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Como Marcelo Leonardo tenta livrar Valério da prisão

Desde que assumiu como defensor do "operador" em 2005, no auge do caso, Leonardo impôs seu estilo, sempre sóbrio e direto, às vezes sisudo


	Marcos Valério: "Lula era o chefe", teria dito o operador do mensalão
 (José Cruz/ABr)

Marcos Valério: "Lula era o chefe", teria dito o operador do mensalão (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2012 às 10h26.

São Paulo - Ao pedir cautela quando novas declarações atribuídas a Marcos Valério começaram a surgir na imprensa durante o julgamento do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, classificou o empresário mineiro como "um jogador". Reservadamente, ministros do Supremo concordam com Gurgel e compartilham a opinião de quem acompanha de perto o escândalo desde o seu início: Valério não dá um passo sem consultar seu advogado, o respeitado criminalista Marcelo Leonardo.

Desde que assumiu como defensor do "operador" em 2005, no auge do caso, Leonardo impôs seu estilo, sempre sóbrio e direto, às vezes sisudo.

A primeira ordem que impôs para abraçar a causa vigora oficialmente até hoje: Valério não deveria dar entrevistas.

Mas nos anos que se seguiram e mesmo durante o julgamento, várias declarações em tom de ameaças publicadas na imprensa são atribuídas ao empresário mineiro. O alvo é geralmente o PT, mas, mais recentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou na mira.

Em setembro do ano passado, o nome de Lula foi incluído nas alegações finais da defesa de Valério encaminhadas ao Supremo. O advogado, que assina o documento, sustentou que a acusação da Procuradoria-Geral da República é um "raríssimo caso de versão acusatória de crime em que o operador do intermediário aparece como a pessoa mais importante da narrativa, ficando mandantes e beneficiários em segundo plano, alguns, inclusive, de fora da imputação, como o próprio presidente Lula".

Nota

Na época, Leonardo divulgou nota negando ter cobrado a inclusão do ex-presidente na denúncia do mensalão. Essa parte das alegações finais, porém, foi mantida nos memoriais - relatórios derradeiros da defesa - encaminhados aos ministros do STF.


Valério já havia sofrido condenações - corrupção, peculato e lavagem de dinheiro - no julgamento da ação penal no Supremo quando a revista Veja publicou reportagem afirmando que o empresário havia dito a pessoas próximas que o ex-presidente só não virou réu porque ele, o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares mantiveram silêncio. "Lula era o chefe", disse Valério, segundo a revista.

O advogado vinha sustentando publicamente que considerava não ser mais possível propor delação premiada na fase de julgamento da ação. Mas também em setembro, dias após Valério procurar espontaneamente o Ministério Público Federal para prestar novas informações, sua defesa subscreveu um fax encaminhado ao STF com pedido de inclusão do empresário no programa de proteção a testemunhas em troca da delação.

Entre advogados que atuam no mensalão, a suspeita é que o objetivo de Valério - que já recebeu penas de 40 anos - seja garantir sua segurança na prisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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