Com saída de Sergio Moro, PF prevê demissões em cascata
Mudanças na diretoria de vários departamentos são esperadas nos próximos dias
Ligia Tuon
Publicado em 24 de abril de 2020 às 11h43.
Última atualização em 24 de abril de 2020 às 16h00.
Segundo fontes próximas à cúpula da Polícia Federal, é aguardada uma saída em massa de diretores do órgão que eram considerados os principais auxiliares de Mauricio Valeixo, por sua vez um dos principais homem de confiança de Sergio Moro . A expectativa é que a troca de diretores, inclusive de departamentos essenciais, como o de combate ao crime organizado, seja decidida nos próximos dias.
Com a saída de Sérgio Moro, a previsão é que as demissões aconteçam em cascata. Para interlocutores próximos ao ministro, a continuidade de Moro no cargo ficou insustentável com a indicação de um nome ligado a Jair Bolsonaro para o posto de diretor-geral da Polícia Federal. A indicação, segundo essas fontes, teria de partir do ministro da Justiça, que comanda a pasta, e não do presidente.
Para piorar, os principais nomes aventados até o momento têm ligação com Bolsonaro, o que poderia configurar um conflito de interesses. Além disso, Moro correria o risco de se tornar mero “cone” no Ministério da Justiça, com o diretor-geral da PF se reportando diretamente ao Palácio do Planalto.
Comenta-se nos bastidores que Anderson Gustavo Torres, atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, até o momento o preferido de Bolsonaro para ser o novo diretor-geral da PF, é amigo do deputado Eduardo Bolsonaro (DEM-SP) e conta com a boa vontade do próprio presidente. Na PF, Torres é visto como um delegado de perfil político, e não técnico. Alexandre Ramagen, diretor-geral da Agência Nacional de Inteligência (Abin), também não conta com a aprovação geral da PF.
O único nome a contar com um pouco mais de aprovação dos integrantes do Ministério da Justiça é Fabio Bordignon, diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Agora a sorte está lançada.