12 projetos de estádios da Copa 2014
TCU avaliou projetos e classificou arenas quanto aos riscos econômicos que oferecem
Da Redação
Publicado em 1 de novembro de 2010 às 13h30.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h40.
São Paulo - Na corrida para deixar tudo pronto até a Copa do Mundo de 2014, nenhum ponto é mais crítico do que garantir uma rede de estádios compatível com o evento. Desde o fim de 2009 as sedes brasileiras apertam o passo para apresentar seus projetos de arena, obter a aprovação da FIFA e iniciar as obras.
O Tribunal de Contas da União (TCU) elaborou um relatório no qual analisa a situação de cada projeto e avalia seus riscos econômicos. Segundo o parecer dos técnicos, as 12 sedes estão classificadas em três grupos, segundo o critério dos estádios.
No primeiro, do qual fazem parte São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, o risco é praticamente inexistente. Estas cidades têm tradição no futebol, com grandes equipes nas principais categorias, o que é sinônimo de multidões nos estádios. Assim, a receita obtida com os jogos é suficiente para cobrir os investimentos que serão feitos nas reformas das arenas.
Um segundo grupo apresenta riscos econômicos moderados. Nele estão Curitiba, Salvador, Fortaleza e Recife. Apesar de terem clubes menores, estas cidades mantêm ao longo dos anos uma boa média de público pagante nos jogos (entre nove mil e 15 mil por jogo). O preço dos ingressos, que varia entre nove e 19 reais, também gera uma renda capaz de fazer frente às despesas com as obras e a manutenção dos novos estádios.
Já no terceiro grupo, a situação é mais delicada. O parecer do TCU ressalta que em Manaus, Natal, Cuiabá e Brasília, o risco de serem construídos verdadeiros elefantes brancos é grande. Além de ter pouca tradição no futebol, nestas quatro sedes a relação entre público pagante e preço dos ingressos sugere que as despesas com manutenção dos estádios será superior à receita dos jogos.
São Paulo - Depois de meses de um grande imbróglio envolvendo o estádio do Morumbi e a FIFA, a cidade de São Paulo finalmente assegurou, em agosto, seu direito de sediar a abertura da Copa do Mundo de 2014. Segundo notícia do jornal O Estado de S. Paulo, o estádio do Corinthians, em Itaquera, deve abrigar a cerimônia.A obra de construção, tocada pela Odebrecht, será realizada em duas etapas. Na primeira, será construída a parte principal da arena, com 45 mil lugares. Nesta fase, a Odebrecht investirá 300 milhões de reais. Em contrapartida, a construtora ficará com a receita da venda do nome do estádio.O segundo período será de expansão. Com um investimento de cerca de 200 milhões de reais, será realizada uma ampliação da arena, que chegará aos 70 mil lugares até 2014 - capacidade necessária para ser a sede da abertura da Copa do Mundo. O Corinthians espera a conclusão das obras para o início de 2013 para que o estádio seja usado já na Copa das Confederações.
São Paulo - Nada mais justo que realizar a final da Copa do Mundo de 2014 no estádio que é um dos maiores símbolos do futebol brasileiro. No último jogo do torneio, todas as atenções estarão voltadas para o Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã.Para receber um evento destas proporções, o estádio passará por uma reforma. Algumas adaptações estão previstas, mas a mudança mais significativa deve ser a construção de uma nova cobertura. Também deve ser construído um prédio para estacionamento. As obras devem custar em torno de 700 milhões de reais.De acordo com o parecer do TCU, o Maracanã é uma das quatro sedes em que não há risco de rentabilidade. Isto significa que é grande a probabilidade de que a receita gerada pelo estádio cubra os gastos com sua manutenção. O Rio de Janeiro tem grande tradição no futebol e os três grandes estádios da cidade recebem jogos com público pagante entre 17 e 24 mil pessoas. Os preços do ingresso variam entre 13 e 22 reais.
São Paulo - Outro estádio candidato a sediar os jogos mais importantes da Copa do Mundo é o Mineirão, em Belo Horizonte. Habitualmente palco de grandes partidas de clubes como o Cruzeiro e o Atlético Mineiro, a arena tem capacidade total para 75,7 mil pessoas. O Mineirão passa atualmente por uma reforma em três fases, que deve durar até dezembro de 2012.De acordo com avaliação do TCU, o estádio é um dos poucos dentro do cronograma estabelecido pela FIFA. Junto com o estádio em São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro, o Mineirão integra o grupo de arenas em cujos projetos praticamente não há risco financeiro. A reforma do estádio, que é propriedade do Governo do Estado, custará aos cofres públicos 50 milhões de reais.O público por partida no Mineirão varia de 17 a 24 mil pessoas. Os ingressos são cobrados por um valor entre 13 e 22 reais, o que garante o retorno sobre o investimento realizado.
São Paulo - O Beira Rio, estádio do Internacional de Porto Alegre, deve ser palco de alguns dos mais importantes jogos da Copa do Mundo de 2014. De propriedade privada, a arena atualmente está em obras, que custarão cerca de 150 milhões de reais.Parecer emitido pelo TCU conclui que não há riscos de rentabilidade relacionados ao Beira Rio. Assim como em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, Porto Alegre também possui tradição no futebol, com grandes times e boa média de público pagante (acima de 17 mil pessoas). Assim, o uso da arena justifica os investimentos.
São Paulo - Como seus estádios não apresentavam condições de receber jogos da Copa, a decisão do comitê organizador de Salvador foi começar do zero. O estádio Fonte Nova, um dos três grandes da Bahia, foi implodido no dia 29 de agosto e será reerguido. A obra será realizada por meio de uma parceria público-privada com um consórcio formado pelas construtoras OAS e Odebrecht. As empresas contratadas receberão um total de 675 milhões de reais pela obra, de acordo com estudo do TCU.Entretanto, há ressalvas sobre a obra. Considerando o público pagante dos jogos que acontecem na Fonte Nova (entre 9 mil e 15 mil pagantes) e o valor dos ingressos (entre 9 e 19 reais), há riscos moderados de que o investimento não seja remunerado pela receita obtida pelo estádio.Diante desta possibilidade, é esperado que a arena seja disponibilizada para abrigar outros eventos além dos desportivos. A expectativa é que o estádio arrecade três milhões de reais anuais com a concessão de direitos.
São Paulo - A cidade de Curitiba é uma das três sedes com estádios de propriedade privada. A Arena da Baixada pertence ao Clube Atlético Paranaense. Nesta segunda-feira (20/09), foi acertado que serão investidos, ao todo, 90 milhões de reais nas obras do estádio. Segundo a assessoria de imprensa do clube, um terço do montante caberá ao próprio Atlético, e o restante, aos governos municipal e estadual, por meio de um mecanismo de incentivo construtivo, que envolve a captação de recursos junto à iniciativa privada.A Arena da Baixada faz parte do grupo que o TCU classifica como o que oferece risco moderado quanto ao retorno financeiro. Os outros três estádios deste grupo são a Fonte Nova, na Bahia, o Castelão, no Ceará, e a Arena Recife, em Pernambuco.No caso do Atlético Paranaense, para complementar a receita obtida com os jogos, espera-se que a captação de recursos aconteça por meio de concessões de direitos para que empresas ou marcas usem o nome da arena. Entretanto, segundo o TCU, uma pesquisa encomendada pelo governo municipal de Curitiba mostra que o nível de interesse por estes direitos concedidos não corresponde às necessidades de investimentos. Inicialmente, a matéria dizia, com base em estudo do TCU, que o Atlético Paranaense investiria 113 milhões de reais na arena. As informações foram alteradas.
governo municipal de Curitiba mostra que o nível de interesse por estes direitos concedidos não corresponde às necessidades de investimentos.
São Paulo - A Arena Recife será o único estádio cujo formato fugirá ao convencional, observado na maioria dos palcos de jogos da Copa da África do Sul. Sem trechos de verticalidade acentuada, a sensação transmitida ao observador será a de que a arena "brota do chão", de acordo com o arquiteto responsável, Daniel Fernandes.A obra custará 450 milhões de reais e o investimento será feito via parceria públic0-privada com duração de oito anos. O montante principal deve vir da iniciativa privada. A parcela da administração pública deve ficar por conta do terreno, de propriedade do governo de Pernambuco.Entre os aspectos da construção que serão avaliados pela FIFA, os que mais preocupam são os relacionados com o entorno. Exemplos são os estudos de impactos no trânsito e na vizinhança. O TCU considera moderado o risco financeiro da obra. Recife possui três estádios: Ilha do Retiro (Sport), Arruda (Santa Cruz) e Aflitos (Náutico).
São Paulo - O Castelão, tradicional estádio da capital cearense, passará por uma reforma e deve oferecer, em 2014, 67 mil lugares aos torcedores. Este porte o coloca entre os prováveis palcos dos jogos mais importantes da Copa.As obras no estádio custarão 351,5 milhões de reais que serão investidos por meio de uma parceria público-privada com duração de oito anos. Representantes do BNDES, por meio do qual se dará o financiamento, afirmam que o projeto do Castelão é "de boa qualidade".De acordo com relatório do TCU, o Castelão faz parte do grupo de arenas com risco financeiro moderado. O estudo classifica desta forma, além do estádio de Fortaleza, as arenas em Curitiba, Recife e Salvador.
São Paulo - Segundo o relatório elaborado pelo TCU, existem quatro projetos para arenas nos quais o risco financeiro é elevado. Ou seja, grandes são as chances de se construir elefantes brancos, que serão dispensáveis depois da Copa do Mundo de 2014. O primeiro caso é o de Manaus.O projeto da capital amazonense prevê a construção da Arena Amazonas no lugar do recém-demolido estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão. Esta arena multiuso, projetada para ter 47,5 mil lugares, vai custar 500 milhões de reais.A questão, neste caso, é como tornar sustentável o uso da arena depois da Copa. O estado do Amazonas não possui tradição no futebol e conta com times de pouca expressão, fora das principais categorias do esporte no Brasil. Além disso, a média de público é de dois mil pagantes por jogo, com ingressos entre quatro e 13 reais.
São Paulo - A Arena das Dunas, como será chamado o estádio construído em Natal para a Copa de 2014, teve seu projeto desenvolvido nos moldes de uma parceria público-privada. O investimento estimado será de cerca de 420 milhões de reais.Segundo relatório elaborado pelo TCU, a arena faz parte do "grupo de risco" dentre todos os estádios. Natal, assim como Manaus, não possui expressividade no futebol atualmente, o que aumenta a probabilidade da arena se transformar em um elefante branco.O público pagante por jogo varia entre 800 e quatro mil pessoas, e os preços de ingressos vão, em média, de quatro a 13 reais. Para garantir a sustentabilidade financeira da obra depois da Copa, os administradores terão que pensar em outras formas de usar o estádio, como shows e outros eventos.
São Paulo - Em Cuiabá, o estádio Verdão será demolido e reconstruído. Para a Copa, a arena contará com 42,5 mil lugares. Mas, 15 mil deles, localizados atrás dos gols, serão removíveis. Esta foi a solução pensada para reduzir os custos de manutenção do estádio, numa tentativa de minimizar os riscos quanto ao retorno financeiro.As obras custarão 342 milhões de reais, dos quais estão excluídos os custos com equipamentos como cadeiras e placares eletrônicos. Estes últimos incorporam ao projeto um gasto extra de 27 milhões de reais.Estima-se que as obras do Verdão sejam concluídas em dezembro de 2012. O estádio faz parte do grupo de risco, junto com outras três arenas. O TCU avalia que, pelo fato de Cuiabá não possuir tradição no futebol e ter um histórico de público reduzido nos jogos, a probabilidade de um retorno financeiro adequado para tornar a obra sustentável seja pequena.
São Paulo - A capital do Brasil usou justamente este argumento para disputar o posto de sede da abertura da Copa do Mundo de 2014. Até agora, não funcionou. Mesmo assim, para tentar atrair jogos importantes, Brasília apresentou um dos projetos conceituais de estádio "mais ambiciosos", segundo estudo do TCU, o qual prevê 70 mil lugares.
Os investimentos na reforma do estádio Mané Garrincha foram estimados em cerca de 600 milhões de reais. Um parecer do Tribunal de Contas do Distrito Federal apontou indícios de sobrepreço nos cálculos e o processo de licitação chegou a ser interrompido.
Por possuir clubes de pouca expressão no futebol brasileiro e uma média pequena de pagantes por jogo, Brasília também entra no grupo das cidades com estádios que apresentam elevados riscos financeiros.
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