou que o suposto lobista do PMDB na Petrobrás Fernando Soares, o Fernando Baiano, o ameaçou para quitar integralmente 'comissionamento' referente à contratação de sondas para exploração de petróleo.

Sem receber da multinacional que representava, Julio Camargo decidiu tirar do próprio bolso a quantia exigida por Fernando Baiano. Por isso, recorreu ao doleiro Youssef para repatriar o dinheiro.

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