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Carandiru: promotor acusa defesa de legitimar limpeza social

Durante réplica, Márcio Friggi disse que advogado de defesa, Celso Vendramini, usou discurso que legitima limpeza social, de que “bandido bom, é bandido morto”


	Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo: promotor disse que o advogado de defesa usa um discurso a favor da matança, e quer transformar o julgamento num espetáculo
 (Marcelo Camargo/ABr)

Plenário do Fórum da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo: promotor disse que o advogado de defesa usa um discurso a favor da matança, e quer transformar o julgamento num espetáculo (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2014 às 14h27.

São Paulo - A quarta etapa do julgamento do massacre do Carandiru recomeçou hoje (19), no Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista, com a réplica do promotor Márcio Friggi. Estão sendo julgados dez policiais que agiram no quinto pavimento (quarto andar) do Pavilhão 9. Durante a réplica, o promotor disse que o advogado de defesa, Celso Vendramini, usou um discurso que legitima a limpeza social, de que “bandido bom, é bandido morto”.

Após o intervalo de almoço, o julgamento retoma com a tréplica da defesa. A expectativa é que, logo após esta fase, ainda hoje, os sete jurados que formam o Conselho de Sentença se reúnam para decidir se condenam os réus.

Friggi rebateu a principal tese da defesa, de que os dez policiais acusados não teriam agido no quinto pavimento (quarto andar) do Pavilhão 9. O promotor citou o depoimento de um preso que ocupava o quinto pavimento e que reconheceu o capitão Mascarenhas, por meio de uma touca usada exclusivamente pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate). Mascarenhas era responsável pela equipe de policiais do Gate.

O relato do comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), capitão Ronaldo, que atuou no segundo pavimento, também sugere que os dez policiais acusados tenham atuado no quinto pavimento, a mando do Coronel Ubiratan Guimarães.

Friggi citou trechos do livro Rota 66, do jornalista Caco Barcellos, que apontam o capitão Mascarenhas como um dos maiores matadores da Polícia Militar. De acordo com a obra, Mascarenhas é responsável por 34 mortes, inclusive de seis pessoas com doenças mentais na rebelião de um manicômio judiciário. O capitão especializou-se em repressão a rebeliões.

A promotoria também criticou o advogado de defesa por ter abandonado o julgamento, o que lhe rendeu uma multa de R$ 50 mil. “Abandonou o plenário porque não estava contente com o que acontecia. Isso é lamentável, nunca abandonei um plenário em 10 anos”, disse Friggi.

O promotor disse que o advogado de defesa usa um discurso a favor da matança, e quer transformar o julgamento num espetáculo. Friggi trabalhava em um programa popular de televisão. “É inadmissível que [o julgamento] vire um programa de auditório, um circo. Isso não vai acontecer nesse plenário”, disse.

O Massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos durante invasão policial para reprimir uma rebelião no Pavilhão 9 da casa de detenção.

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