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BYD planeja nova megafábrica de ônibus elétricos no Brasil após demanda superar capacidade atual

Projeto prevê elevar a produção anual de cerca de 600 unidades, volume acumulado ao longo da última década, para até 7.000 chassis por ano

Ônibus elétricos: BYD planeja construir uma fábrica definitiva no estado de São Paulo (Germano Lüders/Exame)

Ônibus elétricos: BYD planeja construir uma fábrica definitiva no estado de São Paulo (Germano Lüders/Exame)

China2Brazil
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Agência

Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 15h23.

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A BYD planeja construir, nos próximos três anos, uma nova fábrica de grande porte para a produção de chassis de ônibus elétricos no Brasil. A decisão ocorre após a demanda superar a capacidade produtiva atual da empresa no país. O projeto prevê elevar a produção anual de cerca de 600 unidades, volume acumulado ao longo da última década, para até 7.000 chassis por ano, além de gerar centenas de empregos e atender tanto o mercado interno quanto às exportações para a América do Sul e, no futuro, para a África.

Desde 2015, a BYD monta chassis de ônibus elétricos em Campinas, no interior de São Paulo. Segundo Marcello Schneider, diretor de veículos comerciais da BYD Brasil, a empresa projeta produzir cerca de 1.200 chassis apenas em 2026. Esse volume equivale ao dobro de tudo o que foi fabricado nos primeiros dez anos de operação no país.

Atualmente, a carteira de pedidos está praticamente fechada para todo o próximo ano, sem margem para novos contratos. De acordo com Schneider, a prioridade da empresa é cumprir os pedidos já firmados enquanto amplia a capacidade produtiva de forma gradual.

O aumento da demanda reflete, sobretudo, a renovação de frotas urbanas após a pandemia. Em São Paulo, operadoras substituem ônibus que permaneceram em circulação além do prazo previsto durante o período de restrições sanitárias. Além disso, regulamentações locais e programas de subsídio aceleraram a adoção de ônibus elétricos.

Outras capitais, como Curitiba, Goiânia, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, também iniciaram a introdução desses veículos, ainda em escala menor.

Embora a planta de Campinas tenha capacidade teórica para produzir até 2.000 chassis por ano, a produção efetiva é inferior. Isso ocorre porque a fábrica monta diferentes modelos, como ônibus articulados, que exigem mais tempo e recursos por unidade.

Para evitar atrasos nas entregas, a BYD adotou um plano de expansão em etapas. No curto prazo, a empresa pretende instalar uma unidade temporária nas proximidades de Campinas. A iniciativa deve quase dobrar a capacidade atual em um prazo de quatro a seis meses.

Além disso, a BYD planeja construir uma fábrica definitiva no estado de São Paulo, com início de operação previsto entre dois e três anos. Em plena capacidade, a nova planta poderá produzir entre 6.000 e 7.000 chassis por ano e também abrigar a futura produção de caminhões elétricos, hoje importados.

A nova unidade deverá ocupar cerca de 180 mil metros quadrados, frente aos aproximadamente 7 mil metros quadrados atualmente utilizados em Campinas, onde a produção ocorre em galpões alugados. Quando entrar em operação, a fábrica concentrará todas as atividades hoje dispersas na região. O número de funcionários poderá aumentar dos atuais 80 a 100 para algo entre 700 e 800 trabalhadores.

Além do mercado brasileiro, o projeto tem foco em exportação. Segundo Schneider, a BYD vê o Brasil como um polo estratégico para fornecer ônibus elétricos a países da América do Sul, especialmente no Mercosul. A empresa também considera exportações para a África no longo prazo, após consolidar a produção e a logística regionais.

A expansão da BYD no Brasil segue uma estratégia gradual no setor de novas energias. A atuação em veículos comerciais começou antes da entrada no mercado de automóveis de passeio. Inicialmente, a empresa importava veículos completos, mas passou a montar chassis localmente e a trabalhar com encarroçadoras brasileiras, como Caio Induscar e Marcopolo, para adequar os modelos às condições operacionais do país.

Com o tempo, a BYD ampliou sua presença para caminhões elétricos especializados e soluções em baterias, incluindo painéis solares e sistemas de armazenamento de energia.

Em 2023, a empresa entrou oficialmente no mercado brasileiro de carros de passeio ao assumir a antiga fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia. O projeto representa o maior investimento da BYD no país, com aporte de R$5,5 bilhões, e prevê a geração de até 20 mil empregos. A capacidade inicial é de 150 mil veículos por ano, com previsão de duplicação na segunda fase.

Em outubro, a fábrica de Camaçari iniciou oficialmente suas operações. Um marco simbólico foi a saída do veículo elétrico número 14 milhões produzido pela BYD a partir dessa unidade.

Apesar de o Brasil ainda avançar em ritmo inferior ao de países como Chile e Colômbia na eletrificação automotiva, Schneider avalia que o tamanho do mercado nacional garante potencial de crescimento no longo prazo, à medida que a produção alcance escala.

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