Compra parcelada no cartão deve crescer com IOF maior
Especialistas acreditam que bancos vão encontrar modalidades para escapar da cobrança do imposto; aumento do crédito para lojistas também é uma opção
Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2011 às 13h39.
São Paulo - Bancos e varejistas vão encontrar canais alternativos para driblar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,5% para 3% ao ano no crédito para pessoa física, anunciado ontem à noite pelo governo. Especialistas ouvidos pela Agência Estado dizem que as compras parceladas sem juros no cartão de crédito, que não pagam IOF, devem crescer nos próximos meses.
Além disso, ao invés de emprestar para o consumidor, os bancos podem reforçar acordos com redes de varejo, liberando o crédito para os lojistas para que estes financiem as compras diretamente a seus clientes, escapando também do IOF maior.
Os analistas da gestora Barclays Capital, Roberto Attuch e Fabio Zagatti, destacam que o aumento do IOF abre canais alternativos para o consumidor se financiar sem pagar uma taxa maior. Em relatório distribuído a clientes, eles destacam que o parcelamento sem juros no cartão é um desses principais canais.
Os analistas também estão céticos quanto a eficácia da medida para frear o crédito no sistema financeiro, que cresceu 21% nos 12 meses encerrados em fevereiro. "Temos a percepção de que um aumento extra de 1,5 ponto porcentual no custo do crédito ao consumo não parece ter um impacto significativo em reduzir a originação desse crédito", destacam no relatório.
O analista de bancos da Planner, Ricardo Tadeu Martins, avalia que os bancos menores, que dependem mais do crédito ao consumo, podem ser mais afetados pelas medidas que os grandes. O Daycoval, por exemplo, tem 33% da carteira em crédito ao consumo, segundo balanço do quarto trimestre de 2011. Para Martins, o governo deveria fazer reformas estruturais que ataquem as causas da inflação, e não as consequências do processo inflacionário.
Na média, o crédito ao consumo responde por 45% das carteiras dos bancos brasileiros, levando em contas dados do quarto trimestre de 2010. Entre os grandes bancos, o Santander pode ser o mais influenciado pela alta do tributo, pois tem a maior participação do mercado no crédito ao consumo, que responde por 46% de sua carteira de crédito, segundo levantamento feito pelo Barclays Capital. O Itaú tem 45%, Bradesco tem 42% e o Banco do Brasil (BB) tem a menor fatia, de 32%.
A medida anunciada ontem deve ter impacto negativo principalmente em linhas como crédito consignado e financiamento de veículos, avaliam os analistas. A razão é que são os segmentos com menor taxa de juros quando comparado a outras linhas, por isso são mais sensíveis ao aumento do IOF. Entre os grandes bancos, o Banco do Brasil é o que tem maior participação do consignado dentro da carteira de crédito ao consumo, com 40%, ante 15% no Bradesco, 13% no Santander e apenas 6% no Itaú. Nos automóveis, o Itaú Unibanco é o mais forte, com 45% de sua carteira focada no segmento, ante 34% do Bradesco e Santander e 24% do BB.
São Paulo - Bancos e varejistas vão encontrar canais alternativos para driblar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,5% para 3% ao ano no crédito para pessoa física, anunciado ontem à noite pelo governo. Especialistas ouvidos pela Agência Estado dizem que as compras parceladas sem juros no cartão de crédito, que não pagam IOF, devem crescer nos próximos meses.
Além disso, ao invés de emprestar para o consumidor, os bancos podem reforçar acordos com redes de varejo, liberando o crédito para os lojistas para que estes financiem as compras diretamente a seus clientes, escapando também do IOF maior.
Os analistas da gestora Barclays Capital, Roberto Attuch e Fabio Zagatti, destacam que o aumento do IOF abre canais alternativos para o consumidor se financiar sem pagar uma taxa maior. Em relatório distribuído a clientes, eles destacam que o parcelamento sem juros no cartão é um desses principais canais.
Os analistas também estão céticos quanto a eficácia da medida para frear o crédito no sistema financeiro, que cresceu 21% nos 12 meses encerrados em fevereiro. "Temos a percepção de que um aumento extra de 1,5 ponto porcentual no custo do crédito ao consumo não parece ter um impacto significativo em reduzir a originação desse crédito", destacam no relatório.
O analista de bancos da Planner, Ricardo Tadeu Martins, avalia que os bancos menores, que dependem mais do crédito ao consumo, podem ser mais afetados pelas medidas que os grandes. O Daycoval, por exemplo, tem 33% da carteira em crédito ao consumo, segundo balanço do quarto trimestre de 2011. Para Martins, o governo deveria fazer reformas estruturais que ataquem as causas da inflação, e não as consequências do processo inflacionário.
Na média, o crédito ao consumo responde por 45% das carteiras dos bancos brasileiros, levando em contas dados do quarto trimestre de 2010. Entre os grandes bancos, o Santander pode ser o mais influenciado pela alta do tributo, pois tem a maior participação do mercado no crédito ao consumo, que responde por 46% de sua carteira de crédito, segundo levantamento feito pelo Barclays Capital. O Itaú tem 45%, Bradesco tem 42% e o Banco do Brasil (BB) tem a menor fatia, de 32%.
A medida anunciada ontem deve ter impacto negativo principalmente em linhas como crédito consignado e financiamento de veículos, avaliam os analistas. A razão é que são os segmentos com menor taxa de juros quando comparado a outras linhas, por isso são mais sensíveis ao aumento do IOF. Entre os grandes bancos, o Banco do Brasil é o que tem maior participação do consignado dentro da carteira de crédito ao consumo, com 40%, ante 15% no Bradesco, 13% no Santander e apenas 6% no Itaú. Nos automóveis, o Itaú Unibanco é o mais forte, com 45% de sua carteira focada no segmento, ante 34% do Bradesco e Santander e 24% do BB.