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Cemig deve fazer compra no segmento de transmissão

A companhia mineira já afirmou que a Transmissora Aliança será um vetor de crescimento, assim como a Light

Sergio Barroso disse que uma aquisição pela estatal mineira seria feita em breve e teria "vulto razoável" (foto/Divulgação)

Sergio Barroso disse que uma aquisição pela estatal mineira seria feita em breve e teria "vulto razoável" (foto/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 15h57.

São Paulo - A aquisição que a estatal mineira Cemig prometeu anunciar em breve deve ser de um ativo de transmissão e irá, no curto prazo, desanimar investidores, possivelmente levando a uma queda no preço das ações, segundo analistas ouvidos pela Reuters.

Ativos de distribuição não são descartados, embora cinco analistas consultados destaquem as dificuldades caso as especulações envolvendo a Elektro se concretizem.

Em 19 de novembro, o presidente do Conselho de Administração da Cemig, Sergio Barroso, disse que uma aquisição pela estatal mineira seria feita em breve e teria "vulto razoável". "A Cemig está no mercado e é compradora... Toda boa empresa de energia interessa à Cemig", disse ele na ocasião, acrescentando que o anúncio ocorreria no início de 2011.

O analista Filipe Acioli, que acompanha o setor de energia elétrica na Ágora Corretora, afirmou que "a aquisição será em transmissão e via Taesa", referindo-se à Transmissora Aliança, antiga Terna, adquirida pela Cemig em 2009.

A companhia mineira já afirmou que a Transmissora Aliança será um vetor de crescimento, assim como a Light, da qual é acionista relevante. "Uma compra via Taesa não deixa a aquisição amarrada a uma empresa estatal", observou.

Segundo o analista da Ágora, companhias estrangeiras --principalmente as europeias-- poderiam se desfazer de ativos de transmissão no Brasil pelo interesse em fazer caixa.

Para a analista Rosângela Ribeiro, da SLW Corretora, mesmo que "não seja surpresa uma aquisição em qualquer setor", a Cemig ocupa a terceira posição em transmissão de energia --atrás, respectivamente, de Eletrobras e Cteep-- e pode querer chegar mais perto da segunda colocada, ou até ultrapassá-la.

Um analista do setor que não quis se identificar não acredita que a próxima aquisição da Cemig seja em geração ou distribuição. "É mais provável que seja em transmissão, é o que parece mais próximo."

Recentemente, a Cemig anunciou propostas de compra de participações em três transmissoras com linhas nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul. Mas outras sócias das empresas-alvo exerceram o direito de preferência que tinham sobre o negócio, deixando a Cemig de mãos vazias.

A companhia já declarou também que estava interessada nos ativos da Plena Transmissoras, mas os chineses da State Grid levaram a melhor e compraram as empresas de controle espanhol por cerca de 3,1 bilhões de reais. "A própria Cemig afirmou a analistas que não levou a Plena por cerca de 200 milhões de reais", disse Acioli, da Ágora.

Ações em queda

A aquisição de ativos no segmento de transmissão de energia pela Cemig é provável, mas seja em qual for a compra os analistas têm uma certeza: o mercado, que prevê mais uma oferta agressiva pela Cemig, reagirá mal ao anúncio.

"Existem empresas na prateleira em todos os segmentos, mas isso será ruim para a Cemig com base no histórico de aquisições", disse o analista Ricardo Corrêa, da Ativa Corretora. "A estratégia de crescimento é o maior risco relacionado aos papéis da empresa."


O analista Rafael Andreata, da Planner, lembra que as últimas compras da Cemig tiveram impacto negativo no preço das ações. "O mercado tem um histórico de penalizar o papel. A Cemig costuma pagar caro", afirmou Andreata.

Elektro?

Em agosto, o IFR --um serviço da Thomson Reuters-- noticiou que a Cemig era uma das interessadas em comprar a Elektro, oitava maior distribuidora de energia do Brasil com atuação em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. Para analistas, porém, a chance de isso acontecer é remota.

"A Elektro comprometeria muito a rentabilidade da Cemig, mesmo que ela entrasse em consórcio com outras empresas", disse Rosângela, da SLW. "A Cemig tem uma limitação no estatuto e poderia fazer a compra por um FIP (Fundo de Investimento em Participações), mas é pouco provável", acrescentou.

Acioli, da Ágora, comentou que "a compra da Elektro iria requerer uma engenharia financeira mais complexa".

Para Andreata, da Planner, entretanto, se os ativos da Ashmore, controladora da Elektro, puderem ser vendidos separadamente, a ideia não pode ser inteiramente descartada. "A Cemig sempre teve vontade de entrar em São Paulo", disse.

Procurada, a Cemig informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentaria seus planos de aquisição de ativos.
 

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