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Condenação de Lula amplia incerteza sobre eleições de 2018

Lula foi condenado nesta quarta-feira a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro

Eleições 2018: O PT não tem outro candidato viável", disse Fleischer da UnB (Nacho Doce/Reuters)

Eleições 2018: O PT não tem outro candidato viável", disse Fleischer da UnB (Nacho Doce/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de julho de 2017 às 21h38.

São Paulo - A condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumenta a incerteza sobre o cenário eleitoral do ano que vem, com a possibilidade de o atual líder nas pesquisas, que já sinalizou claramente o desejo de ser candidato, ficar fora da disputa.

Lula foi condenado nesta quarta-feira a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro no caso que envolve um tríplex no Guarujá.

Caso a sentença seja confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Lula ficará impedido de disputar um terceiro mandato presidencial.

"Se Lula for inviabilizado, muda todo o cenário para a eleição do ano que vem. A disputa fica muito mais aberta", disse o cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer. "Abre espaço até para um nome hoje desconhecido."

As atenções dos observadores da cena política e dos próprios políticos deverá ficar voltada ao TRF-4, instância superior à 13ª Vara Federal de Curitiba, cujo titular é Moro, na expectativa de que a corte se posicione a tempo do calendário eleitoral.

"O cenário que está se desenhando no momento, e que pode mudar, é uma cenário com várias candidaturas e com um votação extremamente pulverizada", disse Danilo Gennari, sócio da Distrito Relações Governamentais em Brasília.

"Se o Lula for de fato candidato e se não aparecer nada de muito grave até lá, ele é um candidato que tem uma vaga quase certa no segundo turno", acrescentou.

Além do processo em que foi condenado nesta quarta, Lula é réu em outras quatro ações penais --uma delas também sob Moro-- e pode tornar-se réu mais uma vez caso o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba aceite uma denúncia contra ele no caso envolvendo um sítio em Atibaia.

Para Gennari, independentemente de Lula estar ou não apto a disputar a eleição, ele terá um papel a desempenhar no pleito, dada seu alto piso eleitoral, apontado nas últimas pesquisas, e sua popularidade especialmente nas Regiões Norte e Nordeste.

"Eu acho que ele chega forte de qualquer jeito. Obviamente tem um pouco de desgaste, mas esse desgaste do Lula já está absorvido em grande parte. O Lula tem uma rejeição muito alta, que não deve aumentar muito por conta da condenação", avaliou.

"(A condenação) tem um impacto, mas não acredito que seja um impacto suficientemente forte para tornar a candidatura dele pouco competitiva. Acho que ele continua sendo muito competitivo. Rejeição muito alta sinaliza um pouco que o impacto já foi absorvido um pouco também."

Futuro do PT

Se a possibilidade de Lula ser impedido de disputar a Presidência no ano que vem deixa mais incerto o cenário eleitoral, a ausência do presidente na urna eletrônica impossibilita o PT de eleger pela quinta vez seguida o inquilino do Palácio do Planalto.

"O PT não tem outro candidato viável", disse Fleischer da UnB.

Não à toa, a reação dos petistas à condenação do ex-presidente foi enfática e correligionários de Lula voltaram a dizer que uma eventual eleição sem a presença do ex-presidente será ilegítima.

Em um cenário sem Lula, o PT poderá até mesmo avaliar a possibilidade de apoiar um candidato de outra legenda, algo que o partido jamais fez em uma disputa presidencial.

"Sem Lula, a grande missão do PT vai ser não desidratar como partido. Vai ter que jogar suas fichas principalmente em eleger deputados", disse Gennari.

"O cálculo vai ser: considerando que não há uma candidatura Lula, o que vai fortalecer o PT como partido?", acrescentou.

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