Covid: OMS espera declarar fim de emergência em 2023
"A pandemia de covid-19 diminuiu significativamente este ano, o surto global de varíola símia está diminuindo e não há casos de ebola em Uganda há mais de três semanas", declarou Tedros Adhanom, da OMS
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de dezembro de 2022 às 17h57.
Última atualização em 21 de dezembro de 2022 às 18h32.
Em tom esperançoso, Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse nesta quarta-feira, 21, esperar decretar o fim da emergência da covid-19 no ano que vem. Ele, no entanto, apontou uma série de lacunas que não permitem dizer que a pandemia acabou, mesmo com cenário mais animador com casos e mortes em tendência de queda.
"A pandemia de covid-19 diminuiu significativamente este ano, o surto global de varíola símia está diminuindo e não há casos de ebola em Uganda há mais de três semanas", declarou. "Esperamos que cada uma dessas emergências seja declarada encerrada em momentos diferentes no próximo ano."
Adhanom frisou que "estamos em um lugar muito melhor com a pandemia do que há um ano", quando vivíamos os estágios iniciais da onda da subvariante ômicron, e que o número de mortes pela doença relatadas semanalmente "caiu quase 90%". O painel de dados da organização mostra que, nas últimas 24 horas, 354 mil novas infecções e 895 mortes foram relatadas no mundo.
Contudo, destacou que "ainda existem muitas incertezas e lacunas para dizermos que a pandemia acabou". Entre elas, listou, falta de vigilância, testes e sequenciamento; milhões de pessoas não vacinadas; lacunas no tratamento e nos sistemas de saúde; falhas na compreensão da condição pós-covid, bem como de como essa pandemia começou. Para ele, tudo isso prejudica nosso conhecimento sobre como o vírus está mudando, coloca vidas em risco e também compromete nossa capacidade de prever e lidar com pandemias futuras.
Adhanom destacou que está "muito preocupado" com a evolução da doença na China, "com relatos crescentes de doenças graves". "A OMS está apoiando a China para concentrar seus esforços na vacinação de pessoas com maior risco em todo o país, e continuamos a oferecer nosso apoio para atendimento clínico e proteção de seu sistema de saúde."
A covid foi declarada uma emergência de saúde pública de interesse internacional (PHEIC, na sigla em inglês), em janeiro de 2020. Segundo o Regulamento Sanitário Internacional da OMS, acordo legal que envolve 196 países, uma PHEIC é definida como "um evento extraordinário determinado que constitui um risco de saúde pública para outros Estados por meio da disseminação internacional de doenças e por potencialmente exigir uma resposta internacional coordenada".
Monkeypox e ebola em Uganda
O chefe da OMS também falou sobre as emergências que surgiram ao longo de 2022. Sobre a varíola dos macacos, que passou a ser chamada de mpox, ele destacou que mais de 83 mil casos e 66 mortes foram relatados.
"Tal como acontece com a covid, o número de casos de mpox relatados semanalmente diminuiu mais de 90% em relação ao pico. Se a tendência atual continuar, esperamos que no próximo ano também possamos declarar o fim dessa emergência", disse.
Sem novos casos desde o fim de novembro e sem pacientes em tratamento no momento, Adhanom comentou que a organização iniciou a "contagem regressiva" para o fim do surto de ebola em Uganda. "Se nenhum novo caso for detectado, o surto será declarado encerrado em 11 de janeiro."
Ele ainda comentou que a organização continua a ajudar 30 países a responder a surtos de cólera; bem como a suprir de serviços básicos, de saúde e tratamento à desnutrição grave, em regiões da África afetadas pela crise climática, com secas e inundações.