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Corrupção na Petrobras vem de longa data, sugere Gabrielli

O ex-presidente da estatal chamou o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa de "dissimulado" e sugeriu que a corrupção na Petrobras vem de longa data

O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli: "e você acha que começa agora?" (Pedro França/Agência Senado)
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Da Redação

Publicado em 2 de fevereiro de 2015 às 10h20.

São Paulo - O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli chamou o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa de "dissimulado", em entrevista ao jornal Valor.

Disse que o ex-diretor tem 30 anos de Petrobras e sugere que a corrupção vem de longa data: "E você acha que começa agora?".

Gabrielli negou que poderia ter evitado esses desvios, em sua gestão, e que inclusive o próprio Costa disse que seguiu estritamente as regras internas. "Se não tem falha nos procedimentos internos, como é que se descobre a relação entre um doleiro e um fornecedor? Não tem como descobrir".

Costa, delator da Operação Lava Jato , que investiga corrupção na Petrobras, afirmou que recebia 3% em propina sobre contratos. Esse porcentual é questionado pelo ex-presidente na reportagem, dizendo que "primeiro isso não está provado. E 3% de todos os contratos são R$ 4 bilhões. E onde é que estão esses R$ 4 bilhões", indaga.

Ainda sobre propina, Gabrielli explicou que "o registro contábil é complicado, porque é difícil separar o que é comissão de corrupção."

Segundo Gabrielli, "não se pode, a partir do comportamento criminal de algumas pessoas, criminalizar uma empresa do tamanho da Petrobras".

Questionado sobre a influência do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva em questões de investimento em refinarias que hoje estão sob investigação, Gabrielli respondeu que o "conselho forçou um pouco" a decisão num momento de mercado em que o Brasil "estava precisando", para atender os sinais de aumento do consumo, por volta de 2006, 2007. Depois, ele diz que o "mercado mudou", o que justificaria que não havia mais possibilidade de exportar derivados, como era o objetivo das refinarias Premium e a de Pernambuco. "Hoje, a Petrobras avalia que Premium I e II não precisam mais ser feitas porque o mercado vai ser atendido por Rnest e Comperj. É uma mudança de mercado, mas é assim mesmo".

Indagado sobre o tamanho da dívida, de R$ 300 bilhões, com risco de vencimento no curto prazo, o ex-presidente da estatal ponderou que "isso, se tiver o default", mas que não se calcula a dívida vencendo imediatamente."

"Agora, os 30% do pré-sal eu acho que está ameaçado", afirmou, explicando que a redução dos investimentos significa mudança na curva de produção e se tiver novos leilões para o pré-sal vai se criar dificuldade para alcançar essa participação obrigatória da estatal. "Isso é uma discussão de governo, não da Petrobras".

A respeito de Pasadena, entre outros pontos, trata da briga com a sócia Astra e que não havia como continuar com a sociedade, por isso foi proposto ao conselho de administração a compra dos outros 50% e pedido de mais informações.

Ao comentário de que o conselho era presidido por Dilma Rousseff, rebateu que não importa quem está na cadeira. "Essa é uma questão política."

Afirmou que na ocasião ela pediu mais informações por duas ou três reuniões e que o "superboard", comitê gestor da refinaria, se reunia apenas uma vez. Sobre a decisão de Paulo Roberto Costa, que representava o superboard, afirmou que "se recebeu propina, foi fora da Petrobras" e que "ninguém decide individualmente na Petrobras. Eu digo sempre, a Petrobras não é uma bodega".

São Paulo – Levantamento do Ministério Público Federal mostra que ao menos R$ 2,1 bilhões foram desviados da Petrobras no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato . Como o número é referente aos crimes denunciados pelo MPF até agora, é possível que o volume aumente com o avanço das investigações da Polícia Federal. A Procuradoria, no entanto, estima que só na área de Abastecimento, os desvios podem ser da ordem dos 5 bilhões de reais, de acordo com entrevista publicada no jornal O Globo. Ontem, a Petrobras divulgou seu balanço trimestral, mas as perdas acumuladas com os casos de corrupção não foram contabilizadas. Perto de completar um ano de investigações, o Ministério Público Federal criou um site para divulgar informações sobre a Operação Lava Jato. Segundo o balanço divulgado na página, 400 milhões de reais já foram recuperados e 200 milhões de reais em bens dos acusados foram bloqueados. Até agora, 86 pessoas já foram denunciadas. A expectativa é de que, em fevereiro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhe ao Supremo Tribunal Federal (STF)  pedidos de abertura de inquérito contra parlamentares e autoridades citados nas delações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Confira quem são e o que dizem os 33 políticos citados na Lava Jato.  Veja nos slides os grandes números das investigações da Operação Lava Jato.
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