Brasileiros são os mais pessimistas com o futuro do País, diz Ipsos
Novo estudo global do Ipsos mostra brasileiros com pouca confiança em instituições, justiça e governo
Guilherme Dearo
Publicado em 26 de novembro de 2018 às 17h01.
Última atualização em 26 de novembro de 2018 às 17h16.
São Paulo - Um novo estudo da Ipsos, feito em 24 países, revelou que os brasileiros são os mais pessimistas com o futuro do País: eles acreditam que o Brasil será um país "pior no futuro". O estudo está disponível no site da Ipsos e pode ser lida aqui.
O estudo "Beyond Populism? Revisited" descobriu que 67% da população brasileira (ou seja, quase 7 entre 10 brasileiros) está pessimista e acredita que o futuro não reserva dias melhores.
O Ipsos entrevistou mais de 17 mil pessoas com até 64 anos em 24 países em junho e julho de 2018: Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, França, Alemanha, Reino Unido, Hungria, Índia, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Polônia, Rússia, Espanha, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Suécia, Turquia e Estados Unidos.
O pessimismo do brasileiro não pega carona em uma suposta onda mundial de visão amarga do futuro. Pelo contrário, o estudo mostrou que o otimismo vem crescendo. Há dois anos, 15 dos 24 países da pesquisa acreditavam que o futuro seria pior. Dessa vez, foram apenas seis.
Além disso, a média entre as nações de pessoas que acreditavam em um futuro pior era de 57%. Agora, é de 44%. Ou seja, o Brasil permanece como um dos poucos países pessimistas contemplados na pesquisa e com um "índice de pessimismo" bem acima da média.
Mas, mesmo liderando o ranking dos pessimistas, o resultado é abaixo do quadro de 2016, quando 72% dos brasileiros não acreditavam no futuro do País. A diferença é que, naquele ano, o Brasil não era o mais pessimista. Aparecia em quarto, atrás de África do Sul (77%) e Coreia do Sul e Itália (ambas com 73%).
Confira o ranking:
Concordam plenamente ou concordam com a afirmativa "Meu país está em declínio":
País | Porcentagem |
---|---|
Brasil | 67% |
África do Sul | 64% |
Argentina | 58% |
Turquia | 54% |
Estados Unidos | 51% |
Hungria | 51% |
Espanha | 49% |
Reino Unido | 49% |
França | 47% |
Itália | 47% |
México | 46% |
Peru | 46% |
Rússia | 46% |
Polônia | 43% |
Japão | 42% |
Suíça | 42% |
Bélgica | 38% |
Malásia | 37% |
Austrália | 36% |
Coreia do Sul | 31% |
Índia | 31% |
Canadá | 30% |
Alemanha | 25% |
Chile | 24% |
Política brasileira
O estudo também perguntou às pessoas se elas sentiam que o sistema favorecia os ricos e os pobres. O Brasil aparece na terceira posição, com 71% concordando com essa afirmação. Rússia (75%) e Hungria (74%) estão na frente.
Diante da afirmação "os políticos não se importam conosco", o Brasil aparece na sexta posição, com 64% concordando com a frase. México, África do Sul, Rússia, França e Peru dominam o topo da lista.
A pesquisa também mostra que 51% dos brasileiros têm desejo por um líder que "quebre as regras", 54% votariam em um candidato ou partido com ideias radicais de mudança, mesmo que fosse um risco, e 26% disseram que preferem votar em partidos e políticos que já governaram antes por ser mais seguro.
Outras perguntas do Ipsos mostram falta de confiança nas instituições: 51% não confia em órgãos internacionais, 56% não confia nos bancos, 67% não confia na justiça, 51% não confia em grandes companhias, 67% não confia na imprensa e 81% não confia no governo (o Brasil só está atrás da Espanha nesse quesito).
Violência
Seguindo uma tendência dos países da América Latina, o Brasil é quinto onde as pessoas mais consideram que as autoridades não estão lidando com a criminalidade e a violência com força o suficiente. 77% acha que o combate poderia ser mais duro, enquanto apenas 5% considera que não é duro demais.
Peru, México, África do Sul e Chile aparecem no topo da lista nesse quesito.
Ressalva
A pesquisa, feita online, ressalta que, em países onde há penetração de internet e conectividade superior a 60%, os resultados podem ser considerados para representar a opinião da população com um todo. Já em países com menos de 60% de penetração da internet, como é o caso do Brasil, o Ipsos indica que os resultados são mais "tendenciosos", no sentido de refletir mais a opinião de uma parcela da população mais urbana e com mais renda.