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Consequências do caso Flávio Bolsonaro podem ser desastrosas, diz analista

As denuncias envolvendo Flávio Bolsonaro desgastam o governo em um período que que o Planalto precisa de apoio para obter vitórias no Congresso

Flávio Bolsonaro: o senador eleito recebeu 48 depósitos que totalizam 96 mil reais (Adriano Machado/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de janeiro de 2019 às 12h36.

São Paulo - As novas evidências de depósitos suspeitos na conta do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) podem trazer consequências "desastrosas" para o governo do presidente Jair Bolsonaro, na avaliação do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carlos Pereira. Ele afirma que o "escândalo" cria um desgaste entre o governo e sociedade, no momento em que a confiança da população é crucial para que o Planalto consiga obter vitórias no Congresso Nacional.

"Era importante que a sociedade pudesse pressionar o Congresso e inflasse o preço dos parlamentares que votassem contra o governo. Mas se o governo começa a sentir desgastes dessa natureza (como o caso de Flávio Bolsonaro), ele corre o risco de, muito rapidamente, se tornar refém do Congresso e ter dificuldade para aprovar projetos importantes", explica o especialista.

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Trecho de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ), revelado na noite de ontem, 18, pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, mostra que em um mês quase 50 depósitos em dinheiro foram feitos numa conta de Flávio, filho do presidente Bolsonaro. A suspeita, segundo a reportagem, é que funcionários dos gabinetes devolviam parte dos salários, numa operação conhecida como "rachadinha".

O professor da FGV acredita que ainda é cedo para avaliar se a confiança da população em relação ao governo já foi, de fato, abalada. No entanto, o extrato do eleitorado que votou no ex-capitão por questões estratégicas, como o antipetismo ou a falta de opção, tende a apresentar desgastes mais rapidamente "caso o governo continue insistindo na negação ou na obstrução das investigações".

Na última quinta-feira, 17, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, decidiu suspender temporariamente a investigação sobre Fabrício Queiroz , a pedido de Flávio Bolsonaro. Queiroz foi assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e é investigado por movimentação suspeita de contas bancárias. O filho do presidente pediu, também, a anulação das provas contra seu ex-assessor alegando que "o Ministério Público do Rio se utilizou do Coaf para criar atalho e se furtar ao controle do Poder Judiciário, realizando verdadeira burla às regras constitucionais de quebra de sigilo bancário e fiscal".

Pereira, da FGV, avalia que "mais desastroso" que o escândalo da movimentação financeira suspeita "é a posição do próprio Flávio de tentar minimizar as investigações".

Davos

Questionado sobre o efeito desde cenário para a participação de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, Pereira diz que a expectativa é que a agenda reformista do governo federal se sobressaia ao envolvimento do filho do presidente em casos suspeitos e soe positivamente no encontro. "Até o momento, a perda do governo com os escândalos é muito mais interna do que externa", acrescenta.

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