Como esvaziar as ruas de SP dos carros? Basta cobrar R$ 5
Estudo do Insper mostra que é possível fazer quase 30% dos motoristas optarem por metrô ou ônibus se um pedágio urbano de cinco reais for implantado no centro expandido de SP
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2013 às 11h54.
São Paulo – Não adianta construir estações de metrô nem corredores de ônibus para convencer os moradores de São Paulo a deixar o carro em casa. É preciso fazer doer no bolso. A conclusão é de um estudo do Insper - que promete enfurecer motoristas - obtido por EXAME.com e em fase de finalização. De acordo com a pesquisa , uma cobrança de cinco reais de quem circula pelo centro expandido da capital paulista acarretaria na diminuição imediata de 28% no uso de carros.
Se o valor fosse aplicado em toda a cidade, a queda na presença dos automóveis de uso pessoal - que somam mais de 7 milhões na cidade - chegaria a 56%.
Cobrando um real, os resultados são mais modestos: 6% no centro expandido e 12% se usado em toda a cidade.
A cobrança monetária foi a única solução tida como eficaz pelos pesquisadores Rodrigo Moita e Carlos Eduardo Lopes no estudo “A Infraestrutura Urbana e a Demanda por Meios de Transporte na Região Metropolitana de São Paulo”.
Eles simularam as variações nos usos dos principais meios de transporte da cidade – metrô, ônibus ou carro – a partir de duas situações: diante de construções de mais estações de metrô e corredores de ônibus ou pela aplicação do pedágio urbano.
A conclusão é que a argumentação de motoristas que dizem que largarão o próprio carro quando tiverem um transporte público decente não é verdadeira. Não ocorre, por exemplo, quando uma nova estação de metrô é construída.
“Faixas exclusivas de ônibus não adicionam pessoas ao ônibus. O que fazem é melhorar a vida de quem pega o ônibus . E novas estações de metrô apenas causam a substituição por quem pega o ônibus, não o carro. Melhorias em infraestrutura não fazem as pessoas deixarem o automóvel”, afirma o economista Rodrigo Moita.
No cenário da cobrança de cinco reais, a questão é se o transporte público da cidade, saturado em horários de pico, daria conta dos novos usuários: a estimativa é que o uso do metrô suba 57%; dos ônibus, 59%.
Na simulação efetuada pelo Insper, um novo corredor de ônibus causa um aumento marginal de somente 0,2% em seu uso. O estudo reconhece, no entanto, que não consegue prever a migração de motoristas para o ônibus no caso em que isso ocorre pelo fato do corredor roubar espaço dos carros e piorar o trânsito na região.
Vai mudar mesmo?
Em parte, o engenheiro civil e ex-secretário estadual dos Transportes de SP, José Luiz Portella, concorda com os resultados.
“Existe essa desculpa esfarrapada de 'mudo do carro quando tiver transporte decente'. É falso. Em vários lugares que implantamos o metrô, como Vila Prudente, isso não aconteceu. Carro tem status, conforto e liberdade”, afirma o ex-secretário, que acredita que a pesquisa pode ter deixado passar alguns detalhes na hora de estudar a mudança de demanda.
Os pesquisadores do Insper usaram os microdados da Pesquisa Origem e Destino do Metrô, de 2007, a última disponível.
Outra atratividade do automóvel, segundo a pesquisa, é que seu custo é o mais barato entre todos os meios a partir do momento que já se tem um em casa, ou seja, desconsiderando tudo que já foi pago até colocá-lo na garagem. Neste caso, pesa-se apenas o preço da gasolina.
O valor de estacionamento na rua, que muitas vezes é usado no dia a dia, não foi considerado pela pesquisa.
São Paulo – Não adianta construir estações de metrô nem corredores de ônibus para convencer os moradores de São Paulo a deixar o carro em casa. É preciso fazer doer no bolso. A conclusão é de um estudo do Insper - que promete enfurecer motoristas - obtido por EXAME.com e em fase de finalização. De acordo com a pesquisa , uma cobrança de cinco reais de quem circula pelo centro expandido da capital paulista acarretaria na diminuição imediata de 28% no uso de carros.
Se o valor fosse aplicado em toda a cidade, a queda na presença dos automóveis de uso pessoal - que somam mais de 7 milhões na cidade - chegaria a 56%.
Cobrando um real, os resultados são mais modestos: 6% no centro expandido e 12% se usado em toda a cidade.
A cobrança monetária foi a única solução tida como eficaz pelos pesquisadores Rodrigo Moita e Carlos Eduardo Lopes no estudo “A Infraestrutura Urbana e a Demanda por Meios de Transporte na Região Metropolitana de São Paulo”.
Eles simularam as variações nos usos dos principais meios de transporte da cidade – metrô, ônibus ou carro – a partir de duas situações: diante de construções de mais estações de metrô e corredores de ônibus ou pela aplicação do pedágio urbano.
A conclusão é que a argumentação de motoristas que dizem que largarão o próprio carro quando tiverem um transporte público decente não é verdadeira. Não ocorre, por exemplo, quando uma nova estação de metrô é construída.
“Faixas exclusivas de ônibus não adicionam pessoas ao ônibus. O que fazem é melhorar a vida de quem pega o ônibus . E novas estações de metrô apenas causam a substituição por quem pega o ônibus, não o carro. Melhorias em infraestrutura não fazem as pessoas deixarem o automóvel”, afirma o economista Rodrigo Moita.
No cenário da cobrança de cinco reais, a questão é se o transporte público da cidade, saturado em horários de pico, daria conta dos novos usuários: a estimativa é que o uso do metrô suba 57%; dos ônibus, 59%.
Na simulação efetuada pelo Insper, um novo corredor de ônibus causa um aumento marginal de somente 0,2% em seu uso. O estudo reconhece, no entanto, que não consegue prever a migração de motoristas para o ônibus no caso em que isso ocorre pelo fato do corredor roubar espaço dos carros e piorar o trânsito na região.
Vai mudar mesmo?
Em parte, o engenheiro civil e ex-secretário estadual dos Transportes de SP, José Luiz Portella, concorda com os resultados.
“Existe essa desculpa esfarrapada de 'mudo do carro quando tiver transporte decente'. É falso. Em vários lugares que implantamos o metrô, como Vila Prudente, isso não aconteceu. Carro tem status, conforto e liberdade”, afirma o ex-secretário, que acredita que a pesquisa pode ter deixado passar alguns detalhes na hora de estudar a mudança de demanda.
Os pesquisadores do Insper usaram os microdados da Pesquisa Origem e Destino do Metrô, de 2007, a última disponível.
Outra atratividade do automóvel, segundo a pesquisa, é que seu custo é o mais barato entre todos os meios a partir do momento que já se tem um em casa, ou seja, desconsiderando tudo que já foi pago até colocá-lo na garagem. Neste caso, pesa-se apenas o preço da gasolina.
O valor de estacionamento na rua, que muitas vezes é usado no dia a dia, não foi considerado pela pesquisa.