A defesa tem repetido que adotou uma postura colaborativa e de deferência ao Judiciário (EVARISTO SA/AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 12 de maio de 2023 às 13h10.
Última atualização em 12 de maio de 2023 às 13h22.
A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse nesta sexta-feira, 12, que ele não vai fazer delação premiada sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Torres foi solto na noite desta quinta-feira, após passar mais de 100 dias preso preventivamente. O advogado Eumar Novacki recebeu jornalistas em Brasília e afirmou que o ex-ministro não tem o que confessar. "Essa possibilidade está descartada", garantiu.
A defesa tem repetido que adotou uma postura colaborativa e de deferência ao Judiciário. Um problema com as senhas do celular do ex-ministro, no entanto, causou mal-estar com os investigadores. Ao se entregar para ser preso, Anderson Torres alegou que esqueceu o aparelho nos Estados Unidos, onde passava férias. Ele compartilhou com a Polícia Federal (PF) as senhas para acesso dos dados armazenados na nuvem. Essas senhas não funcionaram, o que segundo a PF impediu a extração de informações.
Novacki afirma que houve uma "falha técnica" e que o ex-ministro está disposto a receber um perito para "abrir todas as informações". "[A falha] foi conjuntural", disse.
Em manifestação enviada ao STF, a defesa já havia informado que as senhas poderiam ter sido "fornecidas equivocadamente", dado o "comprometimento cognitivo" de Anderson Torres após a prisão.
Na última avaliação médica, no dia 1º de maio, quando Torres ainda estava preso, a psiquiatra da Secretaria de Saúde do Distrito Federal prescreveu antidepressivo, ansiolítico e antipsicóticos ao ex-ministro. O advogado disse que ele continuará recebendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
"É óbvio que ontem a chegada na casa dele foi uma chegada muito emocionante, com as filhas que ele não via desde o momento da prisão. Eu acredito que isso vai ajudar na recuperação", afirmou. O advogado fez acenos ao STF e evitou contestar as decisões do Tribunal, que negou sucessivos pedidos para revogar a prisão preventiva de Torres.
Novacki disse que o Supremo agiu com a "energia" necessária diante da gravidade dos protestos golpistas, mas "acertou" ao liberar Anderson Torres para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. Ele também elogiou a "sensibilidade" do ministro Alexandre de Moraes. "Na sua casa ele [Torres] terá condições de recuperar o seu equilíbrio psíquico, ajudar a defesa e mantendo esse espírito cooperativo", defendeu. "O maior interesse no esclarecimento rápido é o ex-ministro", finalizou.
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