Comparação de Marina com Collor foi política da "verdade"
Propaganda de Dilma na TV exibiu trechos em que um locutor questiona a governabilidade de um eventual governo de Marina
Da Redação
Publicado em 3 de setembro de 2014 às 17h19.
Belo Horizonte - A presidente Dilma Rousseff (PT), em evento de campanha à reeleição nesta quarta-feira, afirmou que a comparação da adversária Marina Silva (PSB) com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, feita na propaganda de TV da petista, não representa a política do "medo", mas a da "verdade".
"É a política da verdade. O que nós dissemos, não é que as pessoas são iguais, é que se você não tem número suficiente de deputados você não aprova nenhum projeto", disse Dilma ao ser questionada se a comparação de Marina com Collor, hoje aliado de seu governo, seria uma reedição da política do medo que o PT foi alvo em eleições anteriores.
"Acho que na democracia a gente perde e a gente ganha. Inclusive, eu quero dizer que perdi algumas vezes, mas ganhei outras tantas no Congresso Nacional", acrescentou a presidente a jornalistas em Belo Horizonte, antes de participar de uma carreata em carro aberto em Venda Nova, reduto do PT na capital mineira.
Na terça-feira, a propaganda de Dilma na TV exibiu trechos em que um locutor questiona a governabilidade de um eventual governo de Marina, citando os ex-presidentes Collor e Jânio Quadros, que não concluíram os mandatos, como momentos em que o país escolheu "salvadores da pátria" e "chefes do partido do eu sozinho".
Jânio renunciou, e Collor sofreu impeachment.
"A necessidade de negociar é inexorável. É importante saber ao negociar não ceder diante dos interesses do Brasil", afirmou Dilma.
A presidente voltou a falar nesta quarta-feira, em Belo Horizonte, sobre sua preocupação em relação ao programa de Marina no que se refere à industria, e citou como exemplo o impulso dado em seu governo ao setor naval e automobilístico.
"A política industrial no país é composta por duas coisas que pelo menos o programa da candidata adversária coloca como ela eliminando ou reduzindo a importância", disse, referindo-se à política de conteúdo nacional e a questão dos bancos públicos.
Para Dilma, "é absolutamente temerário, inacreditável, que alguém proponha reduzir o papel dos bancos público".
O programa de governo da candidata do PSB à Presidência, divulgado na semana passada, prevê uma presença menor dos bancos públicos na economia, sendo substituídos por uma maior presença de bancos privados, inclusive no financiamento agrícola e a programas habitacionais.
Os bancos públicos como o Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES, que desde a crise financeira internacional expandiram fortemente sua presença na economia, têm sido alvo de críticas por sustentarem seus empréstimos por meio de aportes recebidos do Tesouro Nacional.
"O papel dos bancos não é algo que simplesmente se coloca, se escreve que ele vai ser assim, assim e assado. É bom conhecer primeiro como é que funciona para depois propor, porque senão você desestrutura a economia brasileira", criticou Dilma.
Agenda Oficial
Pela terceira vez depois do início oficial da campanha em visita a Minas, o segundo maior colégio eleitoral do país atrás de São Paulo, Dilma centrou fogo nas críticas contra Marina e poupou o senador mineiro e candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, terceiro colocado na corrida eleitoral.
A presidente tem direcionado os ataques da campanha a Marina após o crescimento nas pesquisas da candidata do PSB, que tirou Aécio do segundo lugar.
O último levantamento Datafolha mostrou as duas candidatas empatadas em primeiro lugar nas intenções de voto para o primeiro turno, com a presidente sendo derrotada pela ex-senadora numa simulação de segundo turno.
Antes de participar da carreata, a presidente cumpriu agenda oficial em evento da Olimpíada do Conhecimento, organizada pelo Senai (Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial) também em Belo Horizonte.
Em discurso, disse que gostaria que o país estivesse crescendo em um ritmo mais acelerado, mas sugeriu que o quadro seria pior se não tivessem sido tomadas medidas para proteger o investimento em meio à crise internacional.
"São medidas tanto que protegeram as nossas condições de ter um futuro que garanta uma expansão e uma qualificação da nossa indústria", disse Dilma, que elencou medidas adotadas pelo governo que ajudaram a reduzir os impactos da crise, como a política de compras públicas, baseada no conteúdo local, e a política de crédito subsidiado à industria, como é o caso do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), entre outras.
Dados divulgados pelo IBGE na última sexta-feira mostraram que o Brasil entrou em recessão técnica devido à queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,6 por cento no segundo trimestre sobre os primeiros três meses do ano.
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