Carros representam 72,6% da emissão de gases efeito estufa em SP
Estudo mostra a participação de cada transporte nas emissões de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global, e de poluentes na capital paulista
Vanessa Barbosa
Publicado em 25 de maio de 2017 às 18h24.
São Paulo - Poluição e congestionamento são duas condições que caminham de mãos dadas em São Paulo. E as escolhas de transporte para a cidade fazem toda a diferença aí. Um estudo inédito lançado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) revela que os automóveis são responsáveis por 72,6% das emissões de gases efeito estufa (GEE), vilões do aquecimento global , e respondem por 88% dos quilômetros rodados por veículos motorizados na capital.
Disponível online, o "Inventário de emissões atmosféricas do transporte rodoviário de passageiros no município de São Paulo" mostra a participação de cada modo de transporte — automóveis, motocicletas e ônibus — e os combustíveis utilizados — gasolina, álcool e óleo diesel — nas emissões de poluentes locais e de GEE, ao longo de 24 horas de um dia típico da cidade.
As conclusões do inventário desconstroem a ideia de que a frota de ônibus seja a principal responsável pela poluição na cidade. Foram analisados diferentes tipos de poluentes atmosféricos e, em quase todos eles, fica claro o maior impacto de automóveis e motos – dois transportes individuais – em relação aos ônibus, quando comparados os índices de emissões por passageiro transportado.
Um exemplo é o material particulado (MP), poluente crítico na cidade.Imperceptível a olho nu, o material particulado não encontra barreiras físicas: afeta o pulmão e pode causar asmas, bronquite, alergias e outras graves doenças cardiorrespiratórias.
As emissões de MP geradas pelos ônibus (4,9 mg por passageiro a cada quilômetro) são quase quatro vezes menores que pelos carros (18,5 mg) e quase 3 vezes menores que pelas motocicletas (13,4 mg). Proporcionalmente, os automóveis são responsáveis por 71% das emissões do poluente na cidade, contra 25% dos ônibus e 4% das motocicletas.
De modo geral, o mesmo ocorre para outros tipos de poluentes atmosféricos (como monóxido de carbono e hidrocarbonetos não-metano) e os gases de efeito estufa, com os automóveis como os principais emissores. Proporcionalmente, as emissões só são maiores nos ônibus no caso dos óxidos de nitrogênio, o que é explicado pelo fato de esse poluente ser gerado em níveis mais elevados pelos motores movidos a diesel.
Também foi analisada a quilometragem percorrida pelos diferentes modos de transporte. Constatou-se que os automóveis são responsáveis por 88,1%, as motocicletas por 9,1% e os ônibus por 2,8%. No entanto, quando considerados os quilômetros percorridos por pessoa (e não por veículo), os ônibus são responsáveis por 55%, contra 42% dos automóveis e 3% das motocicletas.
Aproximadamente 30% das pessoas se deslocam de carro e moto, 30% a pé e 40% de transporte público (ônibus, metrô e trem) em São Paulo.